Ex-presidente não se rende, acredita que irá escapar aos processos judiciais que tem em cima e voltar depois à cadeira do poder encarnado. Declarações que proferiu sobre Rui Costa após o triunfo na Youth League são vistas como um sinal inequívoco da sua intenção. "Sempre o defendi, mas o que disse foi infeliz", analisou José Capristano.
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Deixou o Benfica por causa dos processos judiciais em que está envolvido, mas Luís Filipe Vieira não perdeu de vista um regresso à cadeira do poder benfiquista, algo que não planeia tentar a curto prazo, mas que tem em mente assim que se consiga libertar das amarras judiciais e, em paralelo, se conjugue o prolongamento do período de insucesso desportivo que as águias atravessam. Segundo O JOGO apurou, Vieira, que está no Brasil, já o anunciou a pessoas próximas.
Esta intenção de Luís Filipe Vieira, que renunciou aos cargos que desempenhava no clube a 15 de julho de 2021 na sequência da detenção por causa do processo "Cartão Vermelho", pode ser extraída do sentido das declarações que proferiu anteontem, à CMTV, minutos depois do Benfica ter conquistado a Youth League, após três finais perdidas.
Para José Capristano, e tendo em conta o que Vieira afirmou, o plano de regresso estará na mente do ex-presidente. "Admito perfeitamente que pense ou queira mesmo voltar ao clube como presidente. Fez obra, como o estádio e o centro de estágio, profissionalizou o Benfica. Porém, eu que sempre o defendi publicamente, digo agora que ninguém lhe tira os méritos, mas assim os sócios não o vão querer de volta", afirmou o antigo dirigente a O JOGO.
Vieira afirmou que "o Benfica tem de ser acompanhado", sublinhou que "nenhum adepto deve estar satisfeito" com os resultados desportivos e lançou farpas ao atual presidente.
"A influência do Rui [Costa] no Seixal tem sido praticamente inexistente ao longo destes anos", dando os méritos do título de sub-19 aos jogadores, treinadores e a Jaime Graça, antigo futebolista que desempenhou o cargo de coordenador-técnico da formação.
"Foi ele [Vieira] que afirmou ser o passado e o presente do Benfica e Rui Costa o futuro. E foi ele quem despediu Jaime Graça e vendeu muitos jogadores formados no Seixal ao longo dos anos", argumentou José Capristano.
Luís Filipe Vieira considera que pela história feita por si no clube merecia outro reconhecimento e confia que, se as coisas não correrem de feição a Rui Costa, voltará a ter os sócios do seu lado.
"Estas afirmações não satisfazem 90 por cento dos associados", avisa Capristano sobre o ex-presidente que, a par da sua ambição futura, mantém contacto efetivo com alguns responsáveis, como com o vice-presidente Jaime Antunes (foi público um almoço entre ambos), o administrador executivo Domingos Soares Oliveira e vários elementos do futebol de formação.