"Militão era um monstro fisicamente quando chegou ao FC Porto, mas não tinha conhecimentos táticos"
Declarações de Sérgio Conceição ao Tuttosport na cerimónia de revelação dos candidatos ao prémio Golden Boy
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Contratação de Éder Militão: "Não tinha conhecimentos táticos, tecnicamente era muito forte e fisicamente era um monstro, mas não sabia o que fazer nem dentro nem fora do campo. Tivemos de fazer um trabalho específico para o tornar um negócio ao fim de um ano. Mostrámos-lhe em vídeo e depois no campo, sempre, espaço a espaço, treinos com uma linha defensiva compacta e curta, momentos de zona e momentos de pressão, agressividade... Quando ele entendeu que era um jogador inteligente, deu o salto. Se depois fosse dançar samba e comer picanha, então não se pode jogar no Real Madrid. E ele está lá há seis anos."
Militão foi vendido ao Real Madrid por 50 milhões de euros: "Quer dizer que o presidente do Porto sabia vender."
Ajudou vários jogadores a "dar o salto": "Trabalhar ao mais alto nível significa ter de trabalhar muito, em aspetos que talvez não sejam técnicos, para ter sucesso. O jovem tem de compreender qual é a forma correta de estar no futebol moderno, o que se faz fora do campo conta muito. Como treinador do FC Porto, acompanhei os sub-17, os sub-19, a equipa B, e é possível criar jogadores de seleção nacional, para não falar dos que vêm de outros continentes, e é preciso explicar-lhes que o futebol na Europa é diferente.... Sei tudo sobre os meus jogadores, até o seu prato preferido, ter todos estes pormenores faz a diferença. Quanto dormem, quanto não dormem, o que comem, que família têm.... É preciso ser exigente consigo próprio, rigoroso, há tanto trabalho que não se vê. É preciso ter paixão, a única coisa que nos faz aceitar todos os sacrifícios."
Passagem por Itália, ao serviço da Lázio: "Corri esta manhã perto do Estádio Olímpico. Regressar a Roma é sempre sinónimo de felicidade, tenho recordações maravilhosas. Ganhei muito com uma equipa muito forte e sempre que venho vêm essas lembranças fantásticas desses dois anos, depois voltei em 2004 com Roberto Mancini como técnico. Cada vez que venho a Roma e a Itália, boas lembranças vêm-me à mente."
Foi treinador por Eriksson, que faleceu recentemente: "Eriksson era um cavalheiro, um homem extraordinário que teve que administrar um balneário com campeões como Fernando Couto, Nesta, Salas, Nedved, Verón... todos eram personagens difíceis, mas nunca o vi furioso. Ele ficava vermelho quando ficava nervoso, mas sabíamos que tínhamos a pessoa ideal para vencer e administrar aquele balneário. Uma pessoa fantástica, emociono-me ao falar dele. Depois de duas ou três semanas de treino, ele chamou-me ao balneário e perguntou porque estava sempre chateado. Contei-lhe a minha história, que perdi os meus pais quando era adolescente e a partir desse momento a minha abordagem e relacionamento com ele mudaram."