Não aplaudiu Pinto da Costa e foi insultado: "Era Fernando Madureira que instigava"
Sócio do FC Porto ouvido em tribunal em mais uma sessão do julgamento da Operação Pretoriano
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Continuou esta terça-feira o julgamento da Operação Pretoriano no Tribunal de São João Novo, numa nona sessão suspensa da parte da manhã devido a um problema no sistema informático. José Miguel, sócio do FC Porto, foi ouvido como testemunha e afirmou ter sido insultado por Fernando Madureira por não bater palmas a Pinto da Costa.
"Íamo-nos sentar na bancada sul, mas eles vieram embora a dizer que tinham sido insultados e que era melhor ir para bancada norte", referiu, citado pelo Jornal de Notícias, sobre a polémica Assembleia Geral, na qual estava com algumas pessoas apoiantes de André Villas-Boas. "Apercebi-me de Fernando Madureira a mandar calar pessoas, a gesticular. Mandou-me calar a mim", assegurou, referindo que isso aconteceu por não bater palmas após o discurso de Pinto da Costa. "Vocês, amigos de Villas-Boas, são uns filhos da p... e estão a dividir o clube", lembrou.
Seguiu-se "uma pancadaria" na escadaria. "Vi uma confusão, não consigo dizer quem agrediu quem", disse.
José Miguel confirmou que as pessoas que estavam a filmar eram um alvo. "Quando estava a passar na bancada central, numa altura em que ainda não tinha havido grandes problemas, estava uma pessoa com o telemóvel a filmar e ela disse: 'não é permitido filmar, larga já o telemóvel'. A pessoa guardou o telemóvel", acrescentando que se tratava de Sandra Madureira.
“As pessoas não tinham liberdade para dizer o que queriam. Quem estava do lado de Pinto da Costa podia dizer o que quisesse, quem estava do lado de Villas-Boas era logo insultado e mandado calar", indicou, completando que Fernando Madureira andava "de um lado para outro, sempre com os mesmos elementos e eram esses elementos que causavam a desordem, insultavam e intimidavam quem não era Pinto da Costa." "Era o Fernando Madureira que instigava", rematou.
Os 12 arguidos da Operação Pretoriano, entre os quais o antigo líder dos Super Dragões Fernando Madureira, começaram em 17 de março a responder por 31 crimes no Tribunal de São João Novo, no Porto.
Em causa estão 19 crimes de coação e ameaça agravada, sete de ofensa à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo, um de instigação pública a um crime, outro de arremesso de objetos ou produtos líquidos e ainda três de atentado à liberdade de informação, em torno de uma AG do FC Porto, em novembro de 2023.
Entre a dúzia de arguidos, Fernando Madureira é o único em prisão preventiva, a medida de coação mais forte, enquanto os restantes foram sendo libertados em diferentes fases.