"Manuel Cajuda sempre foi muito exigente e isso fez dele um dos melhores em Portugal"
Olhanense, histórico algarvio, tenta renascer com Cajuda e com o acréscimo “1912” ao nome original. Presidente apostou para o comando num médio que foi influente nas suas equipas
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Aos 45 anos, após ter começado a carreira de técnico na formação do Farense, João Fajardo aceitou o repto para dirigir o Olhanense 1912 na I Divisão Distrital do Algarve, o novo clube que tenta honrar o passado do mítico Olhanense sob a batuta presidencial de Manuel Cajuda. Um encontro de paixões, por Olhão, pelo Algarve, pelo peso histórico da comunhão de um emblema e de uma cidade e todo um bairrismo piscatório como pano de fundo.
Com uma carreira de 131 jogos na I Liga, defendendo Belenenses, Naval e Vitória de Guimarães, Fajardo foi um médio abnegado e com golo que deixou marca por onde passou, acabando orientado por Manuel Cajuda na Figueira da Foz e na cidade-berço em 84 encontros, jogando pelos conquistadores um acesso à Champions, com o Basileia.
Fajardo explica chegada a Olhão pelas mãos do treinador que catapultou a sua carreira como médio. Ligação a Manuel Cajuda foi reavivada pelas novas funções de um outro e outro.
Saldo decididamente translúcido da cumplicidade e uma relação que perdurou, valendo um desafio novo a Fajardo e uma nova conjuntura de posições de poder. Depois de treinador-jogador, a de presidente-treinador. O antigo médio, de 45 anos, que trocou Lisboa por uma vida em Faro, onde também detém uma papelaria, espera catapultar Olhão para patamares nacionais e também ele marcar a sua escalada.
“É um clube histórico, com um grande palmarés e uma grande tradição no panorama nacional. Sabemos que o Olhanense merece estar no lugar mais alto do futebol nacional e o projeto passa por isso, mas também por definir o caminho passo a passo, com sustentabilidade. Todos queremos ajudar o Olhanense a recuperar o mais rápido possível o seu lugar”, afirma João Fajardo, ciente de que há dificuldades inerentes a este pensamento.
“Espero ajudar muito o clube a crescer, a atingir os objetivos nos quais todos estamos focados. Mas este é um campeonato muito competitivo, também o sabemos. De qualquer modo, o projeto é ambicioso e não fujo à regra, gostávamos de subir, é claro, mas com a noção de que existem mais pretendentes, como o Quarteirense, o Imortal, o Ferreiras, o Lagos e o Odiáxare”, revela, desdobrando-se em contactos pelo melhor planeamento da temporada, que arranca no próximo dia 28, e pelo estudo das melhores aquisições.
“[Manuel Cajuda] Sempre foi muito exigente e isso fez dele um dos melhores em Portugal”
A relação com Manuel Cajuda também oferece uma nostalgia especial e enquadra ambição de todas as partes. “Estaria a mentir se dissesse que não tem simbologia! Tem, mesmo, uma grande simbologia. Foi um treinador que me marcou muito, tenho grandes recordações e ensinamentos desses tempos. Quando somos contratados por uma pessoa que te traz tanta coisa à cabeça, há sempre um elã e um carinho especial”, reconhece Fajardo, negando qualquer diferença no astral do Cajuda treinador para o Cajuda presidente.
“A exigência dele mantém-se igual, sempre foi alguém muito exigente e isso fez dele um dos melhores em Portugal. Agora segue no mesmo registo, um foco enorme em transformar o Olhanense no clube que sempre foi”, expressa o atual técnico, escondendo o jogo quanto a histórias partilhadas com Manuel Cajuda noutras vidas, entre 2005 e 2009.
“As histórias ficam sempre entre os intervenientes e é claro que existiram bastantes, mas que ficam dentro do balneário. Salvaguardo a elevada exigência dele com a equipa, principalmente nas derrotas. Mas era um treinador muito humano, misturava-se com os jogadores muito facilmente e era amigo do amigo. Quando alguém do grupo necessitava da ajuda dele, podia contar”, vinca.