Juntar o talento máximo com Corona, Otávio e Luis Díaz: um tridente como solução
Depoimentos recolhidos por O JOGO convergem na solução ideal, embora reconheçam alternativas para encaixar o trio de artistas. Tecatito já foi lateral-direito e também muleta de Taremi
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Considerados como três dos jogadores mais talentosos do FC Porto, Corona, Otávio e Luis Díaz ainda só entraram em simultâneo no onze por duas vezes esta época. A solução encontrada por Sérgio Conceição passou por desviar Tecatito para outras posições, como segundo avançado (Sporting) e lateral-direito (Atlético de Madrid), mas os inquiridos por O JOGO sugerem outra.
Juntar Corona, Otávio e Díaz no onze não tem de implicar recuo de Tecatito. Inquiridos preferem ver o trio no apoio direto ao avançado
No entender de dois ex-jogadores, dois treinadores e dois portistas ilustres, a utilização do mexicano, do luso-brasileiro e do colombiano num tridente nas costas do ponta de lança tem tudo para produzir bons resultados. "Estando em boa forma, os três têm de ser titulares. O Corona pode ser extremo direito, o Otávio esquerdo e o Díaz pode atuar no apoio a Taremi, como já aconteceu esta época, de forma esporádica", afirma Tonel.
A hipótese reúne consenso, ainda que com ligeiros ajustes. Os outros cinco inquiridos apontam Otávio ao papel de "maestro", com os virtuosos extremos nos seus lugares de raiz. E, para que o equilíbrio da equipa não fique em xeque, o compromisso defensivo do trio tem de ser constante. "Os três evoluíram na reação à perda de bola. São tecnicistas, mas têm prazer em ajudar a equipa. Honra seja feita ao Sérgio [Conceição] nesse trabalho. Estes jogadores são talentosos, mas podem coexistir no onze porque são todos trabalhadores", explica Cândido Costa. Carlos Tê junta-se na opinião. "Teria de sair um dos dois avançados para que os três pudessem juntar-se. Com o duplo-pivô, há segurança defensiva e sempre achei contranatura recuar o Corona para lateral. Retira-lhe espaço para a criatividade atacante", sustenta o escritor.
Carlos Azenha considera que "não é difícil encaixar três grandes jogadores". "Difícil é encaixar os "pezudos"", dispara. "Díaz é um fantasista que está num grande momento. Otávio é um dos melhores médios do futebol português e Corona é um ala puro. Caso o treinador entenda que tem de jogar a lateral, pode fazer a linha toda a partir daí", sublinha o treinador, antes de sugerir um esquema tático mais ousado como alternativa. "Até podia manter Taremi e Toni Martínez no ataque. Corona à direita, Díaz à esquerda e Otávio nas costas da dupla da frente. Se a equipa podia ficar desequilibrada? Não acho. Os adversários seriam obrigados a ficar recuados ou até a baixarem um médio", justificou o antigo adjunto de Jesualdo Ferreira no FC Porto.
A possibilidade de juntar o trio é algo que, para Rui Quinta, se adivinha tarefa de cariz "muito simples" para o técnico dos dragões. "Cabem todos no onze. Não só pela excelência técnica, mas pelo conhecimento do jogo que têm. E nem vou falar de mentalidade, porque, a este nível, é algo indispensável. Nem é preciso amarrá-los muito", defende o experiente treinador. Ideia que é partilhada por Manuel Serrão de forma mais taxativa. "Se estiverem todos em boa forma, não são eles que têm de se moldar. É o sistema que se adapta a eles. São três dos melhores jogadores que o FC Porto tem e, por isso, têm de jogar", remata. Na teoria, a receita está dada. A decisão de a passar à prática caberá sempre a Sérgio Conceição.
Inquérito
Se Sérgio Conceição quiser juntar Corona, Otávio e Luis Díaz no mesmo onze, qual a fórmula ideal a utilizar?
"Conversaria com o Otávio", Cândido Costa (ex-jogador e comentador)
"Falava-se num suposto insucesso do FC Porto no mercado, mas a verdade é que acabou por reter muito talento, onde se insere o Corona. Ele pode jogar a lateral, mas, a ter de optar, colocá-lo-ia à direita, com o Díaz à esquerda e teria uma conversa com o Otávio, para explicar-lhe que, além de médio, teria de ser uma espécie de avançado, num registo mais móvel. Ele faz essa mutação muito bem."
"Desequilíbrio não será problema", Tonel (ex-jogador e comentador)
"É sempre uma questão complexa, mas, com os três em boas condições físicas, têm de jogar. Se pode haver desequilíbrio defensivo? Na equipa do FC Porto nota-se um grande compromisso coletivo a esse nível. Todos os jogadores correm na hora de defender. Não há um que se dê ao luxo de não pressionar. O fundamental é que todos estejam comprometidos. Assim, não me parece que haja problema."
"Há preparação para juntar os três", Rui Quinta (treinador)
"Achei uma surpresa agradável ver o Corona como lateral. Dá uma amplitude diferente à lateral, mas, jogando na frente, o Otávio terá de fletir para o meio, ele que sempre foi um jogador de corredor central, mas que se adaptou ao que lhe foi pedido no contexto do FC Porto. Percebeu na perfeição o que a equipa precisa e aumentou a sua dimensão no jogo da equipa, que está preparada para isso."
"Sérgio não terá dores de cabeça", Carlos Azenha (treinador)
"Uma coisa é certa: trata-se de uma dor de cabeça que Sérgio [Conceição] não terá. Não vejo dificuldade em encaixar três grandes jogadores. Pelo contrário, só vejo vantagens. O Otávio é um médio completíssimo e nos corredores surgem dois extremos criativos. E poderá nem abdicar dos dois avançados, porque a equipa tem toda a capacidade de jogar com três defesas e Díaz e Corona nas alas."
"Com Corona em boa forma é fácil", Manuel Serrão (adepto do FC Porto e comentador)
"A partir do momento em que o Corona recuperar a boa forma a nível físico e mental, é fácil: joga a extremo direito, com Otávio no meio e Díaz à esquerda. Depois, o importante será manterem o nível. Luis Díaz começou a época em grande, oxalá continue assim até ao final. Quando terminar a temporada deverá sair, é o mais provável, mas, até lá, o mais difícil será dar seguimento a este momento."
"Não é preciso recuar Tecatito", Carlos Tê (adepto do FC Porto e cronista de O JOGO)
"Pode retirar Toni Martínez ou Taremi e jogar em 4x2x3x1, com Uribe ou Grujic a assumirem as despesas defensivas. Otávio a número 10, Corona e Luis Díaz como extremos. Recuar Corona para defesa não é uma hipótese que subscreva. Pode baixar para apoiar o lateral-direito, mas não pode ser o último homem da ala. Percebo que Sérgio tenha feito isso, mas, atualmente, não há necessidade."