João Muniz é a nova aposta pessoal de Rúben Amorim no Sporting e vai fazer a pré-época. Aos dotes no pontapé livre juntou a velocidade ímpar.
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João Muniz é o benjamim na pré-época do Sporting. Com 18 anos celebrados há dias, o jovem central é aposta pessoal de Rúben Amorim pela capacidade que tem a sair a jogar.
A qualidade do passe, diz quem o conhece, esteve lá sempre. Faltava a intensidade certa.
"O primeiro momento que tenho com o João é distinto. Foi num treino de observação. Fez um passe rasteiro, entre linhas, e percebemos logo a técnica dele. Era incomum para um miúdo de 13 anos. Só que, mesmo jogando sempre, parecia que estava habituado ao conforto. Não tinha combatividade. Num jogo tirei-o de campo aos dez minutos, porque parecia que ele não queria jogar. Foi um momento que lhe deu um clique. Não podia achar que já era jogador aos 13 anos", principia a O JOGO André Martins, atual treinador de juniores do Santacombadense, que recebeu Muniz nos iniciados do Pinguizinho, equipa que jogava o Nacional do escalão.
"O João nunca falou daquele momento, mas sei que o marcou. Ainda hoje o chamo de molengão. É uma brincadeira. É um jovem humilde. Diria que poderia ter sido saído do futebol se não tivesse essa mentalidade. Percebeu que não chega dar toques na bola e ter um bom pé esquerdo", destaca, valorizando que o adolescente deu um salto de altura com 14 e 15 anos: "Já era bom na antecipação. Mas ganhou outros atributos. Com a dimensão física que tem [acima do 1m90 de altura] fez trabalho de velocidade e bebeu o profissionalismo de Alcochete. Hoje, tem uma velocidade absurda."
Jogava com miúdos mais velhos e destacava-se. Tanto que, depois do Torneio Lopes da Silva, foi à Seleção distrital de Viseu, como aliás o companheiro Afonso Moreira, e convenceu. Depois de se testar no Braga e FC Porto, ficou no Sporting. Não se mudou logo em 2019 por ter tido uma lesão, mas em 2020 rumou ao leão depois de usar a braçadeira de capitão no Pinguinzinho e somar golos de cabeça e de livre. Sempre com o mesmo espírito "trabalhador". "Não sei se vai ser um André Cruz ou um Mathieu. Mas tem qualidade para assumir os livres. Mete bem a bola parada de longe. No futebol de 7 fartava-se de fazer golos. Depois, notabilizou-se em cabeceamento também", revela André Martins, que apostou em Muniz como central, reconhecendo que este "sabe jogar com quatro defesas" e que "ganha preponderância no passe curto em linha de três centrais."
Nasceu na Ribeira Brava, porque o pai Vagner era lá jogador. Veio para o centro do país ainda criança e da casa de Mangualde fazia "quatro vezes por semana" o trajeto de 80 km, de ida e volta, para treinar. Mora na Academia, de onde ganhará asas este ano.