
Créditos: Pedro Correia/Global Imagens
Pecados defensivos da equipa custaram a vida na Champions. E já há um dilema para o Benfica: será recuperado o central mais rápido? Encarnados estão no caminho e há um central à espera de reentrar nas contas após imposição de um período sabático.
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O Braga saiu de Nápoles conformado com uma deslocação para a Liga Europa e um pacote de exibições suficientemente encorajadoras para o futuro, mas também sem tempo a perder. A receção ao Benfica apresenta, desde já, um dilema a Artur Jorge, que passa muito por conhecer a forma como olha para Niakaté, abrindo-se a expectativa de voltar ao onze para tentar tapar os buracos defensivos.
O central maliano, a exemplo de outras ocasiões desde que chegou a Braga, descuidou-se gravemente frente ao Union Berlim, sofrendo uma expulsão prematura que podia ter custado o adeus dos minhotos à UEFA. O castigo disciplinar foi cumprido em Itália, embora também o técnico tenha sancionado a instabilidade emocional do jogador, retirando-o das escolhas nos embates com Estoril e Vizela, casando Serdar com Fonte e este último com Paulo Oliveira. Niakaté nem o banco viu, podendo entender-se a opção pelo necessário esfriar da cabeça do atleta, bem como de preparar a equipa para o confronto em Nápoles, consciente de não ter o central mais rápido e mais forte na marcação. Essas são, aliás, as qualidades mais evidentes do africano contratado ao Guingamp, fruto de uma opção de compra que existia após a primeira época na Pedreira.
Niakaté exibiu grande rendimento no ano de estreia em Portugal, manchando só a sua reputação na ficha disciplinar com três expulsões. Juntou mais duas em 2023/24, vivendo, nesta altura, o período de maior questionamento. Sendo, porém, um ativo importante do clube, dono de competências que adivinham futuro próspero, estando um jogo fundamental em termos de aspirações para a I Liga à porta, fica por descodificar se Artur Jorge retirará o atleta do período de reflexão a que o submeteu, fazendo-o entrar nos planos para o Benfica, até porque, teoricamente, é o central com mais condições naturais de responder ao balanceamento ofensivo do meio-campo e há muita exposição e descompensação de que a defesa arsenalista padece, custando diversos golos sofridos, 20 na I Liga em 13 jornadas, e alguns dissabores.
O técnico dos guerreiros, recordando até um histórico desfavorável sempre que o maliano é expulso, não escondeu o incómodo com o deslize frente ao Union Berlim, alertando para o trabalho suplementar que exige aos colegas com uma agressividade desmedida e consequentes expulsões.
O Braga pagou na Champions a fatura de erros defensivos ao longo da competição ou de um perfil mais ofensivo que nem sempre escuda bem a linha mais recuada. Uma média de dois golos sofridos por jogo na prova ilustra o pecado capital desta participação, apesar de laivos de grandeza impactante, como ocorreram na sensacional tomada de Berlim, por reviravolta. Vitória que foi suficiente para empurrar a equipa para uma prova onde já foi finalista e para a qual pode alimentar expectativas mais amplas de longevidade na Europa.
