Iraniano não marca há dez jogos, mas nenhum outro avançado da Liga Bwin intervém tanto como ele no processo de construção.
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Em Vizela, Taremi somou o 10.º jogo consecutivo sem marcar e confirmou que não atravessa um momento feliz na finalização.
O dianteiro está mesmo no maior jejum de golos desde que chegou a Portugal, em 2019, mas esta "seca" é contrabalançada por uma influência cada vez maior na manobra criativa do FC Porto. Através do portal "Wyscout", O JOGO recolheu os dados dos avançados-centro que atuaram em pelo menos metade dos minutos disputados na presente edição do campeonato e concluiu que o iraniano é o que mais trabalha no processo de construção.
A começar pelas cinco assistências que já contabilizou na competição, mais do que qualquer outro avançado que atue em zona central. Além das ofertas, o camisola 9 dos dragões lidera, ainda, diversos itens referentes ao momento de ataque [ver infografia]: detém as melhores médias nos passes progressivos, passes em profundidade e passes para a grande área, assim como nos passes inteligentes, que visam desequilibrar a linha defensiva do adversário, e nos passes-chave, que deixam os companheiros de equipa em posição de alvejar a baliza.
Os números não deixam margem para dúvidas que a importância de Taremi vai para além dos golos e vêm dar força às declarações de Vítor Bruno após a goleada aplicada aos minhotos (0-4). "O Mehdi percorre muitos espaços no campo, cria espaços para os colegas, ataca o espaço, joga dentro do bloco adversário, joga por fora e dá uma riqueza brutal ao nosso jogo. Tem um radar na cabeça do qual raramente se desconecta. É importante que olhem para ele não só pelos números [de golos], mas pela influência que tem no nosso modelo", frisou o adjunto de Sérgio Conceição.
Os outros jogadores do plantel portista também reconhecem o peso de Taremi. A média de 16,5 passes recebidos por jogo faz dele o avançado mais "procurado" da Liga. Em termos defensivos - ações defensivas, cortes e interceções -, a preponderância em relação a outros atacantes diminui, mas essa não é, de resto, a missão prioritária do internacional pelo Irão, até porque o FC Porto é uma das equipas que mais tempo passa no meio-campo adversário.
A contribuir para os índices ofensivos escrutinados surge a metamorfose posicional a que Taremi foi sujeito esta época e que é ilustrada pelos mapas de calor exibidos nesta página. Na época transata, o iraniano aparecia mais na grande área; agora, tem um raio de ação mais amplo, que o coloca nas costas do ponta de lança na maioria do tempo. O jogador passou a funcionar como uma espécie de "10", o que, se por um lado o afasta da zona de finalização - é apenas quarto entre os avançados nos remates efetuados -, por outro, também o coloca em área de criação, abrindo a porta a uma influência cada vez mais notória. As provas do trabalho de Taremi estão à vista.