Maga, jogador do Penafiel, não comentou o jogo e só quis deixar mensagem forte a favor da liberdade na comemoração dos 50 anos de Abril
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Sem que a voz lhe doesse, convicto e nada trémulo. Fez das palavras armas. Miguel Maga foi implacável na defesa da liberdade, ao sentenciar “25 de Abril sempre, fascismo nunca mais”, fintando qualquer comentário à vitória do Penafiel em Leiria.
Celebrava-se meia século da revolução dos cravos, quando os penafidelenses venceram no Lis, o lateral nascido em Alpendorada destacou-se e, eleito homem do jogo, foi chamado a tecer declarações. Sem baquear ou se por a jeito de qualquer interrupção, Maga projetou os valores de casa e carregou em nome da liberdade conquistada. Pelo esforço e coragem de outras gerações. “Foi uma intervenção de alguém que é pela liberdade e defende a democracia. Estava em causa um dia marcante para a história de Portugal”, contextualizou em conversa com O JOGO, honrando a data e a memória.
Herói da jornada, juntando palavras, a viva voz, sem ponta de receio, a uma celebração especial de 50 anos transformadores, a partir de um belo 25 de Abril de 1974. “Não foi qualquer arrojo, simplesmente procurei dizer o que penso em nome da liberdade. Transmiti o que defendo”, registou, pouco interessado no burburinho desencadeado, a carga viral de um pensamento pouco frequente de um jogador, que tem, por regra, não se politizar. “A minha agenda é marcada pelo foco no treino, no jogo e na família. Não sou um agitador ou um revolucionário. Sou somente um profissional focado, mas que não fecha os olhos ao que me rodeia”, sublinhou, num manifesto nada titubeante, de quem tem sentimentos à flor da pele. A expressão facial de Maga acompanhou cada palavra na entrevista rápida à Sport TV. “Não era sequer nascido quando se deu o 25 de Abril. Mas, obviamente, que os meus pais relatam-me o que viveram com alegria e emoção. A mesma que transmiti. Sou pela liberdade e pela ordem, princípios básicos de qualquer democracia”, juntou.
Maga, de 25 anos, que passou pela formação do Vitória antes de chegar à II Liga pela porta da Oliveirense, seguindo-se o Penafiel, tem “metas e sonhos alicerçados na formação” que teve e no “percurso” que vem fazendo”. “Sou jovem e ambiciono ajudar o Penafiel, onde já estivera na formação, a alcançar outros objetivos e regressar à I Liga”, expressou o lateral-direito. “Em temos individuais e coletivos penso que podíamos ter ido mais longe, mas esta II Liga é muito competitiva. Há que acreditar que vamos fazer mais e melhor na próxima época”, finalizou Maga, que também jogou como sub-13 no FC Porto, então colega de Diogo Costa, Diogo Leite, Diogo Dalot e João Félix.