Manuel Machado sublinha que não o diz "por presunção ou por falta de humildade", mas a verdade é que no dia seguinte a ter sido divulgada a sua saída do Moreirense já tinha três clubes interessados
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Na primeira entrevista desde que saiu do Moreirense, Manuel Machado garante que continua "vivo para o futebol". Prova disso é o interesse manifestado por outros clubes.
Ficou surpreendido com a saída do Moreirense?
-Não fiquei até porque três semanas antes tinha manifestado ao presidente vontade de sair. Hoje em dia em Portugal está a abrasileirar-se a gestão dos treinadores, a frequência com que se muda é muito maior do que há uns anos. Estas situações têm de ser encaradas com alguma normalidade, mas os dois últimos episódios - um mês no Arouca e três no Moreirense - contrastam com o que foi a minha longa carreira.
Que justificação encontra? Não estará a escolher bem os projetos?
-Em relação à minha situação, incluindo o Nacional da Madeira, há que olhar para o problema e não para a saída. Os treinadores saem, mas não trazem com eles os problemas. Assim foi no Nacional em que saí e o problema manteve-se. Independentemente do trabalho dos meus colegas - o Jokanovic e o João de Deus, que fizeram o melhor que podiam e sabiam para obter sucesso -, o problema era outro e não com os treinadores. A questão do Arouca é muito igual: o problema estava lá, saí ao fim de pouco mais de um mês, outro colega assumiu e, infelizmente para o Arouca, o desfecho foi negativo. Não interessa agora que problemas eram, são questões internas.
Sente que ainda está vivo para o futebol da I Liga?
-Com certeza que sim. Os treinadores são só parte de um mundo que está sempre em mudança e o futebol faz parte dessa mudança. É o negócio do século e quem não estiver atento à sua evolução com certeza que ficará de fora. Não é o meu caso. Percebo muito bem a dinâmica, tento acompanhá-la e essa dinâmica põe-me tão fora a mim como a qualquer outro treinador.
Está por isso bem dentro do futebol?
-Tenho um conjunto de resultados em mais de 30 anos que falam por mim, há dois episódios mais recentes que contradizem essas longas ligações, mas não é por aí. Nesta pausa vou refletir para tentar fazer melhor. Se quisesse trabalhar tinha-o feito logo. Não vou falar de emblemas, mas a minha saída foi anunciada segunda-feira no site do Moreirense e mal saí, na terça-feira, tive três abordagens para trabalhar: duas do mercado africano e uma do nacional.
Não aceitou porquê?
-Os países que eram não me interessavam e acabaram por não se consumar.
Significa que quando entender volta a trabalhar?
-Significa que tenho um currículo e um conjunto de resultados que abonam da minha competência. Não é quando quiser porque aprendemos com algumas situações. Os dois episódios recentes, de ligações curtas, não resultaram e por isso há que ponderar porque este tipo de insucesso não ajuda a que tenha uma carreira igual à do meu passado.