Argelino é património sagrado dos dragões e exalta orgulho pela história escrita. Primeiro contacto com o novo presidente augura futuro próspero
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Mago argelino, expoente da afirmação europeia do FC Porto, a partir de Viena, Madjer foi o primeiro galardoado Vintage, distinção entregue na mais recente gala dos Dragões de Ouro. Um calcanhar fez a lenda, uma obra de arte fabricada com génio descarado, colocou o magrebino no altar dos imortais com o manto portista. Ainda desmontou Winklhofer na jogada do segundo golo, abraçando a veneração.
Este Dragão de Ouro prova que o Madjer será sempre um diamante eterno?
-O carinho e respeito que consegui num clube como o FC Porto, percorrendo tantas lembranças do público que tanto me apoiou, do legado que deixei, brilhando e vencendo, é algo fantástico. Seguirei toda a minha vida imensamente feliz e orgulhoso de ter passado pelo FC Porto, que tanto me deu. Ganhei a Taça dos Campeões e, também por conta do FC Porto, venci a Intercontinental, não esquecendo taças e campeonatos. É um orgulho sem limites.
Neste regresso apanhou um FC Porto transformado e com nova liderança. Como a aprecia?
-Estarei sempre agradecido a um grande clube, que marcou a minha vida. Obviamente tenho uma admiração enorme por quem me trouxe, o presidente Pinto da Costa, um homem com uma história ímpar, que conquistou tudo o que havia para conquistar. Nunca se cansou de ganhar em 40 anos, fez um trabalho extraordinário, e só tenho de me sentir honrado por o ter conhecido e trabalhado com ele. Entrou Villas-Boas e acredito que ficará também muito tempo, não sei se tanto, mas também ganhará muitos títulos. Viveu o clube por dentro, foi treinador, passou a presidente, tenho a certeza que tem o perfil adequado a fazer essa continuidade mesmo que saiba ter uma herança pesada. Deixará o seu legado.
A herança de Pinto de Costa pode ser pacífica para Villas-Boas?
-Quando se muda de líder, há sempre algo novo. Pinto da Costa deixou um museu cheio de troféus, mas há uma história que tem de escrita por outros dirigentes, neste caso por Villas-Boas. Terá uma missão difícil, não impossível, porque comanda um grande clube. Está habituado a ganhar, assim o fez como treinador. Tem experiência para conduzir o FC Porto a bons resultados.
Foi um destino perfeito para si chegar ao FC Porto?
-Sou uma pessoa com sorte porque fui para um grande clube como o FC Porto, que me fez ganhar esta incrível competição. Fiquei na história, foi algo extraordinário, está marcado em tanta gente que quando, no mundo inteiro, alguém marca de calcanhar, logo se diz que foi à Madjer. Ter sido protagonista como fui desta final não tem preço. É muito orgulho. Erguer o troféu após a partida foi impressionante. Nunca pensei que um dia fosse ganhar a Taça dos Campeões Europeus.
Bate a saudade por Artur Jorge?
-Ele foi fantástico, todo o plantel também o foi. Os jogadores desse FC Porto foram todos heróis, dos mais falados aos menos falados. Deram muito, especialmente nessa grande final. Devem estar todos ao mesmo nível no museu do FC Porto, porque são inesquecíveis, fizeram história pelo clube e foi um prazer jogar ao lado de todos. Foram gigantes do futebol português, venceram essa final com uma coragem extraordinária e uma presença formidável.
Voltou a ver o FC Porto ser campeão europeu, há espaço para a terceira vez?
-Fiquei muito feliz quando vi o FC Porto voltar a ser campeão europeu, contra o Mónaco. À frente desse sucesso alguém como Mourinho. Foi uma equipa que surpreendeu muita gente, o clube voltou a surpreender a Europa. Foi o segundo título europeu e foi a prova que o FC Porto pode sempre aparecer forte a qualquer momento. Por isso, os adeptos têm de saber que o clube é capaz de voltar a vencer esse grande troféu, seja uma terceira vez ou até uma quarta vez. E agora com o presidente Villas-Boas. Tudo é possível, ele acaba de chegar, lida com um período de crise do clube. Temos o exemplo do Real Madrid, que estava muito mal e voltou a levantar-se na Europa com o triunfo em Bérgamo [2-3 em casa da Atalanta]. O futebol é assim, as crises são cíclicas, resolvem-se. Vamos ouvir falar do FC Porto nos próximos anos, tenho a certeza.
Que tal será ver o FC Porto no Mundial de Clubes? O Al Ahly, por exemplo, será um osso duro de roer?
-Será uma grande competição, um grupo interessante, posso falar do Al Ahly, uma equipa muito boa, uma das melhores de África. O futebol nunca é uma ciência exata e o Al Ahly pode fazer surpresas. Não devemos esquecer o poderio do FC Porto, porque está habituado a fazer grandes jogos a este nível. O FC Porto terá mais possibilidades, mas deve ter cautelas. Não pode faltar determinação, tem que fazer um jogo limpo de erros. Espero que seja um bom jogo e que vença.