Thomas Militão recebeu elogios do Benfica e, no final do jogo, ficou com recordações do presidente e de João Mário. Há 21 anos no clube, o central e capitão da equipa sublinha que foi por um detalhe que o Caldas não passou à fase seguinte da Taça de Portugal. Ambiente da Mata ajudou a atenuar a diferença de escalões.
Corpo do artigo
Thomas Militão nasceu em França e veio com seis anos para Portugal. Aos nove entrou para o Caldas e não mais saiu. Atualmente com 30, assume que inicialmente tinha o sonho de jogar na I Liga; chegou a ter propostas para sair de clubes que agora disputam a Liga SABSEG, mas não se imagina a ter de enfrentar o Caldas. Contra o Benfica viveu momentos inesquecíveis, que fizeram lembrar a meia-final da Taça contra o Aves, na época 2017/18.
Já desligaram a ficha do jogo épico de sábado?
-Ontem [anteontem] ainda não, era muito recente, mas depois do treino já desligámos a ficha e estamos agora focados na realidade do nosso campeonato. Temos um jogo importante contra a Académica, no domingo.
Contra o Benfica estiveram muito perto de fazer história, o que faltou?
-Faltou-nos um bocadinho de sorte nos penáltis, apesar de achar que os penáltis são competência. Nisso, o Benfica esteve irrepreensível. Tinha de cair para um dos lados e caiu para o lado deles, infelizmente. Fizemos tudo o que estava ao nosso alcance para sermos felizes e foi por um detalhe muito pequenino que não conseguimos.
Na altura das grandes penalidades sentiu-se mais a diferença de escalões?
-Nós até estávamos muito confiantes, durante o jogo notei essa diferença de escalões, nos penáltis não. É uma realidade completamente diferente, é um Benfica que disputa a Liga dos Campeões e que este ano está muito forte.
Perdoaram o Clemente por ter falhado?
-Nem precisávamos de perdoar, porque ninguém ficou sentido com ele. O que me deixou um bocadinho triste foram as reações que houve, dizendo que ele fez de propósito por ser simpatizante do Benfica. São pessoas que não gostam de futebol. É ridículo e esses adeptos não contam. Só tenho coisas boas a dizer do Clemente, não é fácil assumir a primeira grande penalidade mas é dos mais competentes.
Durante o jogo até fizeram mais remates do que o PSG. Esperavam ter causado tantas dificuldades?
-Só ontem é que soube desse número, isso só mostra que trabalhámos muito e muito bem. Conseguimos criar muitas dificuldades ao Benfica, não nos acanhámos e propusemo-nos a fazer o nosso jogo, como na Liga 3. Fomos pressionantes, não estacionámos o autocarro cá atrás, não fizemos antijogo e tentámos jogar o jogo pelo jogo. Há que dar mérito ao que fizemos. Por norma, as equipas tentam jogar mais à defesa e nós foi taco a taco, apesar de por vezes termos sido empurrados para trás.
O ambiente vivido no Estádio da Mata também ajudou quando as pernas já não aguentavam?
-O ambiente no Estádio da Mata já é hábito e quando temos lotação esgotada é diferente. Mesmo na Liga 3, a casa não está cheia, mas está bem composta e utilizámos o fator casa da melhor maneira. Conseguimos ganhar forças onde já não as temos.
Fez lembrar a célebre meia-final da Taça contra o Aves ou superou-a?
-Foram os jogos mais mediáticos. O do Aves era mais especial por dar acesso a uma final da Taça, este também o foi pelo adversário. No espaço de quatro ou cinco anos, os adeptos viveram grandes jogos e há miúdos aqui no Caldas que nasceram na altura certa, por terem vivido estes momentos inesquecíveis, que vão ficar para sempre na memória.
No final do jogo receberam elogios do adversário?
-Houve jogadores que nos deram os parabéns, o presidente do Benfica disse que temos uma excelente equipa e pediu-nos para continuarmos a ser isto. Não se notou grandes diferenças por estarmos na Liga 3. No final, troquei de camisola com o João Mário. Tinha-lha pedido no início do jogo, e no fim ele também pediu a minha. Perguntei-lhe para queria a minha camisola, mas ele fez questão de ficar com ela. Tenho também a gravata do Rui Costa, o único ídolo que tive no futebol. Perdi a vergonha e pedi-lha, para ter uma recordação muito especial.
Esta derrota dá "moral" para tentar a subida?
-Depois deste, elevámos a fasquia. Uma equipa que faz isto tem de conseguir manter esta bitola. O nível aumentou, os adversários vão olhar para nós de forma diferente e temos de tentar garantir a manutenção. Tudo o resto que vier será por acréscimo.