Internacional japonês ganhou ritmo nos últimos minutos em Viseu e mostrou estar pronto para o clássico com o Benfica. A sua entrada de início, porém, não é consensual.
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Nakajima foi a jogo nos últimos 25 minutos do encontro com o Académico de Viseu para ganhar ritmo antes do clássico. Deve ou não o japonês ser titular no sábado? As opiniões de dois treinadores e de dois conhecidos adeptos do FC Porto não são consensuais, sobretudo por causa de Corona e da estratégia que Sérgio Conceição vai adotar.
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Só com o mexicano a lateral é que Miguel Guedes apostaria no japonês à frente. Jorge Amaral nem isso, e aponta o ataque que goleou em Setúbal como aquele que deve ir a jogo com os encarnados. Manuel José acredita que "Naka" é desinibido o suficiente para acrescentar talento à equipa portista, enquanto Rui Quinta não conseguiu dizer se sim ou não.
Após quase um mês de paragem, Nakajima entrou bem em Viseu, esteve perto de marcar e a equipa subiu de produção com a sua presença em campo, confirmando que está em condições para lutar por um lugar no onze frente ao Benfica. Antes de se lesionar (hematoma na perna direita sofrido em Moreira de Cónegos), o reforço portista era titular indiscutível, tendo, inclusive, levado Sérgio Conceição a alterar o esquema tático para um 4x2x3x1 que resultou em cinco vitórias consecutivas. Coincidência ou não, durante a paragem de nakajima, o FC porto caiu de produção e sofreu duas derrotas com o Braga.
Nakajima voltou aos relvados em Viseu depois de uma paragem de quase um mês, motivada por um hematoma na perna direita
A questão da titularidade de Nakajima é por isso pertinente, mas, nesta altura, só mesmo Sérgio Conceição saberá responder. "O FC Porto já jogou com e sem Nakajima e na maior parte das vezes teve bons resultados. Ele traz um conjunto de soluções interessantes para colocar o adversário em crise de decisão e acho que isso é muito interessante", apontou Rui Quinta, atual treinador do Lusitânia de Lourosa. Já Manuel José diz que os clássicos são jogos "para jogadores com mentalidade de campeões" e considera que "terá de ser um FC Porto à Sérgio Conceição" se quiser vencer. "Não pode deixar o adversário respirar um segundo, com uma forte reação coletiva à perda de bola, e tem de esperar que o Nakajima, o Corona, o Otávio e o Luis Díaz desequilibrem."
Talento e imaginação garantidos
Apesar das dúvidas quanto à titularidade de Nakajima, todos concordam com aquilo que o japonês oferece à equipa. "Se é para ter bola e criar imprevisibilidade, mexer com a estabilidade, o Nakajima tem essas características. Para um jogo mais pressionante, de maior combate, não encaixará bem", defende Rui Quinta. "Não jogando o Corona à frente, será importante tê-lo ali com o Luis Díaz para dar mais imaginação", atira Miguel Guedes. "Parece-me perfeitamente desinibido, é um jogador que acrescenta talento", sublinha Manuel José.
Prós e contras - as opiniões recolhidas por O JOGO
Manuel José (treinador): "Um palmo de terreno é um latifúndio"
"Vai ser o primeiro grande clássico e não conheço o comportamento dele sob grande pressão. Parece-me perfeitamente desinibido e é um jogador que acrescenta talento. O Nakajima, mais virado para a construção, é talentoso, um daqueles jogadores para quem um palmo de terreno é um latifúndio. Ainda agora, o FC Porto fez uma má primeira parte e melhorou muito após a sua entrada."
Miguel Guedes (músico): "Já tem suficiente compromisso"
"O jogo vai precisar de desequilibradores e dependerá da conjugação do xadrez de Sérgio Conceição. Não jogando o Corona à frente, será importante tê-lo ali com o Luis Díaz para dar mais imaginação, até porque este Nakajima já tem suficiente compromisso defensivo para ser titular. Com o Corona à frente e o Manafá atrás, não, até porque está a regressar de lesão. Sérgio Conceição não pode é ser conservador."
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Rui Quinta (treinador): "Dá qualidade e imprevisibilidade"
"O Nakajima tem qualidades que contrastam com a maioria dos médios que o FC Porto tem - tem imprevisibilidade e transporte de bola, tem qualidade nas decisões. Se quiser usar o jogo de profundidade e de espaço, para eventualmente ganhar segundas bolas, na minha perspetiva a influência do Nakajima dilui-se um pouco, porque o jogo passa-lhe por cima. Se deve ou não jogar, não sei responder."
Jorge Amaral (ex-jogador do FC Porto): "Vai ser o mesmo ataque de Setúbal"
"Face ao facto de estar a regressar de lesão e ao rendimento de outros jogadores, acho que não se justifica a entrada. Seria prematuro. Acho que o Sérgio vai apostar no ataque que jogou em Setúbal. E, já agora, se o Pepe estiver recuperado, o Mbemba à direita. O Marega também não justifica a presença na equipa. Vai ser preciso mais posse e qualidade de circulação. O Nakajima pode ser importante, mas a saltar do banco."