"Marcano é um profissional incrível. É uma sorte o FC Porto ter um atleta assim"
Orbaiz, ex-companheiro, viu o defesa renascer numa vitória individual e coletiva, dando prova de vida para o futebol e para as exigências dos portistas
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Conhecedor da palavra pesadelo, dos custos do que é um calvário aplicado a essa agonia de não poder competir por si e pela equipa, Iván Marcano renasceu em Arouca e agarrou mais uma vida para ser feliz no clube que lhe marca a carreira há uma década. Ao medo silencioso de não voltar a jogar, quando a privação durava há ano e meio, juntaram-se as dúvidas de como seria caso tivesse a oportunidade e o debate mais íntimo do tempo que lhe sobra, quando muitos podem ter a tentação de fiscalizar os seus 37 anos.
Imperturbável, discreto e sem alaridos, Marcano respondeu a tudo isso ao longo de 75 minutos, seguro a comandar um sistema que experimentou com Sérgio Conceição no jogo em que se magoou (E. Amadora) e atento a todos os sinais, dos rivais aos companheiros. Na penosa espera de 533 dias, caminho só encarado com árdua resiliência, o espanhol provou o estofo que já se lhe conhecera noutras prolongadas lesões e angústias levadas para as mesas de operações. Agradeceu aos que batalharam com ele - quem conhece o processo fala de um Eduardo Braga inexcedível - e confessou em tudo o que pensou. Os três pontos em Arouca para o central têm o peso acrescido de ter correspondido e ter eliminado inquietações que ainda o poderiam perseguir. No âmbito coletivo, acalmou e estabilizou quem tinha por perto, centrais mais jovens que pareciam carentes de um pilar ou amparo. Uma grande vitória para um defesa feito no Racing Santander, que passou pelo futebol russo e grego, onde conviveu com Pablo Orbaiz.