Foi eleito presidente da Académica neste sábado. Recorde a entrevista a O JOGO.
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"Paixão", "respeito pelos sócios" e a determinação de "voltar a ter uma Académica credível, séria, com ética", são os principais trunfos que Miguel Ribeiro encontra na Lista C, com a qual está preparado para tudo o que os sócios quiserem: prefere uma SAD (Sociedade Anónima Desportiva) com capital disperso pelas empresas da região de Coimbra, mas também admite conversar com a Athlon - investidor da Lista D, de Pedro Roxo - e até continuar como SDUQ (Sociedade Desportiva Unipessoal por Quotas).
O que o levou a avançar para a presidência da Académica?
-Antes de mais, um academismo sem limites. Tenho 51 anos e desde que me conheço sou da Académica. Fui jogador, treinador, diretor, num percurso de sucesso, dedicação total, paixão. Este é um clube único, jamais poderá acontecer o que sucedeu a 30 de abril, ou seja, não haver uma candidatura. Já vinha, há algum tempo, a munir-me de apoios. No dia 30, tinha algumas ideias, ninguém apareceu. Falava-se de uma lista de consenso.
O que aconteceu?
-Perguntaram-me e disponibilizei-me para assumir um cargo na Direção, nessa lista de consenso. A Académica estava mesmo a precisar disso, de união.
O que falhou?
-Isso terá de perguntar a quem liderou essa tentativa de consenso. Eu venho à luta, debater as ideias, mas já estava preparado para, neste momento, estar a trabalhar na Académica, independentemente das eleições. Assim, após a tomada de posse, a todo o gás, vamos pôr a Académica no lugar que merece.
Prefere SAD ou SDUQ?
-Sou e sempre fui apologista de uma SAD.
Tem investidor?
-Não é um investidor. É uma SAD que vai ser constituída... Vai ser constituída, não: quem decide são os sócios. Eventualmente, até poderemos ter de trabalhar com uma SDUQ, e para isso também há soluções. A nossa SAD é dos sócios, de Coimbra e do país. Cada sócio terá uma ação por valor simbólico de cinco euros. Terão um representante na assembleia geral. O capital social vai ser disperso por cinco, dez, 15, 20, 40, 50, 100 empresas, quem quiser participar. Vamos fazer um "road show" por Coimbra, pelo país. Quando, a seguir às eleições, anunciar as empresas que estão connosco, as demais virão. Caso a Lista C ganhe, já temos garantidos 600 a 800 mil euros. Mas, atenção: já estão contratos assinados com a Athlon e não lhes fechamos as portas. Provavelmente, teremos de colocá-los à consideração dos sócios, mas alguns aspetos terão de ser negociados. Há ali cláusulas que têm de ser muito bem explicadas.
Esse projeto não o convence?
-Não, porque tenho de falar com as pessoas. Estamos aqui pelo bem da Académica, não para criticar a Athlon. Se calhar, até está com boa intenção. Só que, se calhar, não quer entregar dinheiro de mão beijada a quem tem gerido muito mal os destinos da Académica.
Empréstimo para pagar salários
"A ideia é estabilizar a Académica e estar na I Liga, quando finalizarmos o nosso mandato ou, pelo menos, em condições de disputar esse objetivo, nos anos seguintes, porque quem vier vai encontrar o clube muito melhor", explica Miguel Ribeiro quando se aborda o projeto desportivo. "A nossa obsessão não é a subida, é o trabalho é colocar a Académica no lugar que merece, mas com passos seguros, sustentadamente, sem megalomanias nem utopias e sem endividamento", assegura, embora no imediato esteja previsto um empréstimo: "A Académica terá de ter, no final de cada época, um saldo nulo. Temos de pagar atempadamente aos trabalhadores. Não podem ficar quatro meses sem ganhar, oito meses sem subsídios. Têm de receber, ter a segurança para levar o pão para casa. E vamos regularizar isso, como é evidente, com um empréstimo devidamente avalizado. Já temos pessoas para o efeito. A situação dos trabalhadores é dramática!"
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