Morita só queria ser grande: abdicou de 200 mil euros por época para chegar à Europa
Quando chegou ao Santa Clara sabia da possível valorização europeia. O médio de 26 anos tem o Sporting na cabeça, está agora mais descansado e sente que o negócio está perto de chegar a bom porto.
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Morita está a terminar a aventura de ano e meio no Santa Clara e abraçará, sabe O JOGO, o projeto do Sporting em 2022/23. Apesar do impasse, a vontade dos leões é clara e a do jogador também: o Santa Clara sabe disso e tem tentado descansar o médio de que a saída para Alvalade será um cenário concretizável a curto prazo.
O sonho de ser profissional de destaque na Europa guiou o caminho de Morita. Sabe O JOGO que o jogador de 26 anos abdicou de quase 200 mil euros por temporada para assinar com o Santa Clara em 2020/21, proveniente do Kawasaki Frontale. O natural de Osaka sempre perspetivou ser influente na Europa e foi-lhe prometido, quando chegou aos Açores, que se valorizaria em solo português.
Quando soube do interesse do Hull City, em janeiro, a porta de Inglaterra esteve entreaberta, no entanto o atleta nunca fez força para assinar pelo clube do Championship, mesmo sabendo que poderia auferir bem mais. Inglaterra era um mercado que agradava ao jogador, mas a possibilidade de lutar por títulos e estar na Liga dos Campeões era a prioridade: logo que o Sporting surgiu na equação, no passado mês de março, que Morita conversou com os responsáveis açorianos, explicando que jogar no clube campeão nacional era o que realmente ambicionava e que o tinha feito viajar para Portugal, deixando a família e uma maior remuneração anual no Japão. Tudo por um projeto desportivo mais apelativo.
Em abril, o Santa Clara divulgou em comunicado que o jogador era "alvo de um procedimento disciplinar interno", pedindo "respeito" do atleta à "instituição", depois de ter proferido declarações que acusavam o clube de lhe "dificultar a saída". Ficou fora do jogo com o FC Porto, da 28. ª jornada, sendo que o clube garantiu que não por castigo, mas sim por lesão. No entanto, logo depois do sucedido houve uma conversa com o japonês, pedindo-lhe recato até final da época, adiantando que a sua transferência não estaria em causa.
De acordo com o que o nosso jornal pôde apurar, Morita nunca se mostrou menos trabalhador no relvado durante este período e a sua dedicação não foi posta em causa, contribuindo para que não fosse afastado da equipa principal. Ainda assim, o interesse do Sporting mexeu com a cabeça do jogador, que viajou pouco depois para o Japão para representar a seleção local, sendo bombardeado com questões quanto ao seu futuro. Algumas questões familiares também não terão ajudado ao equilíbrio do centrocampista.
O certo é que depois desse momento, Morita não jogou contra o FC Porto, sendo suplente utilizado contra Estoril, Arouca e Marítimo. Foi titular na última partida do campeonato, contra o V. Guimarães, estando novamente na melhor forma física e com a disponibilidade para ajudar o Santa Clara e o treinador Mário Silva, que terá sido importante em todo o processo de reabilitação do jogador.
O atleta leva até aqui 26 jogos na Liga Portugal Bwin, dos quais 23 a titular. Tal influência na manobra ofensiva não surpreende, pois em meio ano de Santa Clara em 2021 conseguiu ser indiscutível: da jornada 15 à jornada 34 foi titular constantemente e, imagine-se, fez sempre os 90 minutos. A intensidade é um atributo que não deixa dúvidas aos responsáveis do Sporting, que terão a oportunidade de o ver mais uma vez de perto: a época de Morata termina na ida a Alvalade.
Tão completo como Ugarte
O natural de Osaka é um jogador determinado em campo, que dura... e dura e dura. A sua resistência é trunfo importante para a posição que ocupa, estando adaptado a alinhar num meio-campo com duplo pivô ou também como trinco. Está identificado pelo Sporting como um atleta semelhante a Ugarte, pois destaca-se na entrega, mas também na capacidade de construção, sendo parecido em termos táticos. Ora pode ser um oito, ora pode fechar os espaços como um camisola seis. Essa polivalência é apreciada por Rúben Amorim.
Negociação lenta e Santa Clara em divisões
O negócio está parado porque o clube açoriano vive um período de instabilidade e ficou adiado para 27 de maio uma assembleia geral que poderá destituir Ismail Uzun, líder da SAD. Essa situação será decisiva para que o negócio avance, pois os leões querem pagar 3,5 milhões de euros pelo médio, mas a fasquia do dirigente turco não sai dos cinco milhões de euros, acrescidos de 20 por cento de uma futura venda.