CFO da Benfica SAD faz um balanço muito positivo e garante que, quem for eleito em Outubro, terá “tranquilidade para planear o futuro”
Corpo do artigo
“O essencial está feito”, garantiu Nuno Catarino, CFO da Benfica SAD, na análise aos números do fecho das contas da temporada 2024/25. Ao ponto de ser com otimismo que irá entregar a pasta, se Rui Costa não for reeleito, a quem vier a seguir.
SAD aumentou receitas e atenuou os custos, tendo fechado o exercício com “resultados muitos bons”, até acima do inicialmente projetado. “As vendas estão feitas, estamos na Liga dos Campeões e não temos pressão para vender em Janeiro”, assegura o administrador financeiro
Que balanço faz dos resultados apresentados? "Os resultados são muito bons, sobretudo partindo de uma situação do exercício anterior com resultados líquidos francamente negativos, dado não terem sido concluídas vendas nesse momento. O plano este ano era ter resultados positivos e tínhamos como segundo objetivo ter a capacidade nos exercícios seguintes de conseguir realizar à cabeça o que nos permitisse ter estabilidade ao longo do ano. Fizemos o mercado que estava planeado inicialmente e que é suficiente para a solidez financeira do Benfica e partimos bastante confortáveis para o próximo exercício. Inclui alguns efeitos extraordinários, como reconhecemos, mas é claramente um exercício muito positivo, até mais do que foi projetado inicialmente e até com ou sem Mundial de Clubes, que é o evento mais extraordinário que está incluído."
A próxima administração tem a época garantida até final? "Terá alguma tranquilidade para planear o futuro. As vendas estão feitas, estamos na Liga dos Campeões. O essencial para o exercício está feito."
O que mais em concreto superou as expectativas? "Tínhamos alguns critérios de prudência com base no histórico a nível do crescimento da receita corrente e foi aqui que superou. Quando expurgamos todos os efeitos extraordinários, conseguimos um controlo de custos que é bastante assinalável, pois aumentaram apenas 0,9 por cento para um crescimento da receita à volta de 10 por cento. Com isso, conseguimos um resultado operacional positivo, um marco muito importante que não sei se conseguiremos sempre, com um equilíbrio entre custos e receitas mesmo sem incluir jogadores."
O Benfica costuma ter dificuldades no controlo dos Fornecimentos de Serviços Externos (FSE). Como se comportou essa rubrica neste exercício? "Subiram no segundo semestre, mas com três efeitos comparando com o ano anterior. Tivemos os custos associados à passagem do futebol feminino para a SAD, o impacto do Mundial de Clubes de 1,7 milhões de euros em FSE e tivemos muito mais jogos na segunda metade da época, havendo uma correlação entre o número de jogos da Liga dos Campeões que são caros tanto fora como em casa. O Benfica, em dia de jogo, tem duas mil pessoas de fora do clube a trabalhar, numa operação que tem custos. Temos uma trajetória controlada a nível dos FSE e não nos podemos esquecer que metade dos FSE do Benfica são internos, são pagamentos sobretudo à Benfica Estádio, como é o caso do pagamento da renda de utilização do estádio."
É descabida a ideia de haver um exagero nos FSE do Benfica? "O número é maior porque o clube é maior que os outros. Tem um crescimento muito inferior ao valor do rendimento operacional e sem efeitos extraordinários cresceriam ainda menos."
Tendo em conta o que o Benfica investiu no mercado, têm surgido opiniões sobre um “all in” em contratações. Como comenta? "Quando partimos para um exercício temos um plano e um orçamento e o objetivo que tínhamos era o que realizássemos em vendas teria de compensar o que faríamos em compras. Foi o que conseguimos fazer. A capacidade financeira existe e fomos casando as operações para tudo fazer sentido no final."
O plano passava então por ter valores semelhantes entre alienações e aquisições? "Exato. Foi assim que foi construído o exercício e é isso que o Benfica precisa para o futuro. Este ano não haverá Mundial de Clubes, como perspetivamos um exercício positivo isso requer este equilíbrio. Quando chegarmos perto dos 500 milhões de receita, podemos equilibrar de outra forma, podendo fazer mais compras do que vendas e manter a operação estabilizada. Vem sempre das necessidades do plantel, mas também muito do mercado e este foi muito diferente de outros. Parecia que cada jogador custava 20 milhões à cabeça e nem todos o custaram. Foi um mercado um pouco aquecido. De qualquer forma, não temos que vender jogadores por necessidade até ao verão, reservando sempre a capacidade, se necessitarmos, de atuar no mercado."
Se falhar o apuramento para os “oitavos” da Liga dos Campeões esse cenário mantém-se? "Isso corta 12 milhões de euros, mas vamos continuar a ter crescimento da receita e contenção de custos, tendo uma melhoria operacional. Orçamentado está a chegada aos play-off e não ter pressão para vender em janeiro."
Apresenta resultados muito positivos depois do candidato Luís Filipe Vieira ter manifestado grande preocupação com as contas. Estes números funcionam como uma resposta? "Os resultados são resultados e não são resposta a nada. A administração da SAD é imune e tem de o ser a questões que têm que ver com a eleição da Direção do principal acionista (o clube) e vamos ser administradores da SAD, no pleno cumprimento dos nossos deveres, obrigações e responsabilidades fiduciárias até ao último dia do mandato. É assim que vou trabalhar e, por isso, nunca faríamos nada para responder a quem quer que fosse, nem a essa em particular. Além disso, são resultados. É como na arqueologia, aconteceu, posso lá ir ver. Os auditores confirmaram os resultados e estes são sólidos. Quanto a preocupações, cada pessoa tem as suas."
O mesmo candidato manifestou preocupação com a venda de jogadores para a Turquia. Preocupa-o o não pagamento dos valores em causa? "Respondo de outra maneira. Se nos preocupasse os recebimentos dos valores associados a essas vendas, não as teríamos feito. Nunca tivemos um único problema com o Besiktas, por exemplo, um dos maiores clubes da Turquia e os clubes têm de cumprir com os critérios financeiros do seu país e da UEFA."
Pode dar a garantia que o Benfica não corre o risco de ser sancionado pela UEFA por causa do fair-play financeiro? "Acabámos de ser licenciados agora, cumprimos os quatro critérios principais. No caso, os capitais próprios positivos, não ter dívidas a outros clubes, a sustentabilidade do negócio está garantida na média de resultados positivos e o rácio positivo entre as receitas e o custo do plantel que até cumprimos de forma muito razoável. Cumprimos, sempre cumprimos. Não antevejo motivos de preocupação, monitorizamos a dois anos, sabemos o que é preciso fazer. Temos muito conforto."