Central brasileiro falou com a BTV e contou pormenores sobre o momento que o afastou durante mais de meia época
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Conversa sobre jogo com o Barcelona: "Na semana anterior ao jogo do Barcelona, conversava com a minha esposa e comentámos que salvei lances bonitos em cima da linha, que consegui defender, isso, no Santos. Comentei com ela que faltava um no Benfica. Já tinha mais ou menos 30 jogos. Uma semana antes. Comentámos. Com o Barcelona aconteceu esse lance. Lembro-me do lance, eles tinham ganho a frente, foi uma bola lateral, só me lembro de "tenho de evitar este golo de alguma forma". A única forma era atirar-me. Quando consegui... no campo você nem percebe. Quando saí pude ver. Infelizmente aconteceu uma das piores coisas que podia acontecer na minha carreira. De repente, num estalar de dedos foi tudo por água abaixo."
Momento com Galeno e lesão: "Foi um lançamento lateral, eles exploraram muito a velocidade do Galeno. Cheguei inteiro no lance, desloquei-o e a bola fugiu. Nessa fração de segundos, deu-me na cabeça de jogar na bola. A bola fugiu para ele. Não me atirei, só me apoiei, ele perdeu um pouco a referência e atirou-se à bola. Foi aí que a minha perna travou. Senti um baque, um estalo. Caí no chão com medo. Senti aquilo, que não era algo simples, como estava quente. Já nem mexia a perna porque estava com medo. Um pouco antes do doutor chegar, mexi e vi que a perna estava meio estranha. O doutor avaliou e com uma cara que deu asneira. Disse que não. Levantou-me e perguntou-me se tinha a certeza se dava e eu respondi que sim. O doutor, então, tentou apoiar a perna. Tentei e a perna ficou deslocada. Aí senti que realmente tinha dado asneira. Chegámos ao balneário e eles não quiseram passar a gravidade da lesão, quiseram esperar pelo exame, mas disseram para me preparar porque não era algo simples. Soube depois que tinha tido ligamento cruzado e mais algumas coisinhas lá dentro. Recebei um abraço caloroso da minha mulher. Ainda dá um calafrio, não consigo olhar, é muito feio de ver. Comecei a receber chamadas dos meus pais, eles estavam no Brasil. Foi um balde de água fria para todos."
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Marcas para o futuro: "Agora tenho estas marcas que vão ficar para o resto da vida, mas vou poder contar aos meus filhos que são marcas que mostraram alguém dentro de mim mais forte do que já era e que consegui vencer. É isso que quero dizer no futuro. Não vejo a altura de voltar, de ter o contacto com os adeptos. Houve um jogo que me tocou mais, foi o jogo com o Liverpool. A vinda para o estádio, a euforia das pessoas, o ambiente que estava. Não que os outros não estivessem, mas aquele bateu mais. Queria estar a viver aquilo e lá dentro. Uma coisa é viver lesionado, outra é viver lá dentro. Ali foi onde mais me deu o gostinho: 'porra, podias ser tu a estar lá'. Aconteceu, é ter paciência e agora quero viver isso na próxima época de novo. Só que agora lá dentro. Vim com esse intuito: ser campeão, conquistar títulos, aqui. É o meu maior desejo e tenho a certeza que os vou conquistar."
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Próximo passo? "Vejo-me no balneário, a pegar nas chuteiras, calçando-as, subindo as escadas para ir para o relvado, pegar na bola de basquete que brincamos, lançar uma, chegar ao relvado, fazer o que sempre faço, agradecer a Deus por estar novamente a trabalhar, por mais um dia de vida, por estar a correr. Quando ouço a bola a rolar no relvado, sei que vai ficar tudo bem."