Sem retirar mérito a Rúben Amorim, o ex-bracarense Fransérgio garante que os jogadores é que começaram a questionar o poderio dos outros grandes, embalados por bons resultados na Liga Europa.
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Os corredores interiores do Estádio do Dragão, recheados de fotografias de momentos de glória, inspiraram Fransérgio numa noite especial.
Autor de um dos dois golos com que o Braga venceria os portistas (1-2), a 17 Janeiro de 2020, o médio resolveu tomar a palavra no balneário antes do jogo, na qualidade de capitão, e começou logo a jogar ao ataque.
"Estávamos rodeados por imagens de grandes figuras do FC Porto e eu disse-lhes assim: "Por que não bater de frente com eles? Por que não fazermos história lá dentro?" Fui eu a desafiá-los. Não sou de ter discursos na cabeça, sou antes muito observador. Só precisei de olhar para algumas fotos para começar a questioná-los. Saiu de forma natural, como quem tira um coelho da cartola", recordou o atual médio do Bordéus, esclarecendo que as vitórias posteriores dos bracarenses sobre o Sporting e o Benfica na mesma época, também para o campeonato, não foram puros golpes de magia de Rúben Amorim.
"O mister Amorim e depois o Carlos Carvalhal tiveram grande importância no crescimento recente do Braga, mas nós é que jogávamos. Nós é que começámos a pensar por que não vencer FC Porto, Benfica e Sporting?", esclareceu.
Em dois anos, o Braga perdeu, em definitivo, o respeito a todos e isso foi notório, por exemplo, na Taça de Portugal da época anterior, com o FC Porto a ser batido nas meias finais e o Benfica na final. De volta a 2019/20, épocas marcada também pela conquista da Taça da Liga, diante do FC Porto, Fransérgio explicou ainda que o engrandecimento dos bracarenses no futebol português foi consequência de uma campanha europeia rica em bons resultados. "O Braga tinha boas prestações na Europa e só faltava transportar isso para os grandes jogos em Portugal. Lembro-me de termos vencido o Spartak de Moscovo e o Wolverhampton fora de casa, ainda com o Sá Pinto. A partir daí, comecei a perguntar a mim próprio: por que não bater Benfica, FC Porto e Sporting? Se vínhamos fazendo isso na Europa, por que não fazer o mesmo no campeonato e nas taças?". Alcançado esse desígnio, o Braga tenta agora manter o nível elevado com uma equipa regenerada. "Saíram peças fundamentais, mas a maior riqueza do clube é a formação. É um plantel mesclado de experiência e juventude. Tanto há o Vitinha como o Raul Silva. Gostei muito do jogo que fizeram contra o Vizela e acredito que podem surpreender o FC Porto", avaliou o médio brasileiro, certo de que jogou ao mais alto nível em Portugal. "Há dias, um jornalista perguntou-me se eu fiquei frustrado por não ter jogado num dos três grandes. Respondi-lhe que joguei num grande. O Braga é claramente um grande. Até acho que fui elegante na resposta", gracejou.