Mário Santos é a escolha de André Villas-Boas para o cargo de diretor de desporto do FC Porto, posto afeto às modalidades do clube azul e branco.
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Ser Porto: "Quero agradecer ao André [Villas-Boas] por me desafiar e por esta proposta que me apresenta. Participar neste processo é uma honra e fonte de motivação. Não vou invocar a minha qualidade de portista para aceitar este desafio. Só pode ter sucesso quem sabe o que é ser Porto. Temos oito modalidades. Ou seja, modalidades coletivas, individuais, profissionais e amadoras. O FC Porto, ao longo da sua história, tem no seu palmarés muitos títulos em muitas modalidades, nacionais, europeus, mundiais e até olímpicos. Mas só temos uma campeã olímpica, a extraordinária Fernanda Ribeiro. A única atleta que temos classificada para Paris é também uma mulher, a Angélica André, que se classificou de forma brilhante."
O desporto no feminino: "A importância do papel das mulheres no FC Porto e na sua história, o papel das modalidades nunca é demais enaltecer. Reforçar a aposta na formação, no aumento da prática desportiva e na autossustentabilidade das mesmas, mas sem perder a capacidade de lutar por títulos. Queremos também reforçar o ecletismo, com mais modalidades. Nem todas contam com a vertente feminina. Lacuna que urge colmatar com a inclusão nas modalidades já existentes. Implementar igualdade de género é importante, até pelo papel social que o FC Porto desempenha."
Casa às costas: "Já sinalizámos a implementação do futsal e há mais modalidades sinalizadas, sempre tendo em atenção a sustentabilidade. Não podemos ser um clube de casa às costas. Os atletas não precisam de estádios e de um pavilhão com bancadas, mas precisam de um CAR, como o futebol. A existência de um pavilhão com valências multidisciplinares é um sinal dessa estratégia. Não podemos ficar reféns de políticas do passado. Exige resposta ágil, para atrairmos praticantes. Temos de reforçar uma organização e um sistema que permita o evoluir dos atletas e das equipas de forma sistemática e consistente. Não podemos viver de casualidades ou geração espontânea, ou política pura e dura de contratar atletas com medalha ao peito. Temos de incorporar os objetivos, de forma consciente. Objetivos a definir antes da preparação, assumidos como comuns. Implementar este projeto de forma consistente."
A experiência da canoagem: "Quando cheguei à Federação Portuguesa de Canoagem, que sempre teve a sede no Porto e tem a sua grande força a Norte, era uma Federação que tinha um atleta olímpico, estava tecnicamente falida e foi possível, em oito anos, transformar a canoagem numa modalidade falida com seis caiaques na melhor modalidade nos Jogos Olímpicos de 2012. Obtivemos quatro finais nesses jogos e a única medalha da missão portuguesa, com Fernando Pimenta e Emanuel Silva. Fruto desse trabalho, somámos inúmeras medalhas durante campeonatos do Mundo, campeonatos olímpicos. Isso era impensável há uma dúzia de anos. Foi nesse processo que se criou uma residência universitária para acolher atletas do género. Foi assim que nasceu o CAR de Montemor-o-Velho. É o local de treino preferencial de todas as nossas equipas, alberga competições internacionais do mais alto nível. Tudo isto registado na evolução dos atletas, através de parceria com a Universidade de Coimbra."
Sócio-atleta: "Sendo um clube de associados, não pode perder a relação umbilical com o sócio-atleta. Essa cultura, persistência e pressão positiva de ganhar fizeram deles pessoas mais competentes na vida pessoal e profissional. Pois levaram com eles os valores que a nossa formação deve deixar como legado."
A Fundação: "A Fundação FC Porto será ferramenta fundamental para podermos aproximar-nos desses sócios. Em cada sócio, um atleta. Desafio também o André Villas-Boas: podermos criar um programa de bolsas de mérito desportivo para os nossos talentos. Podemos desafiar os atletas a promoverem as suas carreiras mas também para terem a sua carreira escolar assegurada. O FC Porto é um clube de matriz regional, mas tem ambição nacional e internacional. Tem ambição que deve ser transversal a todas as equipas e modalidades. No FC Porto, não caiam na máxima de 'o importante é participar'. O FC Porto é muito mais do que um clube de futebol. Este modelo deve ser sustentável desportiva e financeiramente. Vamos ter um FC Porto moderno, com objetivo comum e com que todas as modalidades se identifiquem. Tal como diz o lema da campanha: só há um Porto."
Um desafio: "Desafio reside em construir um FC Porto unido, com cultura de vitória. Uma cultura que tem eco no hino do FC Porto. Fica aqui o meu compromisso e empenho para que a cada modalidade sejam proporcionadas todas as condições para atingir o sucesso. Colocando sempre o bem dos atletas e o sucesso do FC Porto em primeiro lugar."