Lucas Dias chegou ao Sporting com 11 anos: "Chorava muito, mas tive de arregaçar as mangas"
Lucas Dias, jogador do 1º Dezembro, que vai ser rival do Braga na Taça de Portugal, fala da sua carreira, identificado com 11 anos pelo Sporting no Canadá. Está cedido pelos leões e na época passada jogou no país onde nasceu
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Médio-ofensivo com uma história curiosa, Lucas Dias é um jogador à espera de minutos para causar impacto no 1º Dezembro. Emprestado pelo Sporting, o centrocampista vem de meia época no Canadá, onde alinhou no Cavalry, reencontrando as raízes canadianas - é, na atualidade, internacional sub-23 - pois deixou Toronto com 11 anos, por empurrão do olhar cirúrgico de Aurélio Pereira, vendo um talento feito à medida da academia de Alcochete. Com 18 anos até impressionou Rúben Amorim que o chamou a um teste contra o Torreense. Agora esboça sorrisos na ânsia de merecer a estreia pelo conjunto de Sintra, na Taça de Portugal, frente ao Braga.
"É um jogo que toda a gente quer jogar, é um momento muito importante para nós, vamos fazer de tudo para seguir em frente. Será um jogo como outro qualquer, vamos cara a cara, sem medo, aplicando as nossas ideias. Estamos confiantes que vamos passar, vamos dar tudo", afere Lucas Dias, certificando a sua ambição mais pessoal. "Passar é o mais importante, estamos confiantes. Espero também ser opção, mas cabe ao treinador decidir. Se for chamado estarei pronto", garante o médio ex-Cavalry.
"Vim emprestado, estive meia época no Canadá, penso em ajudar o 1º Dezembro a chegar aos objetivos traçados, sendo mais um a contribuir, com vitórias, golos e assistências", atesta, juntando um autoretrato. "Sou ofensivo, forte na receção, gosto de apostar no um para um, forte no drible, bom a jogar entre-linhas, fazer o último passe e criar espaços para outros aparecem a finalizar. Estou aqui para jogar o máximo possível", aclara Lucas Dias, recuperando a sua carreira e a evolução apressada a que foi obrigado.
"Era um miúdo com 11 anos a jogar no Sporting de Toronto e o Sporting com o seu scouting descobriu-me. O Aurélio Pereira, que toda a gente conhece, acompanhado de outras pessoas, gostou do que viu e acabei por receber proposta para vir para Portugal com 11 anos. Não foi escolha difícil, toda o jovem no Canadá vai querer jogar na Europa, sabia que era o passo certo para chegar ao máximo nível. Mas, ao mesmo tempo, foi muito difícil, deixei os meus pais, a minha família, com apenas 11 anos, atravessando para outro lado do Atlântico", rebobina um capítulo que também foi sensível. "Vivi dois ou três anos cheio de tristeza e saudade, chorava muito. Tive de arregaçar as mangas, aguentei e o Sporting também me ajudou muito na transição. Era o mais jovem da academia, não sabia falar português, os colegas também ajudaram. Mesmo nas dificuldades sabia que era o passo certo e ninguém me podia dizer o contrário. Mas sem o apoio da família, todos os sacrifícios teriam sido em vão."
"Renato Veiga arriscou e deu certo"
Na academia do Sporting Lucas Dias contactou com todos os diamantes leoninos das últimas épocas, desde Nuno Mendes a Renato Veiga, passando por Quaresma, Catamo, Tiago Tomás ou até Quenda.
"A relação com o Tiago Tomás e o Eduardo já foi há mais tempo, eram um ano mais velhos e não jogava tantas vezes com eles. Jogava mais com o Renato Veiga e o Mateus Fernandes. O Quenda apanhei na época passada nos sub-23 e o Geny há dois ou três anos na equipa B. Todos têm muita qualidade, eram miúdos com objetivos altos, desejosos de chegar a alto nível. Alguns tiveram de fazer o caminho por fora mas cada um deles está bem e acredito que vão alcançar muito mais", expressa o médio do 1º Dezembro.
"Com o Renato e o Mateus tive experiências muito boas na Youth League, passava mais tempo com eles do que com a família, são momentos que não se esquecem. E são amigos que levo para o resto da vida", confessa, analisando as emoções fortes de Renato Veiga da última semana com estreia absoluta na Seleção. "Eu e o Renato conhecemo-nos há mais de dez anos, somos do tipo melhores amigos. Somos próximos e falamos muitas vezes. A saída do Sporting foi uma coisa normal, ele achava que a melhor solução era ficar mas também sentiu que não iam apostar nele naquele momento. Fico feliz por tudo lhe estar a correr muito bem, foi por fora e deu certo", afirma, medindo o trajeto que levou o central ao Wolfburgo, Basileira e, agora, Chelsea. "Nunca saberemos se ia conseguir ou não se ficasse no Sporting. Ele arriscou e acreditou nele. Estou muito feliz pelo que conseguiu e muito orgulhoso desta entrada na Seleção. Falava muito disso, era um sonho de miúdo. Fez um grande jogo, espero que tenha mais jogos e não fique por aqui", expressa Lucas Dias, terminando com um voto de felicidades a Renato Veiga. "É um espetáculo vê-lo no Chelsea, sei que está muito realizado e só quero continuá-lo a vê-lo feliz", resume.