Derlei: "Não queria sair do FC Porto. Quem me fechou as portas foi Víctor Fernández"
Derlei em entrevista ao programa "Hora dos Craques", de Maniche e Miguel Marques Monteiro, no Porto Canal.
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Não queria ter saído do FC Porto: "Não queria sair do FC Porto. Quem me fechou as portas no FC Porto foi o treinador Víctor Fernández. Por uma situação banal e extra-campo. Ia ter férias de Natal, uns dias. Tinha um filho que ia fazer um ano a 1 de janeiro. Quando ele nasceu, eu tinha feito a operação a 29 de dezembro e ele ficou internado 17 dias. Fui de muletas para o hospital. Houve dias em que os médicos diziam que ele tinha passado a noite mais para lá do que para cá. Conseguiu sobreviver e íamos comemorar um ano de vida dele. Falei com o Fernández, disse que a família estava toda lá [no Brasil]. O FC Porto jogava no dia 8 e era para regressar no dia 31. Precisava que me desse o dia 31, que era um treino de recuperação e apenas o dia 1, no dia 2 já ia estar a trabalhar normalmente."
Choque com Fernández: "Fernández disse-me que não. Expliquei-lhe a situação, não era por ser altura de festas. 'Não posso fazer isso, caso contrário os outros vão querer também'. Disse-lhe: 'Mas os outros não precisam de saber sequer ou então até eu posso explicar para todos'. Cheguei até a falar com o presidente, que disse que por ele não havia problema nenhum, mas que quem mandava era o treinador e ele não podia interferir. Na altura das férias, falei com ele novamente e ele voltou a não autorizar. Disse-lhe: 'Então saiba que não estarei aqui no dia 1 de janeiro' e fui para lá. Nem passei o dia todo, saí de casa às 15h00 e às 06h00 da manhã já estava no Porto. Por acaso também estavam a chegar o Diego e o Pepe. O Pepe perdeu o voo, mas o Diego não, foi porque quis. Fernández perguntou-me porque é que tinha feito aquilo e disse-me: 'Ainda por cima disseste ao Pepe e ao Diego para não virem e tu não ficares sozinho lá'. 'Espere lá, está a confundir as coisas. Eu nem vi o Diego nas férias, estive com o Carlos Alberto e com o Luís Fabiano num jogo de caráter solidário'. O Carlos Alberto já não voltou porque tinha tudo acordado com o Corinthians, mas o Luís voltou normalmente. Jamais ia fazer uma coisa dessas a um colega."
Da punição à saída: "Disse-me que eu não ia treinar com a equipa nesse dia e que se quisesse ir embora podia ir e depois falávamos. Falei com o presidente e o senhor Reinaldo. O treinador disse que o Pepe e o Diego iam treinar na equipa B e que eu ia com eles. 'Quinta-feira voltas a treinar connosco'. Tínhamos jogo no domingo. Não aceitei. Disse ao presidente que se tivesse de ficar na equipa B não valia a pena ficar no FC Porto."
Difícil época de ressaca europeia: "O FC Porto nunca tinha trocado tantos jogadores de uma vez. Em casa, não conseguíamos jogar muito bem, foi o ano em que perdemos mais pontos em casa. Saí em janeiro, estávamos em primeiro e nos oitavos de final da Champions. Depois do Mourinho, nenhum dos treinadores que passaram conseguiam controlar o grupo.
O Carlos Alberto e o Diego às vezes nem se falavam, porque ou jogava um ou jogava o outro. O treinador não tinha muita coerência."
Esforço na final da Intercontinental: "Nem era suposto eu ter jogado a final da Intercontinental. Tinha levado uma pancada do Gallas na anca, no jogo com o Chelsea, só conseguia correr em linha reta, parecia um robô, mas queria jogar uma partida daquela importância."
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