Esta é a terceira vez esta temporada que Sérgio faz alterações de fundo para surpreender o rival. Ganhou na Luz e ao Famalicão, correu mal contra o Krasnodar. Mas há mais no passado...
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"Confesso que fiquei surpreendido. Não encontrámos soluções". A reação do treinador do Famalicão, João Pedro Sousa, foi muito clara em relação ao "FC Porto muito forte" que encontrou em campo e disposto de forma atípica. O 4x3x3 é um recurso recorrente de Sérgio Conceição, mas foi a primeira vez que declaradamente o utilizou esta temporada.
No passado, a tática foi usada sobretudo em jogos grandes e nas competições europeias e com resultados francamente amadores. De forma interna também, especialmente após uma série mais tremida e quando o treinador quis mudar para estabilizar a equipa com segurança. Nesse contexto, essa foi a terceira ocasião em que isso sucedeu com sucesso.
A entrada de Bruno Costa na segunda parte do jogo contra o Rangers já destapara a ponta do véu, mas ninguém imaginaria um 4x3x3 assim no jogo pela liderança. Marega e Alex Telles, dois indiscutíveis, ficaram de fora por opção. Corona regressou à ala e o treinador fechou a lateral com um central (Mbemba) o que permitiu que Manafá subisse sem prejuízo do outro lado e Uribe não tivesse de se amarrar tanto a tarefas defensivas.
Com Otávio enquanto terceiro homem do meio-campo, os dragões controlaram o jogo em todos os parâmetros, um pouco como já sucedera na Luz, nessa altura com Romário Baró, que começou à direita mas jogou quase sempre por dentro, com Marega a fechar a ala.
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Se o dedo do treinador foi demasiado evidente em duas das maiores vitórias da época, também o foi na derrota mais significativa. Contra o Krasnodar, Conceição estreou Saravia e Nakajima de início e com o japonês a fazer de segundo avançado. No fim, arrependeu-se, como confessou à posteriori.
Em épocas anteriores, o técnico também teve muito de si em surpresas com impacto no jogo. A primeira foi logo à chegada: contrariou a tradição do clube, colocou o FC Porto em 4x4x2 e acabou campeão e com um ataque demolidor. À primeira derrota europeia (com o Besiktas) subtraiu Óliver à equipa, fixou Herrera no meio e passou a jogar com três médios na Champions.
Chegou aos oitavos de final em 2017/18 e aos quartos em 2018/19 e garantiu o maior encaixe da história em prémios europeus. Também surpreendente foi o recuo de Corona para lateral, que trabalhou às escondidas mais de três meses antes de o implementar. Deu-se bem em 2018/19 e melhor esta época, quando saiu de duas derrotas consecutivas (Gil Vicente e Krasnodar) e, com o mexicano na defesa, engatou oito triunfos consecutivos.
Por falar em laterais-direitos, essa é a posição em que mais vezes o treinador mais vezes mexeu desde que chegou. E a opção por Militão, com Pepe e Marcano no meio, não foi propriamente a que melhor resultou. Há outros méritos do treinador, mas mais individuais. A forma como resolveu as ausências de Aboubakar e Soares com a formatação de Marega a "9" ou Sérgio Oliveira a fazer de Danilo são só duas delas.
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OUTRAS SURPRESAS
Os três centrais de Liverpool
Conceição foi a Anfield em 2018/19 jogar com Maxi como terceiro central. A ideia era soltar Militão para este andar atrás de Salah. A equipa equilibrou o jogo e o egípcio pouco se viu. Mas a noite foi de desacerto na frente e o FC Porto perdeu 2-0.
Segunda linha a dar 3-0 ao Braga
Meia-final de Taça de Portugal contra o Braga. Conceição deixou Militão, Danilo, Brahimi, Marega e Soares no banco. Com vários jogadores de segunda linha, a equipa revelou frescura e ganhou por 3-0, que permitiu gerir ainda mais na segunda mão.
Bruno Costa e Corona trocados
Na decisiva jornada da fase de grupos Taça da Liga 18/19, o FC Porto tinha que ganhar no Belenenses. Corona jogou como segundo avançado e Bruno Costa na direita. Mas não resultou e Sérgio teve de mudar para vencer.