
Marchesín cumpre a primeira temporada no FC Porto
José Coelho/Lusa
Argentino completou o 14.º jogo sem sofrer na época de estreia no Dragão e bate o início protagonizado por Casillas.
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Num jogo de sentido único, em que as atenções se concentraram (naturalmente) no festival de golos desperdiçados pelo FC Porto, Marchesín acabou por ultrapassar uma barreira importante na Vila das Aves quase sem se dar por isso.
Depois de ter claudicado frente ao Famalicão, nomeadamente na gafe que originou o primeiro golo do adversário, o internacional argentino "engatou" duas jornadas sem sofrer e já conseguiu fazer melhor que o grande ídolo na época de estreia no Dragão.
Casillas fechou 2015/16 com 13 rondas sem sofrer golos e Marche já leva 14, tendo agora a possibilidade de bater o melhor registo do espanhol na I Liga (19), fixado em 2016/17, quando ainda estava longe de imaginar que um enfarte do miocárdio lhe terminaria abruptamente a carreira duas épocas depois, numa altura em que estava bem encaminhado para o suplantar (já levava 18 jogos a seco). Para isso, porém, o guarda-redes recrutado ao América terá de não sofrer em seis das sete jornadas que faltam disputar. Se for capaz de ficar em branco até ao fim, então até um novo recorde pessoal fixará neste capítulo.
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Depois de ter vivido em estado de graça no começo da temporada, fruto de um conjunto de defesas miraculosas, que lhe valeram, inclusive, vários prémios de "Melhor Guarda-redes do Mês", Marchesín deixou uma franja de adeptos mais nervosa com o desempenho em Famalicão. O internacional argentino, que chegou rotulado de guarda-redes exímio a jogar com os pés, falhou redondamente no primeiro golo, deu a sensação de que podia ter feito mais no segundo e transmitiu alguns sinais de intranquilidade que só desapareceram após os primeiros minutos do jogo com o Marítimo. A verdade é que, olhando somente para o número de jornadas sem sofrer, o argentino até está ao nível do melhor que conseguiu na carreira. Em termos absolutos ainda pode estar longe, já que em 2012/13, pelo Lanús, fechou o campeonato local com 20 jogos em branco em 37 possíveis, mas em termos percentuais está no mesmo patamar: 54 por cento.
Foi no começo da carreira, de resto, que Marchesin melhores números obteve neste parâmetro, muito por força do estilo taticamente mais rigoroso das equipas argentinas. No México, onde se joga um futebol mais aberto e mais virado para o ataque, o guarda-redes nunca fechou um campeonato com uma percentagem de encontros sem sofrer superior a... 39 por cento. O regresso a terreno positivo deu-se agora, à boleia de um conceito assente no controlo do jogo em todos os momentos e que já no passado havia permitido à equipa de Sérgio Conceição terminar a I Liga com a defesa menos batida da competição. Marche chegou a estar três jornadas consecutivas sem ir buscar a bola ao fundo da baliza, frente a V. Setúbal (2ª), Benfica (3ª) e V. Guimarães (4ª), embora a melhor série tenha ficado por aí. Agora leva duas e nas próximas jornadas vai defrontar duas das equipas que marcam menos: Boavista e Belenenses.
Quinto jogo sem fazer uma defesa
A postura ultra defensiva do Aves, que na segunda parte quase abdicou de atacar a baliza do FC Porto, fez com que Marchesín tenha terminado o jogo sem uma única defesa para contar. A situação não é inédita na carreira do internacional argentino, mas aconteceu com uma frequência anormal esta temporada em comparação com as quatro anteriores (máximo de tempo que o portal Wyscout permite consultar). Desde que chegou ao Dragão, o guarda-redes de 32 anos não defendeu qualquer remate nos encontros com o Aves (primeira e segunda volta), o Tondela, o Portimonense e... o Benfica (na Luz). Nas quatro épocas imediatamente anteriores, passadas todas nos mexicanos do América, o guarda-redes não tinha sido chamado a intervir num total de sete encontros, entre Torneio Abertura e Cláusura: Tigres, Cruz Azul (duas vezes), Léon (duas vezes), Chiapas e Puebla.
