"Não compreendo estas confusões. I Liga, II Liga, tudo devia ter sido cancelado"
Nuno Naré, coordenador do futebol jovem do Marítimo, defende que o campeonato português não devia recomeçar.
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O coordenador do futebol jovem do Marítimo, Nuno Naré, afirmou que a I Liga devia ter sido cancelada, à imagem das outras competições e escalões, e que a parte económica foi colocada acima da saúde.
"Qualquer decisão é sempre difícil de tomar. Mesmo o Marítimo, que se pode considerar um prejudicado, porque estava a um passo de ir para a I divisão de juniores, compreende e aceita. O que eu não compreendo e aceito são estas confusões agora com as I e II ligas e que não dignificam em nada o futebol. I Liga, II Liga, tudo devia ter sido cancelado", defendeu, no programa "Marítimo na TSF".
A I Liga foi suspensa em 12 de março devido à pandemia de covid-19, mas o Governo permitiu o regresso da prova, além da final da Taça de Portugal, entre FC Porto e Benfica, a partir de 30 e 31 de maio, ao contrário da II Liga, que não recebeu "luz verde".
Nuno Naré considera que as atenções deviam estar voltadas para a saúde e em preparar o futuro de forma segura, mas refere que a prioridade aparenta ser outra.
"Embora não seja a minha área, mas já tenho muitos anos a analisar o futebol. Estamos a remendar uma liga, que, na minha opinião, não tem qualquer tipo de fundamento iniciado. Acho que se está a por valores mais importantes que a saúde por causa da parte económica. Os clubes, a Federação, a Liga e o Governo deviam estar preocupados em preparar a próxima época em segurança, como deve ser", apontou.
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O retorno do campeonato aguarda ainda a aprovação por parte da Direção-Geral da Saúde (DGS), mas o responsável do futebol jovem "verde rubro" alertou para consequências do, ainda existente, coronavírus. "Eu ainda tenho sérias dúvidas de que os jogos vão recomeçar. Imaginemos, e pode vir a acontecer, que um jogador tem um resultado positivo. Os colegas e todas as estruturas têm de estar confinados em isolamento 14 dias, no mínimo, e os adversários que jogaram com ele também", disse, além de lembrar que o futebol é um desporto de contacto ao longo de 90 minutos, por isso, é preciso pensar se "vale a pena o risco".
A possibilidade de realizar as 10 jornadas restantes do campeonato num número limitado de estádios e em concentrar as equipas foi igualmente questionada, tendo em conta a motivação dos atletas em continuarem "fechados", mas sem a família.
Nuno Naré perspetiva a crise económica como sendo a mais grave que se lembra e que vai afetar clubes profissionais e não profissionais, o que levará à possibilidade de o futebol jovem ser melhor aproveitado.