Em entrevista ao "Jornal das Oito", da TVI, Jorge Jesus fez o balanço dos seis meses à frente do Sporting e abordou questões pessoais
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Champions: "Há dez equipas onde um treinador está mais perto de poder conquistar esse seu sonho e o troféu. As equipas mais fortes na Europa são o Barcelona, o Bayern, o Real, o Manchester City e o PSG. Gostava de chegar a essas equipas tal como, antes de chegar ao Benfica e ao Sporting, tinha o sonho de conquistar títulos. Não tive a possibilidade de ir para esses clubes. Quando saí do Benfica tive várias hipóteses para sair de Portugal, mas não eram clubes desse perfil. Não acredito que nenhuma equipa portuguesa vá a uma final da Champions. Há capacidade profissional, mas não há capacidade financeira. Os treinadores portugueses são os melhores do mundo e são os que têm mais conhecimento em todas as áreas. Se tivermos possibilidade de trabalhar numa equipa com grandes condições financeiras é mais fácil"
Salário: "Sabe que eu nunca fui habituado a ter uma grande relação com o dinheiro. Não coloco à frente dos meus objetivos desportivos as questões financeiras. Se assim fosse não tinha vindo para o Sporting. Tive propostas aliciantes da Turquia e não pus à frente o cifrão. Se me perguntar se eu alguma vez pensei que ia ter o salário que tenho hoje, eu diria que não"
Comparação com Mourinho: "Não faço comparações, mas colocando em questão aquilo que sei e aquilo que os outros sabem não tenho dúvidas que sou o melhor. Se só estamos em Portugal não tens a possibilidade e a capacidade de ganhar o que o Zé ganhou lá fora. Aí não me posso colocar ao nível dele. Em questão de treino tenho algumas dúvidas que possam ser melhores. Para seres diferente como treinador tivemos que nascer com talento e com alguma coisa diferente para a forma como abordas o treino. Acho que o treino é como arte, como se o treinador fosse um pintor. Não sei como o Zé trabalha. Eu sei é como eu trabalho. Quem pode falar dessas diferenças são os jogadores. O Mourinho vai continuar a ser um dos melhores e vai para uma boa equipa.
Glória ou poder?: "As duas coisas estão juntas no futebol. Só podes ter poder se conquistares títulos. A minha estrada como treinador é sempre ir à procura dos objetivos que os clubes onde eu trabalho se propõem"
Honrar o contrato: "O treinador nunca sabe onde vai estar. É uma profissão onde tudo muda e tudo se altera. Os anos de contrato não querem dizer nada. O treinador está dependente de resultados.
Debates televisivos: "Não me enquadro muito. Se vejo que há pessoas que sabem o que estão a falar eu vejo. Se existirem painéis onde há interesses de clubes não vejo tanto"
Opiniões sobre a sua pessoa: "Ninguém fica insensível ao que se diz sobre si. Estou habituado e tenho capacidade emocional para aguentar todas essas situações. Quando quero vitaminizar-me fecho-me no meu mundo, para depois entrar no dos outros"