Miguel Alves, que testemunhou esta segunda-feira no âmbito da Operação Pretoriano, revelou ter um vídeo que mostra os desacatos na AG de novembro de 2023. O FC Porto requereu que fosse utilizado como prova, o coletivo de juízes aceitou e concedeu três dias às defesas dos arguidos para que o possam analisar
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No Tribunal de São João Novo, no Porto, o julgamento da Operação Pretoriano foi esta segunda-feira retomado para a sua 10.ª sessão, após três semanas de interregno, e Miguel Alves, sócio do FC Porto, foi uma das testemunhas a ser ouvida. Afirmou ter sido intimidado no interior do pavilhão, quando filmava com o telemóvel os desacatos da AG, por um grupo de "seis ou sete pessoas" que terá obrigado a testemunha a apagar o registo.
"Bem organizado não estava, porque se estivesse não estaríamos três horas à espera para entrar. Vi seguranças a dar pulseiras à entrada do Dragão Arena e a permitir entrada de pessoas. Fui à polícia contar isso e disseram-me que estava tudo captado pelas câmaras, que isso não era novidade nenhuma", referiu sobre a organização da AG, prosseguindo: "Vi confusão, gente a correr para a bancada norte. Não vi o início da confusão, isso foi instantes antes de entrar. Comecei a filmar com o telemóvel e duas raparigas vieram ter comigo com exigências. A seguir, uns conhecidos delas tiraram-me o telefone e obrigaram-me a apagar os vídeos. Apaguei os vídeos à frente deles."
"Quando me obrigaram a apagar o vídeo disseram-me: 'quando tens problemas em casa também gravas?'", contou ainda.
Tendo cumprido a ordem de eliminação, por medo de "represálias", a filmagem acabou por permanecer na reserva do dispositivo, revelação que levou o FC Porto, assistente no processo, a requerer a sua junção.
A presidente do coletivo de juízes, Ana Dias Costa, acedeu ao pedido e concedeu três dias para que as defesas dos arguidos possam analisar o conteúdo do vídeo em questão e exercer o direito a contraditório. "A filmagem poderá ajudar a esclarecer a descoberta da verdade. Defere-se e concede-se o prazo de três dias para o exercício do contraditório relativamente ao conteúdo da filmagem", disse.