Koehler: "Jogadores assediados para mudarem de agentes porque há perspetiva de que Villas-Boas vai ganhar..."
Declarações de João Rafael Koehler, que figura na lista liderada por Pinto da Costa nas eleições do FC Porto como vice-presidente para a área financeira, em entrevista concedida ao Jornal Económico
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Alfinetada a André Villas-Boas: "O clube não tem um problema financeiro muito grave, tem um problema de tesouraria muito grave. E são duas coisas muito diferentes. Tenho que fazer um comentário, diria com algum sentido de humor, porque há quatro anos, com contas muito semelhantes a estas, o candidato da lista B foi o primeiro subscritor da lista encabeçada pelo presidente Pinto da Costa, o que não deixa de me fazer pensar que, como dizia o poeta, mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, e muitas vezes nós moldamos os tempos às nossas vontades. Portanto, vir agora a dizer que se lembraram que as contas estavam muito más quando há 4 anos nós chamámos a atenção para isso..."
Criticou a Direção e a situação financeira em 2020. O que mudou desde então? "O que eu disse há quatro anos foi dito e esgotou-se no dia em que as eleições aconteceram. A partir do momento em que aconteceram as eleições, qualquer sócio, qualquer acionista do clube, tem como função colaborar para o sucesso do clube. E foi isso que eu fiz. Eu não sou uma pessoa de passar a vida a criticar, passar a vida a dizer mal, porque sou um homem de negócios. E, mais simpático ou menos simpático, estou aqui para fazer, porque, que eu saiba, as críticas não pagam contas e nunca pagaram."
Críticas à Lista B: “Relativamente às dificuldades de tesouraria, os últimos meses têm sido muito difíceis e isso tem muito a ver com a campanha eleitoral. Ou seja, quando verificamos que existe uma candidatura que permanentemente critica contas, desvaloriza a equipa, critica os jogadores, critica a equipa técnica, critica os sócios, critica a qualidade dos adeptos, critica o comportamento dos adeptos, tudo isto desvaloriza a equipa. Tenta impedir contratos de financiamento, negociações que estão a ocorrer quando se sabe perfeitamente que o clube não se financia na banca e que sem essas operações de financiamento o clube não consegue sobreviver e não se consegue manter a competir. É muito importante dizer isto, existe a ideia, da parte da lista B, de um poder de implosão que querem ter para rebentar com o clube e o clube ser proibido de competir. E isso foi uma coisa a que assistimos. Um assalto às operações que estamos a fazer, a crítica às operações que estamos a fazer, lançar a ideia de que existem conflitos de interesse ou interesses obscuros nas operações que estamos a fazer. Tudo isto o que significa? Que os investidores ficam assustados. Não querem financiar o clube, querem financiar o clube em taxas mais altas e, portanto, no fundo a ideia é de que vale tudo para ganhar o clube."
Elogio a Pinto da Costa e mais críticas a AVB: “Pinto da Costa coloca sempre o clube à frente da candidatura e isso, para mim, é uma coisa que é muito importante. Enquanto falava sobre a tentativa de implosão de acordos de financiamento, falo também de processos executivos junto dos tribunais por incumprimento do clube, processos executivos por parte de agentes ligados a André Villas-Boas ou muito próximos a Villas-Boas, participações à UEFA, tudo no sentido de prejudicar o clube, de denegrir a imagem do clube e ser mais fácil de ganhar as eleições. Eu não consigo aceitar isto. É uma coisa que eu não faria. Mais do que isso, o que assistimos agora, na equipa B, em que jogadores foram assediados para não renovarem contratos, ou o que está a acontecer na equipa A, em que os jogadores são assediados para mudarem de agentes porque há a perspectiva de que o André Villas-Boas vai ganhar e, se não forem de determinado agente, já não vão jogar. Isto é o cenário de maior implosão que aconteceu ou a que se assistiu no FC Porto e, durante estes meses, o clube e o seu rating foram depreciados.”
Negócio Legends/Ithaka: “Muitas vezes, a lista B do André Villas-Boas fala na comunicação social sobre as operações de financiamento, sobre as taxas, sobre os acordos e isto é altamente prejudicial para o clube. Parece que nunca ouviram o famoso ditado: 'O segredo é a alma do negócio'. (…) Alguém quer fazer negócios com um clube que, dentro dele, tem chibos que falam sobre os pormenores do negócio? Ninguém gosta de fazer isso. Os negócios são confidenciais e eu estou a utilizar esta expressão que é para as pessoas poderem entender. Era um negócio [Legends] que estava a ser conduzido há mais de um ano e meio e que teve a sua conclusão num determinado momento. Vêm falar sobre os timings para a conclusão do negócio. É um contrato que espelha muito o contrato que o Barcelona fez com esta empresa. Atendendo a que existe uma cláusula que permite a rescisão desse contrato, se o André Villas-Boas entender que o timing é errado e que esse contrato hipoteca o futuro do clube, devia desde já dizer que o rescinde e que não o aceita. Devia desde já dizer, porque senão não é sério estar a mandar postas de pescada para o ar, a dizer que há conflitos de interesses, que os negócios são obscuros e a deitar o nome do clube para a lama. E depois, daqui a dois ou três meses, na remota hipótese de ser presidente, aceitar o contrato e prosseguir com o negócio.”