UEFA revela que 50% das lesões no futebol podem ser evitadas, disse Evert Verhagen, que apresentou um estudo no Portugal Football Summit e explicou como a ciência pode transformar a prevenção de lesões em prática no futebol profissional.
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Evert Verhagen, especialista em Medicina e Investigação Anti-Doping da UEFA, detalhou um trabalho que reúne dados de mais de 26 mil lesões ao longo de 25 anos, incluindo informações sobre equipas femininas nos últimos sete anos. "Numa base de dados temos informação de mais de 26 mil lesões. Há 7 anos incluímos também as equipas femininas e fazemos rondas de recolha de dados", explicou Verhagen.
O estudo permitiu identificar os principais fatores de risco e determinar que metade das lesões pode ser evitada com a combinação correta de medidas de prevenção. "Com base no estudo de monitorização, os principais fatores de risco foram identificados e concluiu-se que 50% de todas as lesões são evitáveis, sabendo a combinação exata de fatores."
Prevenção depende da comunicação e liderança
Verhagen frisou que não basta aplicar exercícios: a prevenção depende também da coordenação entre equipa médica, treinadores e outros departamentos do clube. "Foram feitos, inclusive, estudos locais, em clubes, com o pessoal médico e equipa técnica, para avaliar o estado geral, e foi concluído que depende também do tipo de liderança do treinador e que é muito importante a comunicação da equipa médica com os outros departamentos do clube."
O desafio da implementação
Apesar de existirem programas eficazes, o especialista sublinha que a mudança de comportamento dos jogadores é fundamental para que a prevenção funcione. "Muitos estudos mostraram o efeito de determinados exercícios para a prevenção de lesões, mas às vezes os jogadores não gostam. É preciso mudar o comportamento dos jogadores para implementar o programa, só 25% dos jogadores fazem o suficiente para prevenir determinadas lesões. Temos de aumentar o nosso alcance."
Transformar evidência científica em prática
A UEFA continua a trabalhar com universidades e organizações desportivas para criar diretrizes rigorosas, aplicáveis na prática, que protejam os jogadores e aumentem o rendimento das equipas. "Mas com estas ferramentas de monitorização e as colaborações com organizações desportivas e universidades, a UEFA espera conseguir perceber os problemas, ver as tendências e publicar cada vez mais diretrizes com rigor científico."