Gustavo Sá, jogador do Famalicão, tem sido presença regular nas seleções e foi finalista do Europeu sub-19, marcado por derrota com a Itália. Objetivo na Eslováquia é ajudar Portugal a conquistar o troféu de sub-21
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Médio já ferve com a presença no Campeonato da Europa de sub-21, pensa na vitória e aponta o seu caminho até ao alcance da Seleção Nacional. E reflete sobre as suas posições em campo.
Aproxima-se o Europeu de sub-21. Como aborda a prova?
— Nada difere, abordo-a da forma como abordei o Campeonato da Europa de sub-19, há dois anos. Vou competir por uma seleção que está habituada a ir longe ou a ganhar. Temos de representar bem o que somos, enquanto país, seleção e Federação. É um motivo de orgulho para mim estar entre os eleitos finais. Esperamos todos fazer coisas bonitas, que engrandeçam Portugal. Espero fazer parte delas.
Estando num momento especial, mais perto de um salto, este Europeu ajudará a definir o seu futuro imediato, sente isso?
— Tenho de aproveitar, já estou habituado ao que significa para um jovem jogador, pela tal experiência nos sub-19. Conheço a visibilidade desta prova, tenho de dar o máximo para trazer reconhecimento para mim e para a equipa que temos. Tenho de aproveitar todos os momentos.
E pode vir a vitória da Eslováquia?
— Portugal entra em qualquer prova com um só pensamento, o de vencer! Temos muitos bons jogadores e vamos lutar por trazer esse título.
Como já tem um bom trajeto nas seleções, ao lado de grandes jogadores, quem elege pelo gozo especial de jogar ao lado?
— Pela experiência nos sub-19 sob o comando do Joaquim Milheiro, em que fomos finalistas do Europeu, tenho de falar do João Neves, mesmo tendo feito só três ou quatro jogos com ele. Notava-se que era muito diferenciado. Mas também me entendia muito bem em campo com o Carlos Borges e Diego Moreira. E, além destes, o Mateus Fernandes, que tem potencial enorme. Adorava partilhar o meio-campo com ele. Falando dos sub-21, destaco o Fábio Silva e o Tiago Tomás, que são, talvez, os mais importantes da seleção. Espero partilhar o relvado com eles e dar a ambos muitas assistências. Que façam muitos golos! Mas tenho boa relação com toda a gente.
A Seleção Nacional é o maior dos desígnios? É possível uma chegada rápida a esse espaço, até porque Roberto Martínez já o identificou uma vez?
— Tenho feito as minhas etapas dentro de várias seleções. Esse dia vai chegar, mais cedo ou mais tarde, só tenho de estar preparado para ele. Foi bom saber que ele fez menção ao meu nome, eu farei tudo para que isso aconteça, é um grande objetivo.
O melhor jovem da liga: Gustavo Sá, Rodrigo Mora, Roger ou Geovany Quenda?
— Respondo com o Quenda, completamente diferenciado. O Mora apareceu mais tarde e levou uma equipa às costas. Será mais um diamante a sair da nossa liga. Eu estou num contexto diferente, mesmo com o Famalicão em grande desenvolvimento. É difícil comparar.
Olhando para o que tem sido a sua evolução, já se faz sentir como um líder dentro do balneário do Famalicão? Ou ainda é introvertido?
—Vão sendo etapas diferentes desde que cheguei. Com 17 anos olhava e tinha jogadores mais velhos, de grande nome. Agora sou mais extrovertido, já sou capitão e tento manter uma certa postura. Falar bem inglês e também me safar em francês ajuda-me muito. Falo várias línguas no balneário e, assim, falo com toda a gente, pois quero o melhor de todos. Com franceses e marroquinos tenho desenvolvido mais o francês. O interesse já vem de estudante.
Onde está mais cómodo o Gustavo Sá, como box-to-box ou médio-ofensivo, dentro do papel desta época?
—Fui mais jogador de definição no último terço, tanto este ano como acontecia na seleção de sub-19. Tenho as capacidades bem definidas dentro de mim, sei o que posso dar ao jogo, não sendo de drible ou rápido nas ações de fintas. Mas há outras coisas que possa dar como 10, mesmo que me veja com maior capacidade a 8. Tenho a inteligência dos movimentos e o timing do passe. Sei que estou a ser um bom 10, posso ser também um bom 8 e também um bom 6, se assim for preciso.
A perceção do rendimento posicional é transmitida aos treinadores?
— O único com quem tive essas conversas foi, precisamente, o Hugo Oliveira. Deu-se a expulsão de um jogador nosso nos Açores, ao intervalo ele baixou-me para 8 e quis saber do meu conforto aí. Não foi preciso uma conversa muito específica, mas o facto de ele ter dado, sem hesitar, essa confiança, foi benéfico. Acredito que já sabe o mesmo que eu, que posso ser tão bom 8 como 10, posso dar o mesmo rendimento seja qual for o lugar.