Maia almeja subida: "Se der é uma maravilha, caso contrário tentou-se até ao fim"
Bock e a recuperação do Maia e a luta por mais uma subida, após ter promovido o Marco 09 ao Campeonato de Portugal na época passada. Relembra ainda tempos de jogador no Maia e fala da receita goleadora de Mateus
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Aos 48 anos, Bock vive a segunda passagem pelo comando do Maia, equipa onde também alinhou quando terminou formação no FC Porto, chegando com rótulo de maior concretizador jovem dos portistas. Promoveu uma grande recuperação dos maiatos na Divisão de Elite da AF Porto, que chegam às duas últimas rondas a um ponto do 2.º lugar ocupado pelo Coimbrões, estando ao rubro a luta pelo play-off de acesso ao Campeonato de Portugal.
Quando chegou, o antigo avançado, já um técnico bem sucedido a época passada neste campeonato garantindo a subida do Marco, o Maia estava distante nove pontos dessa possibilidade, pelo que são tempos de esperança que acompanham a equipa de Bock para os confrontos com o líder Leça e o Gondomar B. Ao todo, em 16 jogos ao leme, somou 13 triunfos em dezasseis jogos.
"Foi um bom regresso, superou expetativas, a equipa chegou a estar a onze pontos, agora a um. Sabemos que não dependemos de nós e nada podemos prometer mas tem sido positivo. Podíamos estar melhor, não tivéssemos empatado com o Rio Tinto. Fora isso, fantástico, pois ninguém dava nada por nós!", defende. "Vamos disputar esta entrada no play-off, sei o que custa lá chegar, pelo que vivi a época passada, mas não é hora de atirar toalha ao chão. Se der é uma maravilha, caso contrário tentou-se até ao fim", realça o timoneiro dos maiatos, afastados há largos anos das lides profissionais.
Com Bock foi o recurso a uma solução já com currículo atestado. "Há quem tente tirar valor ao que foi feito no Marco, querem sempre falar do investidor, que tínhamos de subir. Mas as coisas não são bem assim, isso é fruto de mentalidade pequena, este campeonato é muito difícil, há vários que andam anos para subir e não o conseguem. Nós conseguimos no primeiro ano, com algum investimento, mas não tanto como querem dizer", argumenta, decompondo outras situações. "Não foi fácil arranjar jogadores para o Marco, que aceitassem treinar de manhã, o plantel não foi tão extenso. Aqui não fui eu que fiz o plantel, é sempre muito diferente sermos nós ou herdarmos de outro técnico. A subida nunca foi o objetivo do Maia, pediram-me para garantir lugar na Super Elite na próxima época e impor as minhas ideias. Fomos transmitindo que era possível fazer algo mais. Há um acreditar forte, as condições são muito boas mas o plantel feito é curto. Não vamos arranjar desculpas, vamos até ao fim. Estamos na luta, mesmo tendo perdido três jogadores para o Valadares", sublinha Bock, que vai tendo no angolano Mateus - Gil Vicente, Boavista, Nacional e Arouca - um abono de família com 25 golos em 28 jogos, isto nos seus 39 anos, matador da Divisão de Elite.
"É um miúdo espetacular. Para mim a idade não conta, joga tenha 17 ou 40 anos. O Mateus faz pela vida para jogar. Não tinha ideia dos golos que tinha quando cheguei, sei do Mateus com que lido, tenho tentado tirar partido das suas qualidades e sei como o devo tratar, pois devo olhar para a idade, apenas no sentido de não lhe pedir piques constantes, para não o deixar exausto para o jogo", contextualiza. "Temos microciclos de treino que ele faz praticamente tudo, há terça tem uma recuperação maior e às quartas posso geri-lo. Temos de ser inteligentes a gerir a sobrecarga. O Mateus tem uma maneira de jogar que não é fácil, ainda mantém acelerações, piques, mudanças de velocidade. Tento aproveitar isso e acho que tenho aproveitado bem", sustenta Bock, analisando a essência do seu avançado, reconhecendo uma interiorização mais egoísta na hora da verdade.
"Sei bem o que ele passa e vive no jogo, alguma ansiedade. Eu também era assim, há momentos que podes dar e não dás. Temos uma grande relação, respeitadora, ele trabalha bem, ajuda os colegas e ajuda o treinador. Tem golos mas não joga por estatuto, joga porque corresponde durante a semana e com ótimo feitio. Tem feito de tudo para ser importante no grupo. Eu respeito o currículo mas isso não é jogar sempre, pois devo retirar-lhe alguma carga, poupá-lo um pouco, em vez de 75 minutos pode fazer 55. Tem sido bom treiná-lo, curiosamente os meus pontas-de-lança têm sido sempre goleadores do Campeonato", revela Bock, recuando ao seu tempo de jogador maiato, em 1994/95.
Estavam nas fileiras do clube Phil Walker ou Nikolic, antigas figuras de Boavista e Salgueiros. "Não me esqueço de pessoas que me ajudaram. Eles foram dois grandes exemplos de colegas do meu primeiro ano sénior. Era um plantel de grande qualidade, eu vinha rotulado de maior goleador de sempre da formação do FC Porto mas joguei pouco. Só que aprendi muito com pessoas muito experientes", relata. "No ataque era complicado, lidava com Nogueira, Landu, um dos melhores avançados que jogou na 2.ª B, e Saavedra, ex-Belenenses. Eu era um miúdo, muito querido de todos. Foi incrível apesar de ter feito cinco ou seis jogos. Foi muito importante essa etapa do Maia, olhando ao que fiz depois", disse a O JOGO.