Na era de Carvalhal, 15 jovens dos "bês" passaram pela equipa principal do Braga
Goleada ao Arouca e mais três jovens lançados valem mais do que pontos no ego de Carvalhal: todo um projeto saboreia. Uma incomum conjugação de fatores adversos permitiu escancarar o sucesso da aposta assumida pela SAD com a criação da academia... e no bracarense certo para dar um toque especial ao momento
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Talvez sejam as raízes bracarenses - tão importantes num clube que teve na conquista de massa humana um desafio primordial no crescimento - ou o hábito de viver o futebol como um fenómeno apaixonante que Carlos Carvalhal cultivou em Inglaterra e insiste em manter vivo no caldo de drama e polémica em potência em que se consome o campeonato caseiro; ou, provavelmente, foi a combinação de ambos na história do treinador e da SAD de António Salvador, mais as dificuldades da última jornada a precipitar a memória perfeita escrita no 0-6 em Arouca, onde o treinador chegou à dúzia de jovens da formação lançados na equipa principal.
Fê-lo e teve a ousadia de o antecipar de véspera como uma proeza. Passou ostensivamente ao lado do extenso tapete de queixas que as circunstâncias lhe estendiam, na ressaca da eliminação da Taça de Portugal, com uma dezena de baixas entre castigos, lesões e casos de covid-19, e reivindicou o direito a ser "recordado com o o treinador que esteve em três finais e que ganhou a Taça de Portugal, mas também aquele que mais jovens lançou na primeira equipa".
Na bipolaridade do futebol nacional, um mau resultado poderia ser o rastilho para pôr tudo em causa, a começar pelo lugar do treinador - recebera um voto de confiança do presidente, após a derrota em Vizela, e em muitos casos visto como uma espécie de extrema unção -, mas a goleada, com três golos de Vitinha - um dos miúdos da academia, em valorização acelerada -, antes da meia hora, assegurou a memória perfeita.
Carvalhal estreou Falé, Dinis Pinto e Schurrle, e com eles o saldo de atletas da formação com presença na equipa principal, neste ano e meio, subiu à dezena e meia. Desse lote oriundo dos bês, uma dúzia foi aposta do atual técnico.
Tiago Sá, David Carmo e Fabiano são as exceções na lista que premeia a validade do projeto da academia e os outros são legado de Carvalhal: Bruno Rodrigues, Guilherme, Lukas Hornicek, Dinis Pinto, Gorby, Schurrle, Falé, Francisco Moura, Roger, Rodrigo Gomes, Hernâni e Vitinha.
Falé: herdeiro da sede de golos
Com Vitinha em estado de graça a fazer a diferença no ataque do Braga, à boleia de três golos no arranque da partida que deram o mote para a goleada, Carlos Carvalhal fez da jornada em Arouca a estreia de Falé, mais um nome a fixar no lotes dos executantes do futebol de vocação ofensiva que a equipa da Pedreira tem como imagem de marca. Tem apenas 17 anos, está no clube desde os sub-15 e na estreia ficou perto de mostrar o instinto goleador. Mais novo ainda, Roger 16 anos, também esteve em Arouca, mas Carvalhal há muito que se lhe rendeu, desta época em que ficou como mais jovem a marcar na I Liga.