Metamorfose de Otávio à imagem de Sérgio Conceição: números confirmam transformação
Era um atacante virtuoso, tornou-se um polivalente completo. A evolução em seis anos foi tremenda, especialmente a defender. Nota-se mais nos duelos, na segurança com bola e na intervenção no jogo
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Os números confirmam com rigor a transformação de Otávio, desde a estreia na I Liga, emprestado pelos dragões ao V. Guimarães, até à renovação de contrato que faz dele um dos jogadores mais bem pagos do plantel, ao nível da importância que todos lhe reconhecem.
Evolução foi gradual: perde cada vez menos bolas, recupera mais e tem menos ações individuais
Desde 2015 passaram seis anos e em todos o brasileiro deu passos significativos para ser o que é hoje. Especialmente com Sérgio Conceição, que o treinou nos últimos quatro anos, mas também numa parte da temporada e meia que fez em Guimarães. É correto dizer que não há no plantel do FC Porto ninguém que se conheça tão bem como Otávio e Conceição. E esta metamorfose é a cara do técnico, que recebeu um avançado virtuoso e fez dele o mais polivalente jogador do grupo e, possivelmente também, o mais completo.
De 2015/16 até agora, numa espécie de balanço geral, Otávio melhorou em quase tudo. Excluímos a época em Guimarães e marcamos como ponto inicial o regresso ao FC Porto, com números melhores do que os do berço. De Nuno Espírito Santo, que fez dele primeira opção, até agora, Otávio só piorou o número de ações individuais. Mas isso não é necessariamente mau, porque melhorou no passe, na quantidade de vezes que intervém no jogo e tem uma relação com bola mais consistente: perde muito menos e também por isso, é o centro do jogo portista. Nenhum tem tantas ações como ele e poucos são tão solicitados pelos colegas.
Da época com Nuno para a estreia de Sérgio deu-se a maior queda do jogador, com números globais inferiores. Além de uma lesão a complicar, essa temporada foi aquela que o começou realmente a mudar. E toda a transformação passa por momentos difíceis de adaptação. O primeiro passo foi ganhar capacidade defensiva, perder menos bolas, recuperar mais, ser mais forte nos duelos. Mas para isso perdeu em quase todos os outros itens, que foi recuperando progressivamente até agora atingir o pico nestas duas últimas temporadas, como a infografia acima confirma.
De forma geral, o jogador está muito mais equilibrado, é mais fiável e robusto, defende com mais intensidade e acerto. Da primeira época de Conceição até agora aumentou em 7% o número de duelos ganhos. E tem mais 12 ações por jogo. Mantém a intensidade defensiva que ganhou em 2017/18 e já recuperou os índices que deixou cair nessa fase, quando necessitou de trabalhar e aperfeiçoar outros. O aumento do número de passes, a eficiência nessa ação e a queda vertiginosa no número de dribles, mas também de remates e cruzamentos ilustram ainda um perfil mais coletivo do que individual.
E o melhor? Não perdeu capacidade de decisão e está a apenas três ações (golo ou assistência) de igualar a melhor temporada, o que reforça a inteligência com que agora se aproxima da baliza: vai menos vezes, mas é mais perigoso quando o faz. A metamorfose está completa. E o novo contrato reconhece-o em todos os parâmetros.