Da imagem de "miúdo calado" à de "guardião completo" foi uma questão de poucas épocas. Desempenho na pré-temporada e demora de Marchesín a chegar convenceu Conceição a dar-lhe oportunidade
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Titular frente ao Belenenses, na primeira jornada da Liga Bwin, Diogo Costa entrou da melhor forma em 2021/22. Na sequência de uma pré-época em que foi opção primária para Sérgio Conceição na baliza do FC Porto, fruto da chegada tardia de Marchesín, o internacional jovem português terminou o jogo com folha limpa e a aposta será para manter no domingo, em Famalicão.
O sinal é de confiança reforçada nas qualidades de Diogo, algo que não passava de uma "questão de pouco tempo", diz quem bem o conhece. "Teve muito mérito na excelente pré-temporada que fez. Caso contrário, Sérgio Conceição não teria apostado nele na primeira jornada", defende João Costa, ex-guardião dos dragões, a O JOGO.
Atualmente ao serviço do Granada, o jogador, de 25 anos, partilhou o balneário com Diogo Costa durante várias épocas no FC Porto e entende que "jogar nas taças já era curto para ele". "Entrar como titular na Liga é um bom começo para esta época, prova que o míster confia nele. Não me surpreendeu", acrescentou.
Mas poderá o guarda-redes de 21 anos manter o estatuto a longo prazo com um concorrente da valia de Marchesín à espreita? "É o momento certo para apostar tudo no Diogo. Até pode estar planeado algum tipo de rotatividade entre os dois, mas contar com um jovem com a qualidade que o Diogo tem e não lhe entregar a titularidade é adiar o inevitável", refere João Costa, sem beliscar os "grandes atributos" do argentino, dono da baliza do FC Porto nas duas últimas épocas.
Agora, para Marche, poderá estar reservado o papel de mentor. "Por aquilo que vejo, Marchesín parece ser muito importante para o Diogo. E assim continuará, porque a competição saudável dentro da equipa só pode ser positiva. O FC Porto é um clube privilegiado por ter tanta competência na baliza", afirma.
Uma ideia partilhada por Fabiano Freitas, outro ex-jogador dos azuis e brancos. "Todos querem jogar e ser titulares, mas creio que a relação entre os dois é muito boa", assinala o brasileiro do Omonia (Chipre), em declarações ao nosso jornal.
Do tempo partilhado com Diogo Costa no Dragão, Fabiano recorda um "miúdo muito concentrado" e mais interessado em "ouvir e absorver do que em falar". "Sempre foi muito tranquilo, desde que começou a treinar - e trabalhou connosco ainda muito jovem. Nunca foi de falar muito, sempre concentrado no trabalho. Sempre muito interessado em aprender, em escutar, mas agora fala nos momentos importantes, é claro. Muito observador, tem uma postura muito direta. Parece ser mais velho do que realmente é em termos de maturidade", refere.
Uma virtude que lhe é igualmente reconhecida pelo amigo João Costa. "É muito maduro para a idade que tem e, acima de tudo, demonstra personalidade. Isso é mais importante do que qualquer qualidade técnica que possa ter", explica o guardião do Granada, convicto de que esse departamento está bem municiado. "Agilidade, controlo de profundidade, bom jogo de pés... Claro que há aspetos a melhorar, ainda é muito novo. Mas já é um guarda-redes muito completo dentro do contexto do futebol moderno. Há 20 anos não víamos jogadores assim na nossa posição", remata.
A bola fica do lado de Sérgio Conceição, mas Famalicão trará nova oportunidade para Diogo Costa. O veredicto, de resto, está dado: apesar da tenra idade, o valor é inegável. Por isso, o o momento tem tudo para ser o começo de uma nova era na baliza do dragão.