Memórias partilhas por John Diaz, ex-treinador colombiano, acerca da participação do atual extremo do FC Porto numa seleção do país-natal
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Corria o ano de 2015 quando Luis Díaz, maior de idade há pouco tempo, recebeu uma convocatória para representar a Colômbia na Copa América dos Povos Indígenas, no Chile. Magro e fisicamente débil, "El Lucho" causou inicialmente dúvidas quanto à sua capacidade, mas o desfecho, tal era o entusiasmo... e talento, foi totalmente diferente.
"Pudémos ver os seus olhos iluminarem-se com essa experiência. (...)"Por um momento, pensámos que seria muito difícil para ele porque parecia ter problemas de desnutrição. Era muito magro e perdeu os duelos com outros jogadores", relata o ex-jogador internacional colombiano John 'Pocillo' Diaz, então treinador da equipa, à BBC.
Porém, Luis Díaz, oriundo de uma família humilde e de poucas posses, habitante junto à fronteira com a Venezuela, em La Guajira, uma das zonas mais negligenciadas pelo governo colombiano, onde morreram cerca de 5 mil crianças por falta de comida, entre 2008 e 2016 - "perguntava-nos se podia comer a mesma refeição mais do que uma vez" -, deu especialmente nas vistas nas captações com outros aspirantes.
"Apesar disso peso inferior] conseguiu destacar-se entre 400 candidatos e fazer parte do plantel de 26 atletas", recordou John Diaz, salientando, pelo que então observara, as debilidades de um jogador em crescendo que, todavia, tinha técnica bem apurada.
"inicialmente, jogou como avançado, mas teve um grande problema. Ele costumava correr com a cabeça para baixo aquando em posse de bola, por isso, nem sequer reparava que, por vezes, atingira o fim do campo. Ele era muito rápido e tinha uma técnica muito boa, a bola colava-se ao seu pé como cola", narrou o ex-futebolista.
Quando a Copa América dos Povos Indígenas terminou, com triunfo do Paraguai na final ante a Colômbia, Luis Díaz anotava dois golos e transportava a possibilidade de abrilhantar a carreira de futebolista. A partir daí, assumiu-se no Junior Barranquilla, saltou para o FC Porto onde, mais do que nunca, tem encantado as bancadas.