Martim Mayer: "Vamos esperar que chegue o momento certo para fazer uma proposta a João Félix"
Martim Mayer, candidato à presidência do Benfica, foi entrevistado pelo jornal desportivo espanhol Marca
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Fazer regressar João Félix? "É sempre uma grande alegria trazer de volta jogadores da nossa formação que fazem sucesso fora. Joao Félix é um deles, mas é preciso ter um raciocínio financeiro que não se compadece de atos sentimentais. Se, no nosso modelo e na nossa visão, chegar o momento de trazer Joao Félix, vamos tentar de tudo para que ele venha, mas é preciso colocar a racionalidade e a visão acima de uma vontade sentimental. Todos os adeptos do Benfica gostam de Joao Félix e vamos esperar que chegue o momento certo para lhe fazer uma proposta."
E Bernardo Silva? "Temos algo muito sério. Não só porque é um jogador extraordinário e que cheira a Benfica desde que nasceu. Também porque temos um défice de jogadores como ele. Tal como disse anteriormente que João Félix não é prioritário, trazer extremos é, e Bernardo entra na visão racional que temos para o Benfica. Vamos tentar fazer tudo o que for possível para que isso se torne realidade."
Política em relação à formação: "A formação do Benfica é muito importante. O problema é que não estamos equilibrados do ponto de vista financeiro. Todos os anos temos de fazer vendas precoces e isso tem de mudar. Não há outro caminho para o Benfica senão voltar a estar equilibrado do ponto de vista económico para que o nosso talento chegue e se estabeleça durante três épocas na equipa principal. Temos tudo planeado com Andries Jonker para garantir a sucessão a médio prazo da academia."
António Silva é o único português titular no Benfica: "Não podemos ter apenas um titular da formação. Isso tem de mudar radicalmente. Mas volto a insistir, um treinador não vai mudar isso. Somos latinos e somos portugueses. Desde a nossa fundação em 1904, a média de permanência dos nossos treinadores é de um ano e quatro meses. A nossa política visa quatro anos e isso vai reduzir o risco de colocar jogadores da formação a jogar na equipa principal. Essa vai ser a minha linha e vamos implementá-la."
Muitas receitas com vendas de jogadores: "Ganhámos dinheiro com a venda de jogadores da formação, mas nos últimos 15 anos perdemos dinheiro na compra e venda de jogadores, o que nos obriga a vender demasiado cedo os nossos melhores talentos. Nos últimos 15 anos, o saldo é zero. Além disso, o Benfica é um clube polidesportivo que investe 40-50 milhões noutras modalidades. Deve continuar, porque faz parte da nossa identidade, mas temos de estar cientes de que isso nos custa dinheiro. Temos de saber como fazer uma boa gestão e, por isso, vou implementar a filosofia Kaizen, porque entendo que é possível reduzir até 20% os custos atuais do Benfica. É a única maneira que temos de reter o talento para chegar longe na Europa e para que em Portugal sejamos sempre os melhores."
Benfica tem vendido muito, mas vencido poucos campeonatos: "O dinheiro só serve para ganhar, e é isso que queremos. Equilíbrio financeiro para ganhar. O objetivo é ganhar, não é gerar mais dinheiro. Temos de saber equilibrar financeiramente o clube e começar a aumentar as vendas para termos mais capacidade de investimento na nossa equipa e, com isso, ganhar mais. No Benfica é muito fácil, quando não há vitórias é preciso trazer mudanças. Eu sou o homem da mudança e o futuro do Benfica."
O que o distingue dos outros candidatos? "A maior diferença, e que é transversal a toda a nossa proposta, é que nós dizemos "como". Não há nenhum candidato que o faça. Apenas anunciam ideias. Eu anuncio propostas porque digo "como". Como vou aumentar o estádio? Como vou mudar o futebol? Como vou ter uma parte económica e financeira mais sustentável? Como vou fazer a internacionalização? Digo-o sempre, porque somos competentes e porque sabemos como. Já apresentámos Andries Jonker, uma pessoa de grande calibre, com muita experiência em formação, em "scouting" e em treino sob pressão, porque sabe tudo e vai trabalhar em objetivos a médio prazo que vão trazer uma identidade e uma estrutura totalmente diferentes ao futebol do Benfica."
Não se sente tão valorizado como outros candidatos: "Tenho muito orgulho do que fiz na minha vida profissional. Trabalhei várias décadas na banca de investimento e na banca comercial. Depois, passei para o setor industrial nos últimos dez anos e estou na cadeia de abastecimento do setor automóvel. Portanto, são duas atividades complementares que me dão competência para me apresentar agora no Benfica. Mas a verdade é que no mundo do futebol só agora comecei a ser conhecido. Mas há uma coisa que tenho de dizer: sou livre, sou independente e toda a minha equipa é livre, independente e não tem passado no Benfica. O jogo das eleições que está a ser jogado não é fácil. Há uma grande quantidade de interesses que continuam envolvidos no Benfica e que têm o clube preso. E é difícil quebrar isso. Mas eu vim para quebrar isso. A cobertura mediática que me dão não é justa, porque querem que seja assim, mas não vou desistir. Tenho de fazer chegar a minha mensagem aos sócios. Não venho com ideias, venho com propostas concretas para começar a trabalhar desde o primeiro dia."
Mensagem aos benfiquistas: "Gostaria de dizer que estas eleições são as mais importantes dos últimos 25 anos. Porque muitas coisas vão acontecer nestes quatro anos e peço-vos que vejam a proposta de cada candidato e sigam o que o vosso coração e a vossa razão vos dizem, não o que as sondagens dizem, porque isso não vale nada."