Nakajima recorda a opção que tomou de se recusar a treinar no FC Porto por causa da covid-19. Uma decisão consciente em defesa da família
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Nakajima quebrou um longo silêncio e, numa entrevista concedida em julho, mas que só agora foi publicada, recordou o processo que o levou ao afastamento das opções de Sérgio Conceição. A culpa foi da covid-19 e o jogador não se arrepende da decisão que tomou de se recusar a treinar, em 2020. Dois anos e meio depois, tem contrato com os dragões, mas ainda está à procura de colocação.
"Naquela altura não sabia o que era o coronavírus e não havia cura. A minha esposa tem asma e uma pneumonia era séria ameaça à vida. Algumas pessoas morreram assim e a minha filha ainda era pequena. Para mim, a família é a coisa mais importante, coloco-a acima de tudo", começou por explicar na entrevista à revista "Goethe", do Japão.
"Enquanto outras equipas ainda treinavam com pequenos grupos de jogadores, o FC Porto começou a treinar com toda a equipa"
"Enquanto outras equipas ainda treinavam com pequenos grupos de jogadores, o FC Porto começou a treinar com toda a equipa. Tínhamos duas salas separadas, mas não parecia socialmente distanciado. A minha mulher estava doente na altura se eu fosse infetado com covid-19 colocaria a minha família em risco. Não quero ver minha esposa e filha sofrerem, então tomei a decisão de ficar com elas. Não participei nos treinos, perdi a minha posição na equipa, mas não me arrependo", sublinhou.
Extremo continua sem colocação numa altura em que são poucos os mercados abertos. Presença no Mundial do Catar é desejo que já não lhe tira o sono até porque está sem jogar desde maio.
Desde essa altura, Nakajima não mais vestiu a camisola do FC Porto. Seria cedido ao Al Ain, dos Emirados Árabes Unidos, onde só fez dois jogos porque sofreu uma grave lesão. Foi operado e só voltou aos relvados oito meses depois já ao serviço do Portimonense. O contrato com os dragões é válido até 2024, mas sem lugar no plantel, o japonês tem pouco tempo para arranjar uma solução. Só a Rússia, a Turquia e alguns marcados árabes ainda estão abertos. "A verdade é que a cada ano que passa estou mais velho [tem 28 anos], mas quero manter a cabeça no lugar. Quero dar o meu melhor e crescer dia a dia. Acho que vai ser difícil, mas quero fazê-lo. Quero melhorar ainda mais o meu futebol para poder fazer aquelas jogadas que só eu sei fazer", referiu, admitindo que ir ao Mundial será muito complicado. "Fiquei de fora da seleção do Japão, se precisarem de mim estarei disponível. Como só há uma chamada antes do Mundial, a possibilidade é bem baixa. Costumava pensar que definitivamente seria selecionado, mas agora não me importo se não for", concluiu.
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