O sucesso no Akhisar ajuda a esquecer a frustração em Alvalade, onde, recorda, a administração verde e branca o atirou para a porta de saída com sucessivos pedidos para baixar salários e prémios
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Sem papas na língua, o internacional português revelou que teria bastado ao Sporting igualar a proposta do Akhisar para ficar com um jogador que, em 2016/17, foi eleito como o melhor lateral-direito da Turquia. Já o respeito pelos "fantásticos" adeptos verdes e brancos segue intacto e o desejo, desde longe, é só um: o título.
O sucesso na Turquia apaga a frustração de não ter vingado no Sporting?
Sem dúvida nenhuma. A passagem pelo Sporting foi uma experiência agridoce. Ao princípio foi tudo muito bonito, porque estava no clube do meu coração, mas penso que merecia muito mais oportunidades do que as que tive. Acho que se falou demasiado do meu ordenado. Disseram que eu ganhava um milhão de euros, mas nunca cheguei a esses números...
Quando é que se iniciaram esses problemas?
Desde a entrada do presidente Bruno de Carvalho. A partir daí fui visto de outra forma: não como um jogador, mas como um ativo de mercado do qual faziam aquilo que queriam. Apanharam um jogador que dava tudo pelo clube e aproveitaram-se da situação. Estavam sempre a falar em baixar ordenados e prémios e eu até aceitei uma vez, mas não o iria fazer uma segunda vez.
Em que altura cedeu às pretensões da SAD?
Quando entrou o Marco Silva ainda fiz o esforço de baixar o salário para ficar essa época. Mas depois voltámos outra vez à mesma história: tinha de baixar ordenados e prémios. Nunca percebi qual era a intenção do presidente e da administração em insistir nisso para que pudesse jogar. Eles sabiam que eu era sportinguista e então puxavam sempre por essa história. Queria sentir-me especial no Sporting e isso nunca aconteceu. Fiquei um bocado magoado com o clube e, atenção, que sou sportinguista até morrer. Não tem nada a ver com o futebol e com os adeptos fantásticos.
Jorge Jesus chegou a dizer-lhe que contava consigo para esta época?
Não cheguei a falar com o míster, mas falei com o braço-direito do presidente [n.d.r. não quis revelar o nome] abertamente. Eu disse que até renovava, mas não pelo valor que eles queriam. Ficaria em Alvalade com muito gosto se igualassem a proposta do Akhisar, mas não o fizeram e, automaticamente, eu segui a minha vida. Se quisessem muito ter ficado comigo tinham igualado a proposta e assinava na hora. Neste momento sou feliz, o Sporting está a fazer um grande campeonato e espero que continue assim.