Luís Cirilo: "Podemos fazer diferente e melhor do que esta Direção esburacada do Vitória"
ENTREVISTA, PARTE I >> Luís Cirilo, da Lista A, candidatou-se à presidência do Vitória com a garantia de “fazer diferente”. As críticas a António Miguel Cardoso são muitas, vincando que ficou muito por fazer
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Luís Cirilo está ligado ao Vitória há décadas e decidiu avançar agora na corrida eleitoral para tentar melhorar vários aspetos, entre eles o património. As escolhas do atual presidente são criticadas.
Tem uma ligação de décadas ao Vitória e já fez parte de duas Direções. O que o motivou a candidatar-se nesta altura?
-As eleições são agora. Portanto, se as eleições são agora, quem acha que pode ser uma alternativa... Eu detesto o termo oposição. Fiz política ativa há muitos anos, em vários patamares, locais e nacionais. Na política há, de facto, o poder e a oposição, há o Governo e há a oposição ao Governo. No Vitória não há oposição, ninguém é oposição ao Vitória, como é evidente. Há uma alternativa. Eu e as pessoas que estão comigo podemos fazer diferente e podemos fazer melhor do que aquilo que esta Direção esburacada tem vindo a fazer.
“Nos meus 52 anos de sócio, não tenho memória de uns órgãos sociais em que tenha saído tanta gente”
Esburacada, porquê?
-Digo esburacada porque saiu muita gente. Nos meus 52 anos de sócio do Vitória, não tenho memória de uns órgãos sociais em que, em três anos, tenha saído tanta gente. Dos quatro vice-presidentes, três já lá não estão, ou melhor, dois já saíram e um não vai continuar. O presidente da Assembleia Geral sai, o presidente do Conselho Fiscal sai, aliás, o Conselho Fiscal sai todo. E é uma coisa curiosa, tudo o que tem que ver com contas no Vitória é um bocadinho estranho. O vice-presidente para a área financeira, o primeiro, demitiu-se. O diretor financeiro despediu-se e foi trabalhar para o Rio Ave. O presidente do Conselho Fiscal saiu em divergência pública, assumida, com as contas do clube. Esta instabilidade que existe no Vitória prejudica o clube, a imagem do clube e o seu bom funcionamento. Acho que podemos fazer melhor. As pessoas que estão comigo na lista são, todas elas, vitorianos, algumas das quais já com ligação ao Vitória como dirigentes de secções. São pessoas que conhecem o Vitória, sabem o que é e o que pode ser.
“Comigo não haveria nunca nove treinadores em três anos. Nove incluindo o Aroso e o Rui Cunha, que foram interinos”
E o que podem fazer melhor, concretamente?
-Podemos fazer melhor no futebol, por exemplo. Comigo não haveria nunca nove treinadores em três anos. Nove incluindo o João Aroso e o Rui Cunha, que foram interinos. Comigo era impensável contratar um treinador e depois fazer três jogos, como foi o caso do Daniel Sousa. Fez três jogos, foi mandado embora e leva uma indemnização de umas centenas de milhares de euros, seguramente. Porque, obviamente, para rescindir o contrato, tiveram que o indemnizar. O Vitória ainda anda a pagar ao Paulo Turra, que foi despedido há um ano. E como ainda não encontrou, se calhar, quem desse um ordenado igual ao Vitória, ou superior, deixa-se estar. É normal, ninguém tem de levar a mal. Ele estava sossegado no Brasil, um dia foi ao Facebook, tinha lá uma mensagem do presidente do Vitória a convidá-lo para ser treinador. Pronto, veio para aqui, fez oito ou nove jogos e foi embora. Esta instabilidade não existe. Quero também um diretor desportivo, que esteja entrosado no mercado internacional, que tenha bons contactos e que conheça bem o futebol lá fora.
“O Conselho Fiscal sai todo. E é uma coisa curiosa, tudo o que tem que ver com contas no Vitória é um bocadinho estranho”
E além do futebol, que ideias tem?
-As modalidades também têm de ter mais organização, mais investimento, têm de ter melhores condições de estabilidade. Na questão do património, por exemplo. Há dois anos, o presidente da Direção deu uma entrevista a dizer que a obra arrancaria ainda no mandato dele. Nada. E o miniestádio, que foi começado no mandato anterior? Uma das promessas era investir nas infraestruturas. Investiu zero. Zero. Não fez nada. As infraestruturas estão exatamente na mesma. Nós propomos fazer diferente no futebol, nas modalidades, no património, na ligação aos sócios e na ligação à comunidade.