Surpresa contra o Marselha, o novo 4x4x2 passou a ser opção recorrente. Colombiano dá flexibilidade tática, sobe os laterais e a equipa até defende melhor
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A imagem de Luis Díaz colado a Marega (anteontem foi Taremi) no eixo do ataque do FC Porto já virou moda. E veio para ficar, ainda que nem sempre a tempo inteiro, ou apenas em determinadas alturas do jogo.
Números de Díaz no centro estão já ao nível dos pontas de lança
Foi o que sucedeu com o Santa Clara e, antes, noutras ocasiões, com destaque para a Liga dos Campeões e, mais concretamente, nos dois jogos com o Marselha. Foi, aliás, no primeiro deles (no Dragão) que Sérgio Conceição inovou e inaugurou uma nova opção tática que, até à data, tem corrido a preceito.
Desde essa altura, apenas com o Portimonense Luis Díaz jogou sempre colado à esquerda. Nos demais, quatro jogos, quatro vitórias, oito golos marcados e nenhum sofrido. É verdade que contra o Fabril - para a Taça de Portugal - foi apenas meia hora, mas os números também contam. Com Díaz na frente, Conceição ganhou flexibilidade e outras coisas mais. É sobre a mais recente intervenção do treinador que detalhamos aqui.
Luis Díaz tem, nesta fase, sido o jóquer de Sérgio Conceição para baralhar os adversários, que deixaram de saber se a equipa se vai dispor em 4x3x3 ou em 4x4x2, com Otávio descaído para a esquerda e Díaz no lugar de segundo avançado. A ideia nestes momentos é que os laterais possam ganhar profundidade e balanço ofensivo.
Manafá sempre o teve, Zaidu começa a reclamá-lo, até pelos bons desempenhos recentes e maior confiança. Com Díaz encostado à linha é mais difícil que o corredor fique aberto. Sendo Otávio a jogar a partir dali é diferente, porque puxa frequentemente para dentro e abre a linha, da mesma forma que Corona faz à direita, também para proteger o espaço central no momento de defender.
A verdade é que o treinador continua a ver o "cafetero" como extremo e é nessa posição que, preferencialmente, continua a treinar. Mas agora com múltiplas hipóteses, seja desde o apito inicial, seja em situações esporádicas ao longo do desafio.
Com este posicionamento, Conceição surpreendeu André Villas-Boas contra o Marselha na primeira volta da fase de grupos da Liga dos Campeões. E o colombiano até marcou, como fez Marega, o outro avançado da equação... Em França não foi tão surpreendente, mas voltou a resultar. E anteontem, com o Santa Clara, ainda que a espaços, o FC Porto voltou a dispor-se dessa forma. O golaço que valeu o triunfo foi conseguido, precisamente, num desses momentos...
Números certificam aposta e... ganho
A adaptação de Díaz terá muito mais de Olival do que de jogo, mas a prática confirma que os ensaios estão a valer a pena. Os números de Díaz ao centro (isolámos os minutos em que isso sucedeu) são particularmente animadores. Do ponto de vista defensivo, então, nem se fala. O colombiano é, entre os avançados que mais jogam (Toni Martínez e Evanilson não têm amostras relevantes) o que tem mais ações por jogo, bem como o que as define melhor.
Além disso, sujeita-se a mais duelos defensivos (seis a cada 90 minutos, contra 2,7 de Marega e 3,4 de Taremi), ganha uma maior percentagem deles, recupera mais bolas do que os colega e também as interceta. E isso tem muito que ver com a mobilidade que lhe é característica e com a disponibilidade para defender que aprimorou nos últimos tempos e confere ao FC Porto mais eficácia na pressão.
Do ponto de vista do ataque, ganha em alguns itens, perde noutros. Por exemplo, Marega é muito mais dado aos duelos ofensivos, Taremi bate-se melhor de cabeça e os dois rematam mais do que o colombiano, que é, por exemplo, o que perde menos bolas e o que define melhor em espaços curtos. Nesta adaptação que se desenha, Conceição já sabe que ganha umas coisas e perde outras. Por isso, vai usá-la sempre que entender que o jogo pede Díaz no meio. Com a certeza de que o passado recente já lhe deu razão.
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