"Na Argentina, fala-se muitas vezes dos meus erros e não das minhas virtudes", lamenta Marchesín
Marchesín considera que evoluiu muito no ano de estreia em Portugal e diz sentir que ficará "melhor" à medida que somar mais anos no FC Porto. Regresso à seleção também foi tema
Corpo do artigo
Na hora de fazer um balanço da época do FC Porto, Marchesín não podia estar mais "feliz" pela forma como tudo acabou, com a conquista da dobradinha. No seu país natal, a Argentina, quiseram saber como tinha sido o primeiro ano na Europa do guarda-redes, que começou por responder com a "felicidade" trazida pelas vitórias no campeonato e na Taça de Portugal. "Estou muito contente pelos troféus conquistados no meu primeiro ano no FC Porto. Foi um presente muito bom da equipa", afirmou o guarda-redes.
"Tenho a certeza que à medida que for ficando cá mais tempo, vou estar cada vez melhor. Espero continuar a crescer na próxima temporada"
Marchesín teve a oportunidade de abordar vários temas da atualidade, entre os quais a forma como se tinha adaptado a uma nova realidade, depois de ter jogado cinco anos consecutivos no México. "Sinto-me muito bem, mais maduro em muitos aspetos. Os meus primeiros seis meses foram muito bons, mas depois ficou mais difícil voltar após a paragem. Foi estranho jogar sem público nas bancadas, a concentração... Não foi nada fácil. Quanto ao futuro, tenho a certeza que à medida que for ficando cá mais tempo, vou estar cada vez melhor. Espero continuar a crescer na próxima temporada", acrescentou.
"Estou contente pelos troféus conquistados no meu primeiro ano no FC Porto. Foi um presente muito bom da equipa"
Marchesín admitiu que o regresso à competição, "depois de mais de um mês a treinar em casa", não foi fácil, tendo mesmo recordado, à boleia de uma pergunta do jornalista, o erro individual que cometeu na derrota (1-2) com o Famalicão, no primeiro jogo do pós-retoma, quando fez um mau passe que foi transformado em golo por Fábio Martins. Para além disso, o guarda-redes também acusou os compatriotas de se focarem demasiado nos defeitos, em vez de elogiarem as qualidades. "Quando voltámos a jogar, cometi um erro, mas depois estive sete jogos sem sofrer golos [na realidade foram cinco jogos consecutivos sem sofrer golos]. Na Argentina, fala-se muitas vezes dos meus erros e não das minhas virtudes. Já estou habituado a isso. Ganhámos dois títulos num ano... Isso é que é importante. Estou muito contente com o meu presente e não tanto a pensar nos erros que cometi", respondeu na longa entrevista à Fox Radio da Argentina.
Objetivo da seleção continua bem vivo
Pois bem, mesmo assim, e aos 32 anos, Marchesín continua a ser um dos principais candidatos à baliza da seleção argentina, que defendeu pela última vez em outubro de 2019. Nessa altura, foi titular nos amigáveis com a Alemanha (2-2) e Equador (6-1), tendo sido muito elogiado pelas boas exibições - ficou mesmo célebre uma grande defesa que fez na partida com a Alemanha. A vontade de regressar é "grande", assim como a concorrência, que também é cada vez mais "forte". Apesar disso, o portista voltou a apresentar a candidatura a um lugar que já ocupou em sete ocasiões. "Fiz a minha estreia na seleção há dez anos, mas acho que este é o momento em que os guarda-redes selecionáveis estão mais nivelados. Na altura em que me estreei, estavam lá sempre o Sergio Romero, o Mariano Andújar e também o Agustín Orión. Mais tarde, com Tata Martino também já havia guarda-redes indiscutíveis. Agora sinto que há um nível muito bom e mais nivelado", explicou, antes de dar os exemplos de quem está a competir por um lugar. "Gerónimo Rulli está bem (emprestado pela Real Sociedad ao Montpellier), Walter Benítez também apresentou um nível muito alto em França (Nice), Emiliano Martínez aproveitou a lesão de Bernd Leno para entrar e brilhar em Inglaterra (Arsenal) e Juan Musso esteve espetacular em Itália (Udinese). Ou seja, há muita qualidade para a baliza da seleção", rematou.
Foi estranho jogar sem público nas bancadas, a concentração... Não foi nada fácil"
Marchesín não tem dúvidas de que foi "estranho" jogar a fase decisiva da época sem adeptos. O guarda-redes foi convidado a falar sobre a forma como se fez o regresso à competição em Portugal, tendo elogiado as "medidas" que foram impostas na sociedade em geral para travar a pandemia provocada pela covid-19. "Depois da paragem do campeonato, jogámos 11 jogos. É diferente. É bem mais complicado jogar sem adeptos nas bancadas, mas tomaram-se as medidas certas para não agravar o problema. Tocou-nos a todos, desportistas, gente que trabalha nos clubes... Foi um momento estranho em todo o Mundo", começou por dizer o argentino, que detalhou, para os compatriotas, como tudo se processou no nosso país. "Estivemos aproximadamente um mês a treinar em casa. Estava complicado. Em Portugal conseguiram deter o vírus muito rapidamente, fecharam as fronteiras ao ver o que se passava em Espanha e Itália. Há muitas medidas que foram impostas e as pessoas respeitam isso", rematou.