Kazu com o ídolo "King Kazu Miura" na Oliveirense: "Será um sonho assistir para o golo dele"
Clube conta com lenda e com um aspirante ao estrelato, 33 anos mais novo, batizado pelo legado japonês em Coritiba. Defesa sonha assistir o "mestre" para o primeiro golo; SAD recrutou lenda, que ainda agora se estreou, contra o Académico de Viseu, mas tem outro com o mesmo nome, de 23 anos. Brasileiro de olhos rasgados tem uma proximidade única com o japonês, de 56 anos.
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Soa improvável como se ao campo da ficção pertencesse, mas em Oliveira de Azeméis há outro Kazu, bem mais novo que o lendário japonês de 56 anos, agora estreado em Viseu. Enquanto isso, há Christian Kendji Wagatsuma Ferreira, defesa-esquerdo de 23 anos que com 19 jogos na época tem sido uma das grandes revelações da equipa. Nome nipónico, olhos rasgados, aura oriental de um miúdo que começou cedo a dar nas vistas na base do Coritiba, onde o King Kazu teve a sua coroa entre 1988 e 1989, criando grupos de fãs e memórias que perduram. O lateral acabou brindado por um nome especial na cidade e com ele já tenta vingar no futebol europeu. A inspiração maior da vida está, agora, imagine-se a seu lado. É real, nem se espreme por um VHS ou DVD, nem há qualquer recriação pela BD.
"Cheguei ao Coritiba bem pequeno, tinha 13 anos, não havia noção de jogadores japoneses no Brasil. Mas encontrei um treinador que estava lá há muito tempo e contou-me toda a trajetória de Miura no clube. Eu fiquei Kazu a partir desse momento", reabre o baú e fecha de seguida, o presente enreda-se com o passado. "Estar com ele agora não tem palavras, é um ídolo de todos em todo o mundo. Mas posso falar que é ídolo pelo jogador e pessoa que é. Chegar aos 56 anos a competir ao alto nível é incrível. É uma motivação trabalhar com ele, é só desfrutar. É fantástico!", defende Kazu, que tem avós japoneses do lado da mãe.
Desde a chegada do portento mediático, o brasileiro formado no "Coxa" encontrou um aliado diário, não havendo o peso da diferença da idades. "É um jogador fantástico e de uma humildade sem igual. É muito respeitador, quer sempre treinar o melhor que pode, dedica-se, e quando chegar o momento vai corresponder", avisa, idealizando ser parceiro de algo histórico: "Fomos conversando muito sobre o primeiro jogo, que agora aconteceu. Infelizmente estava eu lesionado. Será um sonho jogar a seu lado, levo tempo a imaginar como será, se faço um passe ou cruzamento para que faça o seu primeiro golo em Portugal. Seria algo enorme para os dois", garante Kazu, identificando outra particularidade dos treinos. "Sempre que alguém chama Kazu, ficamos os dois a olhar um para o outro. Mas, por regra, eu sou o Kazu, ele o Miura."
Vídeo que arrepiou em 2017
"Assim que chegou, ele veio comentar muito essa coincidência, porque ele já tinha ouvido falar de mim quando um amigo do meu pai, próximo dele, conseguiu que o Miura me mandasse um vídeo a felicitar-me pelos meus 17 anos, em 2017. Era difícil acreditar que um dia jogaríamos juntos! Que o tivesse de verdade no jantar do meu aniversário, como aconteceu recentemente, que jantássemos outras vezes" graceja Kazu. "Esse vídeo deixou-me arrepiado, foi incrivelmente gratificante. Foi algo mesmo raro", confessa o lateral-esquerdo, incrédulo com uma amizade que tem prosperado em Portugal.
O grande amigo Vini Jr.
Campeão sul-americano de sub-15 e sub-17 pelo Brasil, Kazu acompanhou Vini Jr., uma das grandes estrelas do futebol mundial nessas conquistas. É o herói da sua geração: "Estivemos juntos dos 14 aos 17 anos. Sempre descontraído, incrível, muito alegre! É merecedor de tudo o que tem conquistado pelo Real Madrid e seleção. Dos sub-15 aos sub-17 era ele quem mais se destacava", recorda Kazu, que adoraria ter oportunidade de entrar na alta roda europeia e cruzar-se com esse velho amigo que já mora na galeria dos notáveis: "Acredito que terei a chance de jogar contra ele. Tenho de viver o meu momento com a Oliveirense, penso que terei futuro em Portugal . O que mais tenho presente é a vontade de estar numa boa I Liga. Seria o meu destino perfeito", admite Kazu, mantendo a ligação com Vini Jr. pelo instagram.
"Futebol positivo e moderno"
Kazu tem feito exibições que o legitimam a sonhar. "Há muito por melhorar e evoluir. Nunca é bom acharmos que está tudo bem", alerta o defesa-esquerdo. Já marcou e já assistiu. "Gosto de procurar o ataque, apoiar na frente sendo consistente na marcação. Claro que senti dificuldade em Portugal, pois na fase inicial deixava a desejar na parte defensiva. O míster falou comigo e disse como gostava que eu atuasse. Entendi bem o jogo com boas exibições: "Os resultados já variaram um pouco mas é uma equipa que pratica bom futebol, um jogo moderno e bonito de se assistir."