Matheus Reis no lugar certo: "É normal que o Rúben Amorim aposte nele naquela posição"
Com sete jogos seguidos a titular, o defesa brasileiro tem-se destacado a irromper pelo centro do terreno dos adversários. O treinador do Al Taawon salienta o "critério" do canhoto a sair a jogar
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Matheus Reis vive um bom momento no Sporting e leva sete jogos seguidos a titular e sempre a realizar os 90 minutos. Sem Feddal, o brasileiro pegou de estaca no lado esquerdo do eixo defensivo e tem-se destacado pela forma como fura as linhas defensivas e sai a jogar pelo corredor central.
Os atributos não surpreendem José Gomes, que o orientou no Rio Ave, em 2018/19. "Era uma contratação que estava quase fechada pelo clube quando cheguei e pensaram nele para lateral esquerdo. É tecnicamente muito evoluído, notavam-se as vivências que tinha em posições mais adiantadas [jogou como médio ofensivo no Brasil], que serviram para utilizar os seus melhores recursos. Sabe sair sob pressão, fá-lo muito bem e foi particularmente bom trabalhar com ele. Tem muito critério na construção do jogo ofensivo, diria que é o seu grande ponto forte, e é-lhe fácil avançar, chegar a zonas ofensivas sem perder a bola, sendo capaz de assistir em condições", analisa o técnico que ganhou nesse ano oito dos 21 jogos realizados pelos vilacondenses antes de se mudar para o Reading, militando agora pela terceira vez no Al Taahon, na Arábia Saudita.
Formado no São Paulo, Matheus passou pelo Bahia, foi cedido ao Moreirense e nas Caxinas viveu a sua época de afirmação. Já disse em entrevistas que nunca se imaginou a ser central, mas é nessa posição que vai jogando pelos leões atualmente, lugar que é, para José Gomes, o mais ajustado ao ex-pupilo: "É agressivo na disputa aérea, transmite segurança defensiva ao treinador e tem ainda uma enorme capacidade técnica. É normal que o Rúben aposte nele ali: é um jogador interessante para fazer várias posições. Neste enquadramento de três centrais jogar como defesa centro esquerdo é o lugar mais indicado".
Já na esquerda, Vinagre começou a titular, depois apareceu Matheus Reis e agora tem sido Nuno Santos a opção. O treinador do Al Taawon identifica prós e contras. "Diria que o Matheus perde para a leveza e velocidade dos outros alas que o Sporting tem, mas não tenho dúvidas de que vai ser muito importante a jogar na ala quando precisarem de mais robustez defensiva", finaliza, aludindo aos jogos europeus ou até aos clássicos maiores do futebol português.
No elevador para o nível desejado
A O JOGO, José Gomes salienta que Matheus Reis, hoje com 26 anos, já entendia o jogo como se fosse um atleta habituado à tática europeia. Revela, porém, pontos mais negativos que teve de corrigir. "Tinha uma notória dificuldade a nível físico, no início, de fazer a rotina de subir e descer no corredor. Era difícil para ele cumprir o vaivém, ainda assim dava as outras garantias todas", relembra, pormenorizando o ensinamento: "Falei várias vezes com ele sobre isso, que tinha de mudar esse "chip", perceber melhor como subir, no fundo como se fosse um elevador. Ele concordou, empenhou-se e com trabalho colmatou essa lacuna".
Ficar atrás nos livres impede-o de fazer mais golos
Matheus Reis soma num ano 39 jogos pelo Sporting, mas nunca marcou pelos verdes e brancos. José Gomes elogia o poder áereo do defesa e diz que os números seriam melhores se fosse mais vezes à área contrária: "Está, em muitas ocasiões, atrás, enquanto os outros sobem. É difícil fazer golos quando se joga em posições recuadas e quando não se sobe ao outro lado para as bolas paradas."