No passado, não faltam exemplos de vitórias do Braga sobre as águias em alturas de maus resultados, como agora
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A receção ao Benfica surge no pior momento da temporada para o Braga, sem ganhar há quatro jogos seguidos para o campeonato e com a desilusão da Taça da Liga pelo meio. A equipa de Jorge Simão pode, porém, inspirar-se em alguns casos da história recente do clube. O JOGO puxa a cassete atrás e recupera alguns jogos em que o Braga ganhou, em casa, ao Benfica, quando também vinha de resultados negativos.
Em 1999/00, o Braga recebeu o Benfica à 27.ª jornada, após quatro derrotas consecutivas, frente a Leiria, V. Guimarães, Sporting e Marítimo. O jogo com as águias serviu de ponto de viragem: o triunfo por 3-2 deu embalagem para uma reta final de campeonato sem derrotas. "Estávamos mal, esse jogo foi um tónico importante", recorda José Nuno Azevedo, que nessa partida apontou o segundo golo do Braga (os outros foram de Taílson e Odair). "Todos os golos são importantes, mas esse ainda mais, porque permitiu o empate 2-2 e depois a reviravolta. Esse jogo deu-nos uma alma nova para o que restava do campeonato", refere o antigo lateral-direito dos arsenalistas, que fecharam esse campeonato no nono lugar. "Estes jogos são os mais fáceis de preparar; o fator motivacional está lá sem se fazer nada. A preparação é mais simples, porque toda a gente conhece os jogadores e a forma de jogar do Benfica, enquanto noutros jogos temos de recorrer a outros pormenores", analisa José Nuno Azevedo, para quem o Braga, no encontro de domingo, "tem mais a ganhar do que a perder, dado o momento que atravessa". "Neste momento, muita gente acha que seria natural o Braga perder, eu não penso assim, penso que é o jogo ideal para inverter o momento e dar sequência ao crescimento", diz.
Com conhecimento de causa, José Nuno Azevedo, Luís Filipe e Paulo Jorge, autores de golos em triunfos sobre as águias, lembram que estes jogos, por vezes, são os ideais para inverter ciclos negativos
Na temporada seguinte (2000/01), José Nuno Azevedo voltou a participar em novo sucesso caseiro do Braga sobre o Benfica: 3-1. Mas, desta feita, o herói foi Luís Filipe, autor de dois golos (o outro foi de Zé Roberto). Os arsenalistas fizeram uma excelente campanha - terminaram em quarto à frente do Benfica (sexto) -, e quando receberam as águias (23.ª jornada) vinham de ser goleados em Alverca (4-1). "Nesse jogo, foi muita gente de Braga a Alverca porque se ganhássemos íamos lá para cima. Perdemos 4-1, foi uma enorme deceção; o Mantorras estava endiabrado. Mas a nossa equipa tinha muitos jogadores experientes e sabíamos dar a volta às situações", recorda o antigo extremo/lateral-direito que depois também jogou no Benfica. "Mesmo o antigo estádio era um campo difícil para o Benfica. Com o crescimento do Braga, tornou-se cada vez mais difícil para o Benfica ir a Braga", adverte Luís Filipe, que olhando para atualidade vê nos minhotos capacidade para sair da crise. "Está a passar um mau momento, mas às vezes é aí que as coisas correm bem. O treinador [Jorge Simão] entrou com uma atitude mais agressiva, não tem resultado, mas há que dar tempo. Acredito que o Braga vai aparecer no seu melhor e este é um bom jogo para sair deste ciclo", sublinha.
"Os jornais não eram diários e não havia Sport TV. O impacto destes jogos era maior" - José Nuno Azevedo
Outro ex-defesa bracarense que faturou ante o Benfica foi Paulo Jorge. Em 2006/07, os minhotos, já no Municipal, ganharam às águias, por 3-1, e o antigo central apontou o terceiro tento. Jogava-se para a jornada 10 e o Braga vinha de empatar com a Naval e de ser goleado pelo Marítimo e o Sporting. "Tudo nos correu bem, fizemos um jogo brilhante", enaltece, aprofundando: "Nestes jogos, é importante ganhar para nos transcendermos para o resto da época. Nestes jogos tudo é possível. O Braga tem responsabilidade, claro, mas a maior responsabilidade está do lado do Benfica. Se o Braga perder, ninguém vai apontar o dedo a ninguém. Ganhar este jogo dá confiança para o que aí vem. Se foram ganhar a Alvalade, podem ganhar ao Benfica."
"O Benfica era irregular antes. Os treinadores pediam-nos para os deixarmos intranquilos" - Paulo Jorge
