Nuno Catarino, a nega do Benfica à Seleção e o mercado: "Não há pressão para vender"
O administrador financeiro das águias falou na 3.ª conferência Bola Branca, promovida pela Rádio Renascença
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Fechar as portas à Seleção Nacional é intenção expressa neste comunicado. Porquê? "Não fechamos as portas à Seleção Nacional, os nossos jogadores continuam a ir à Seleção. Entendemos que merecemos mais respeito das instituições que tutelam o futebol nacional, é com essas instituições que temos de interagir. E fomos bastante precisos na linguagem, e é por isso que as coisas às vezes levam tempo a sair, é preciso ser bastante precisos. Neste momento mostrámos indisponibilidade para receber…"
Vai esperar até quando? "Vamos esperar até que haja algumas mudanças."
É preciso coragem de algum dos lados? "Se é preciso coragem, nós temos coragem no Benfica, não sei se há de outros lados."
Falou recentemente em atingir a receita em 500 milhões de euros… "Para o projeto do Benfica, e para o desporto nacional, tem de passar por um projeto de crescimento. Temos desafios de receita claros face à dimensão do mercado português, mas acreditamos que temos um bom produto, temos um estádio grande, muita procura pelo nosso produto. Estamos a fazer a expansão do estádio em mais 5 mil lugares, temos outras novidades que vão ser implementadas nos próximos anos. Chegar aos 500 milhões tem várias lógicas e a substância por trás. Primeiro, é hoje basicamente o número que acreditamos que vão ter os clubes entre o décimo e o 20.º lugar na Europa, e para sermos competitivos e conseguirmos resultados ainda melhores temos de ter base substantiva nessa dimensão. Temos um plano para crescer substancialmente as receitas correntes e de operação, para reduzir a dependência estrutural do futebol português da venda de jogadores, e é igual para todos os clubes. Temos de ganhar capacidade para reter mais tempo os nossos jogadores."
Vão vender quantos jogadores no final desta temporada? "O Benfica não está vendedor nesta altura, não está pressionado para vender."
E comprador? "Temos de fazer sempre alguns ajustes de plantel, mas são os pequenos ajustes que terão de fazer-se."
Preparado para recuperar Nélson Semedo, Lindelof, Bernardo Silva, João Félix… Tem verba para eles? "Não fomos nós que falámos, certamente. Passamos mais tempo a discutir o que está fora do relvado do que aquilo que está dentro. Não é o meu pelouro…"
E a continuidade do treinador, também não é o seu pelouro…? "Também não é o meu pelouro, mas fomos bastante claros recentemente sobre isso."
Eleições em outubro, fica comprometido o seu plano dos 500 milhões em cinco anos? "Temos o Mundial de Clubes que começa daqui a duas semanas. O foco tem de estar essencialmente na preparação da época. Vai ser uma época bastante atípica também por isso em particular para os clubes que vão estar no Mundial de Clubes. Os jogadores vão para as seleções, voltam e vão para Miami. Temos uma competição importantíssima para o futebol português. Temos de ter a noção que na Europa o máximo de clubes que havia por país eram dois. Temos de saber valorizar isso, é uma competição que vai projetar o futebol português e particularmente o Benfica num mercado importantíssimo como o mercado dos Estados Unidos. É de certeza o mercado que pode ter mais crescimento e onde o Benfica já tem parcerias para ajudar-nos a chegar ao plano dos 500 milhões. Temos uma época para terminar, haverá eleições no Benfica, e os estatutos definem quando é que devem acontecer e quando deve haver campanha. Decorrerá tudo com a normalidade devida. Agora o foco é a preparação e o plano dos 500 milhões. Não sei o que os benfiquistas pensam, mas este tem de ser o caminho do Benfica, um Benfica europeu e nunca mais pequeno."
Mundial de Clubes poderá compensar eventual falhanço na entrada na Champions? "Nós não projetamos falhanços na entrada na Liga dos Campeões. É um surplus nesta fase porque é um evento que acontece a cada quatro anos. No plano dos 500 milhões não estamos a contar com isso. Tem consequências de stress, tem receita e tem custos. Temos de ter plantel mais alargado porque temos mais contingências. Não vai haver férias, estamos a fazer uma experiência nova. Se é verdade que há Mundiais e Europeus de seleções, isso afeta os clubes de forma homogénea. Aqui vai uma equipa quase inteira para os Estados Unidos, volta quase sem férias, passado umas semanas está a jogar a Supertaça, a eliminatória da Liga dos Campeões, o princípio do campeonato. Estamos em contínuo. É uma época muito atípica e vai afetar bastante o mercado de forma global. O do Benfica não em particular, mas de forma gobal."
Vai anunciar o naming do Estádio da Luz? "Não, não. Não quero anunciar."
Já há parceiro? Quando vai ser conhecido? "Definimos sempre primeiro qual o perfil do parceiro que queremos."
Não sabem o que querem? "Sabemos. Queremos grandes marcas. Estamos disponíveis para ceder o naming do estádio nas condições económicas boas para o Benfica a marcas que tenham projecção internacional, ligadas ao desporto e a grandes marcas internacionais."
Antes de outubro não? "As propostas chegam quando chegarem, na altura a decisão será tomada. Vai depender se chegarem até outubro. Já tivemos várias, o que é certo é que neste critério de valorização do produto, a qualidade do patrocinador… as coisas levam mais tempo. Também temos de puxar pelo valor do produto, já podíamos ter fechado por valores razoáveis, mas estamos a negociar."