Julgamento da Operação Pretoriano: termina a sexta sessão. Recorde o que foi dito
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Julgamento é retomado no dia 1 de abril.
"Há a situação com a senhora Sandra a gesticular com um indivíduo e chega ao cimo da bancada. Começa a discutir com ele, que estava a filmar e mexe-lhe no telemóvel. Pediu-lhe para não filmar e ficou a discutir. Depois, passa para um senhor que estava sentado e vai ao ouvido dele discutir. O Vítor Aleixo pai dá um cachaço na cabeça do senhor, o senhor levanta-se e fica ali a conversar com a senhora Sandra."
"As primeiras imagens que me recordo são do senhor Hugo Carneiro com as mãos atrás das costas e com pulseiras, não sei quantas eram. Também se vê ele de braço no ar a rasgar algumas das pulseiras e a entregar a pessoas que estavam a entrar.", diz. "O senhor Hugo Carneiro depois chegou a uma porta e abriu-a deliberadamente, deixou entrar pessoas. Os seguranças vão lá, mas mesmo assim as pessoas entraram. Parecia que queriam controlar. Começaram a entrar pessoas em massa", acrescenta, vincando a "atuação passiva" dos elementos da segurança privada presentes no loca.
Sexta sessão do julgamento da Operação Pretoriano foi dada como encerrada.
Hospedeira presente na AG diz que viu Fernando Madureira a ameaçar sócios e a dizer para baixarem os braços durante as votações. Afirmou ainda que "viu as agressões a Henrique Ramos e uma senhora a levar um pontapé na cara e a rebolar pelos degraus", escreve o JN.
"No auditório, senti um clima de intimidação a quem não fosse Pinto da Costa, pelos insultos a Villas-Boas e pelos cânticos a favor de Pinto da Costa. No Arena, senti mais alguma tensão e ameaças como ‘está calado, não tens nada de falar’. Sempre que havia alguém contra a administração, ameaçavam-no e também diziam para baixar o braço nas votações", disse, apontado o antigo líder dos Super Dragões como o autor dessas ameaças.
A juíza do processo aceitou o vídeo de André Villas-Boas durante a campanha eleitoral. Recorde-se que, segundo a defesa de Fernando Saul, o na altura candidato e agora presidente do FC Porto, terá incentivado sócios a trocarem de cartões para irem votar nas eleições de abril 2024.
Outra das testemunhas na manhã desta terça-feira, Peter relatou que quando entrou no Dragão Arena havia distúrbios na bancada norte, tendo visto pessoas a saltar para o recinto e a fugir. Um amigo com quem estava pegou no telemóvel e começou a filmar. “Uma rapariga, não sei quem é, nem se é da claque, tirou-lhe o telemóvel, ficou com ele alguns segundos e disse-lhe que entre marido e mulher não se mete a colher". "Também filmas quando discutes com a tua mulher?", questionou-o. Depois, a testemunha tirou o telemóvel da mão da rapariga, que estava acompanhada de um homem, escreve o Jornal de Notícias.
“Havia uma intimidação para não se usar o telemóvel. Sempre que alguém puxava do telemóvel havia intimidação, berros”, descreveu a testemunha, confessando, porém, que não ouviu nenhuma ameaça direta, mas que “havia comportamentos intimidatórios”. Contou ainda que viu Sandra Madureira a insurgir-se contra “um miúdo” por este ter publicado coisas nas redes sociais. “Ouvia-se: ‘não tiras o telemóvel, não tiras o telemóvel’, dirigido a várias pessoas”, relatou. “Via-se pessoas a movimentarem-se rápido de um lado para o outro e entendíamos que havia uma espécie de organização para intimidar e evitar que pessoas filmassem. Era a minha perceção. Havia pessoas a controlar, não tenho dúvidas”, testemunhou.
Peter afirmou que, a certa altura, foi ao exterior do pavilhão fumar e viu uma pessoa a entregar pulseiras de acreditação, mas não conseguiu identificar quem lá estava.
“Quando se retira a liberdade de expressão, isso para mim é um crime”, referiu.
A testemunha falou, depois, sobre o momento que se seguiu à intervenção de Henrique Ramos na AG. “Vejo dez ou 20 pessoas que estavam junto da claque dos Super Dragões a correr na minha direção. Senti-me ameaçado e tivemos que fugir para dentro do recinto”, afirmou, revelando que, na sequência disso, abandonou o pavilhão.
Peter revelou que no dia seguinte à AG entrou no grupo de WhatsApp "G1", que se transformou “numa plataforma de mudança”. “Na realidade era mais contra o sistema atual”, explicou, lembrando que, quando foi à AGE foi pela mudança. “Havia um clima claro e inequívoco de intimidação. O que aconteceu foi tão mau, tão triste, que houve muitas mais pessoas que ficaram com a certeza da necessidade de mudança, apoiando a pessoa que estivesse mais bem colocada para isso”, apontou.
“Naquela altura não sabia que o meu primo [João Borges, atual vice-presidente do FC Porto] ia ser candidato nas listas de Villas-Boas. Sabia que se André Villas-Boas fosse candidato o ia ajudar sempre na campanha porque são pessoas de confiança”, afirmou, garantindo que João Borges nunca lhe pediu nada, nem o instrumentalizou no seu testemunho.
Duas testemunhas pediram, na manhã desta terça-feira, para prestar depoimento com ocultação da imagem aos arguidos, no caso de um depoimento por videoconferência, ou na sua ausência da sala, no testemunho presencial. Isto porque, disseram, têm "medo de represálias".
A juíza Ana Dias explicou que não iria ajuizar se esses medos eram fundados ou não, mas frisou que “a obrigação do tribunal é que as testemunhas prestem declarações da forma mais livre possível. O deferimento do pedido não implica qualquer juízo de valor”, adiantou.
Advogados de Fernando Saul, do casal Madureira e dos Aleixo mostraram-se contra o pedido das testemunhas, realçando que as testemunhas estavam há muito identificadas e que não havia registo de qualquer ameaça, não havendo ainda uma razão em concreto para esse pedido.
Sofia Branco, advogada do FC Porto, disse que não era razoável que não respeitassem essa vontade sob pena de não se obterem declarações livres. Também o Ministério Público pediu ao tribunal que tivesse em consideração a vontade das testemunhas, pois “está em causa a descoberta da verdade material e se a saída dos arguidos da sala confere maior conforto às testemunhas isso não deve ser questionado”.
“Entende o tribunal, que atendendo aos tipos de crimes em causa nos presentes autos, o receio manifestado pelas testemunhas em causa, sendo que a presença dos arguidos na sala aquando do prestação do seu depoimento poderia coartar os mesmos na sua liberdade e espontaneidade, afigurando-se assim que tal consubstancia a razão e o fundamento para o deferimento do requerido”, afirmou a juíza, ordenando o afastamento do arguidos da sala aquando da pregação dos depoimentos.
Catarina, a primeira testemunha a ser ouvida esta terça-feira, contou que estava muita gente em frente à mesa de acreditação na zona do P1 a "fazer pressão". Sentiu "muito stress", mas conta que não foi ameaçada ou intimidada. As pessoas a quem não era dada pulseira, continuavam naquele espaço. "Ficavam naquele espaço e ficaram atrás de mim", explicou.
A testemunha, que era funcionária do FC Porto na AG de 13 de novembro de 2023, contou que Fernando e Sandra Madureira não gostaram que houvesse "tantas regras para entrar na AG". "Parece que estamos num momento de eleições", apontou Sandra Madureira. Catarina disse que estava apenas a fazer o seu trabalho.
As primeiras pessoas a entrar na AG eram elementos da claque Super Dragões, segundo a testemunha. Algumas pessoas tinha cartões de sócio do FC Porto, mas não os respetivos cartões de cidadão. Houve quem não soubesse dizer a data de nascimento, de forma a validar a entrada na AG, o que indicava que os cartões não eram dessas mesmas pessoas.
Segundo o Jornal de Notícias, Catarina contou também que uma das hospedeiras em serviço comunicou que tinha sido roubada uma caixa com pulseiras de acreditação, mas a testemunha não viu quem fez o furto.
“A câmara foi desviada, não apanhou essa agressão. O que sabemos é através de testemunhas”, refere o agente da PSP José Saldanha, falando num "calduço" que testemunhou de Vítor Manuel "Aleixo" a um adepto noutro momento.
"As imagens não tem som, mas a postura percebe-se que era agressiva", afirma.
Agente José Saldanha diz que Vítor Manuel "Aleixo" e o filho estão referenciados pela venda de bilhetes.
“Como é que obtém bilhetes? Não posso falar disso porque há um processo em segredo de justiça”, explicou o agente da PSP, após pergunta do advogado dos arguidos.
Fernando Madureira: "Passem à frente na fila"
Sandra Madureira: "Não é para deixar ninguém filmar"
Carlos Nunes: "Merecem levar na boca, esses ingratos"
Sandra Madureira após AG: "Temos de voltar, mas com mais cabeça. Se tiver que ser igual, que seja"
Fernando Madureira após AG: "Atenção que apontei as faltas, tenho muitos brindes. Se aparecerem no nosso meio vão levar no focinho."
"Há uma vítima que diz que foi agredida pelo senhor Fábio Sousa, com um estalo nos óculos. As imagens não mostram a agressão, mas a vítima fez a identificação", conta.
"Notei que passavam à frente da fila, porque o sr. Fernando Madureira apontava para um determinado local e todos se dirigiam para lá, entrando à frente dos outros sócios", diz Marcelo Gomes
"Se as alterações estatutárias fossem reprovadas era não só uma derrota, mas também considerada uma humilhação para a Direção", afirma o agente.
Continua a ser ouvido o agente da PSP Marcelo Gomes.
Henrique Ramos disse que os principais visados no discurso que fez na AG eram Adelino Caldeira e Fernando Gomes, que, no seu entender, lesavam o FC Porto "em vários milhões por ano".
"Quem enfiou a carapuça foi quem me veio agredir", acrescentou.
Henrique Ramos revelou que foi contactado por João Borges, atual vice-presidente do FC Porto, após a AG, ao ser questionado pelo advogado de Fernando e Sandra Madureira sobre quem era o atual dirigente do FC Porto que o tinha contactado.
"Eu disse que queria confrontar o Adelino Caldeira e o Fernando Gomes com o que se estava a passar. E disse que estava a engendrar uma coisa e o João Borges perguntou se eu ia deitar fogo à assembleia", recordou, estando a falar da Assembleia de 29 de novembro, a que seguiu à de 13 de novembro.
Agente Marcelo Gomes garante que Fernando Madureira "furtou uma caixa com pulseiras no interior". questionado pelo advogado do arguido.
"Tinham o interesse de que a Direção à data saísse reforçada pela aprovação dos estatutos", indica o agente, perante uma questão do advogado Gonçalo Nabais.
"Existem algumas falhas no telemóvel de Fernando Saul. Há, por exemplo, uma chamada no dia da assembleia por WhatsApp que aparece registo no telemóvel de Fernando Madureira e não aparece no telemóvel de Fernando Saul", lembra.
"Temos de ir em peso", "é porrada neles" ou "amanhã há porrada", são algumas das mensagens destacadas pelo agente Marcelo Gomes.
"Queriam permitir que entrassem não sócios, que entrassem pessoas da confiança deles na assembleia para que os estatutos fossem aprovados", refere.
"As mensagens foram recolhidas do dia 12. A parte dos cartões de sócio, das agressões, não são duvidosos. Pelo Fernando Madureira, pela Sandra, tinham que ser os primeiros. Fernando Madureira pediu que estivessem todos juntos. No dia 10, Sandra Madureira diz que pulseiras serão entregues amanhã para irem todos à reunião, já que dia 11 houve um jogo com o V. Guimarães. No dia 12, um elemento questiona quando é a Assembleia Geral e Sandra Madureira responde. 'se estivesses na reunião saberias que é amanhã'".
"Vimos o senhor Fernando Madureira nas imagens a dirigir-se à mesa de credenciação, baixa-se, tira uma caixa e entrega ao senhor Hugo Carneiro. Este tira as pulseiras e volta a entregar a caixa ao Fernando Madureira. O senhor Hugo Carneiro contactou depois com várias pessoas, que saíam já com pulseiras no pulso", diz o agente Marcelo Gomes.
Primeira testemunha a ser ouvida. "Nas imagens do P1 vemos um grupo numeroso de pessoas, onde se encontra Fernando Madureira. Existia uma fila de sócios e havia um grupo numeroso de pessoas junto à zona de credenciação. Ele recebia de certas pessoas cartões, que depois percebemos que eram sócios, e depois entrega a outras pessoas", recorda.
Quinta sessão prestes a começar. Serão ouvidos agentes da PSP que estiveram na investigação.
O coordenador da investigação da Operação Pretoriano descreveu no Tribunal de São João Novo, na segunda-feira, o clima de “intimidação e terror” fomentado pelos arguidos em torno da Assembleia Geral (AG) do FC Porto de novembro de 2023.
A quarta sessão do julgamento ficou marcada pelo depoimento do subintendente da PSP Dennis da Cruz, que relatou a forma como “imperava o medo” em relação à participação na AG de 13 de novembro de 2023. Segundo a testemunha, ouvida por videoconferência, a operação “complexa” incidiu sobre “um conjunto de elementos que protegiam, a todo o custo, e a título de proveitos financeiros, um determinado regime”, no caso o liderado por Pinto da Costa. “A minha convicção foi que o que se passou ali foi nada mais nada menos do que o arregimentar [de apoiantes], com coordenação e liderança de Fernando Madureira”, acrescentou.
Para Dennis da Cruz, estava em marcha um plano para “silenciar sócios legítimos do FC Porto, cuja única coisa que queriam era mostrar a sua insatisfação”. “Qual o motivo, do ponto de vista da investigação, levou àquele clima de intimidação e terror? O que terá levado [aos acontecimentos], (...) a motivação, foi uma hipotética candidatura de uma pessoa, o senhor André Villas-Boas”, notou.
Ter sido o próprio coordenador da investigação a notificar pessoalmente Villas-Boas, Henrique Ramos e Bruno Ramos, um chefe da PSP que presenciou os atos como sócio na AG, prendeu-se com a necessidade de “salvaguardar” segredo na operação, tendo este trio como “testemunhas chave”. “Iniciámos a investigação, com uma equipa restrita, e avançámos em força e em segredo”, revelou.
Dennis da Cruz considerou que Fernando Madureira e Sandra Madureira arquitetaram um plano para condicionar o clima em torno da reunião magna, inclusive utilizando como “pressão” a distribuição de bilhetes para um jogo pelos núcleos, num dos grupos de whatsApp que constam da acusação.
O subintendente defendeu que a putativa candidatura de André Villas-Boas esteve por detrás da criação de “umas primárias” em torno da AG extraordinária, quando estava em causa uma alteração estatutária, ecoando a mesma expressão utilizada, na primeira semana de julgamento, por Fernando Madureira.
De resto, a testemunha acusou ainda o ex-líder dos Super Dragões de ser o “promotor dos factos ilícitos” ocorridos na AG, em novembro de 2023, e de não ter tentado travar os conflitos, além de ter estado “em conluio” com outro arguido, Hugo Carneiro ‘Polaco’, para arrebatar pulseiras de acesso à reunião magna.
O representante de Fernando e Sandra Madureira, Gonçalo Cerejeira Namora, exigiu a gravação do depoimento do polícia por “manifesta animosidade” e por se ter referido três vezes a sete dos arguidos como “pretorianos”, um termo que considerou “pejorativo”.
Perante o protesto da procuradora Graça Ferreira, que considerou a interpretação de alguma inflamação na instância “manifestamente excessiva”, a juíza deferiu o pedido depois de questionar o advogado, que pode agora, em nome dos clientes, apresentar queixa contra Dennis da Cruz.
Acrescentou ainda que Fernando Madureira recebeu cartões e números de sócio e distribuiu-os, incitando pessoas a passar à frente na fila, num grupo de WhatsApp com 166 elementos, nos quais se inserem sete arguidos.
Decorre esta terça-feira a quinta sessão do julgamento da Operação Pretoriano, no Tribunal de São João Novo, no Porto.
Está terminada a sessão desta segunda-feira do julgamento. Os outros dois polícias serão ouvidos amanhã, terça-feira. Estão atrasadas as audições de mais de 20 testemunhas.
O arguido pede para ser dispensado de algumas sessões por motivos de saúde. O pedido é aceite.
"Os Super Dragões entendiam isto como umas primárias. Disseram que me iam dissolver em ácido. Já luto contra o crime organizado há 14 anos”, afirma o comissário da PSP.
"Nós tínhamos e temos informadores dentro dos Super Dragões", diz Dennis da Cruz. "Do dia 12 só me lembro do Fernando Madureira mandar mensagem a dizer 'leva tudo nos cornos' e referia-se à AG", acrescenta.
Advogado de Fernando Madureira pretende que seja extraída uma certidão por Dennis da Cruz ter-se referido aos arguidos como "os pretorianos", referindo que a testemunha revelou animosidade para com os arguidos. A procuradora Graça Ferreira entende que a posição é excessiva e diz que não será o tribunal a avançar com procedimento criminal. Será extraída certidão da gravação do depoimento e o advogado é que terá de o fazer, se assim o entender.
"Essa tese do bombeiro salvador... Não vi o Fernando Madureira a fazer o que quer que seja para parar o que estava a acontecer na AG, nem com Henrique Ramos, nem com quem quer que seja. O que posso dizer é que Henrique Ramos é amigo de Fernando Madureira e sabe mais do que diz", afirma.
"As imagens confirmam os relatos das testemunhas, as mensagens. Fernando Madureira recebeu cartões de sócio, papéis com números e distribuiu-os. Também foi visto a furtar pulseiras com outros elementos da claque. Os sócios legítimos passaram para segundo plano, os outros passaram à frente. Os estatutos iam ser renovados com claro interesse do clã Madureira. Havia uma organização prévia", diz, acrescentando que num dos grupos do WhatsApp, que tinha sete dos arguidos,
Fernando Madureira deu ordens para que "passassem todos à frente na fila".
Questionado pelo advogado de Fernando Madureira sobre quem fazia parte da equipa de André Villas-Boas e quem era o elo de ligação, o comissário da PSP responde: "Nós não estávamos a favor de candidatura alguma, nós somos a PSP. Não nos meta nesse jogo."
"Os grupos [de WhatsApp] com mais ênfase eram os Super Dragões 1986 e Reservas de Núcleos. Todos tinham como administradores Fernando e Sandra Madureira. Tinham conhecimento e leram as mensagens", garante.
"Eu não vi lá ninguém a apagar fogos, as imagens são clarinhas", diz o superintendente, referindo-se às declarações de Fernando Madureira. "Temos pessoas que têm medo, sentem-se intimidadas. Tínhamos vários inimigos, pessoas contra o processo. Eram factos complexos", acrescenta.
"Tínhamos informação de que várias pessoas iam para à AG apontar nomes dos apoiantes de André Villas-Boas para passar a terceiros, nomeadamente a Fernando Madureira", diz ainda Dennis da Cruz.
"Furto das pulseiras pelo Hugo Carneiro e pelo Fernando Madureira? Vi com os meus olhos. Também li as mensagens", afirma.
"Houve um clima de intimidação e terror. Olhei para as testemunhas e para as vítimas e motivação foi uma hipotética candidatura do senhor André Villas-Boas. Queriam silenciar sócios legítimos do FC Porto", responde quando questionado por Adélia Moreira, advogada de José Pereira, sobre qual foi a razão para Villas-Boas ter sido chamado como primeira testemunha se não esteve na AG.
"Como chegaram às testemunhas que não apresentaram denúncia?", pergunta ainda Adélia Moreira. "Através de informação policial", responde o superintendente.
"Falei com vários elementos [da segurança], com o diretor da segurança. Também com o presidente da MAG, Dr. Lourenço Pinto”, diz, admitindo que não recolheu depoimento de nenhum desses elementos.
"A investigação compreendeu várias diligências. Recolhemos várias provas, investigámos um conjunto de indivíduos e que contribuíram, do nosso ponto de vista, para um status quo onde imperava o medo, onde ninguém podia dizer o que pensava. Através das imagens identificámos simples adeptos, também membros do grupo organizado de adeptos e funcionários do clube", começa por dizer.
"Tivemos 60 dias para executar a operação. Fui eu que batizei a operação como operação Pretoriano, porque visava indivíduos que protegiam a todo o custo um determinado regime, os proveitos financeiros. Foi uma operação complexa por aquilo que os suspeitos representavam. Esta operação teve várias pessoas sujeitas a um regime castrador, segurança pessoal", continua.
"Ficou com noção de alguma forma que pegou fogo à assembleia?", perguntou o advogado de Vítor Manuel Aleixo. "Não, eu apenas exprimi o que me ia na alma sobre os estatutos", respondeu Henrique Ramos.
"Quando me sentei novamente na bancada eu começo a ver pessoas a virem. Percebo que há uma aproximação. Eu não desafio ninguém", recordou sobre a AG.
"Qual foi a motivação de Vítor Bruno Aleixo? [que está acusado de ameaçar e insultar Henrique Ramos]", perguntou o mesmo advogado. "O motivo era que eu lhe estava a ir à carteira. Eu ao denunciar esquemas em que ele beneficia estou a ir-lhe à carteira", respondeu Henrique Ramos.
"Vítor Bruno Aleixo gritou que me ia matar", disse. A juíza perguntou: "O senhor sentiu medo?"; Henrique Ramos respondeu: "Eu sinto pouco medo. Fiquei à espera que me viesse matar. Ele é muito melhor a ameaçar e a berrar do que a agredir-me. Naquele dia ele cuspiu-me na cara e no casaco. Ele e o pai numa outra altura entraram num restaurante e também ameaçaram que me iam matar."
Questionado sobre se Vítor Manuel Aleixo tinha pulseira de acreditação, Henrique Ramos afirmou que apenas se lembra que viu Aleixo com várias pessoas que tinham a pulseira já no exterior do pavilhão. "Essas pessoas podiam ter entrado e saído do pavilhão?", perguntou o causídico. "Sim, tinham um churrasco cá fora e estavam sempre a entrar e a sair", adiantou Henrique Ramos.
A quarta sessão do julgamento da Operação Pretoriano acontece esta segunda-feira, no Tribunal de São João Novo, no Porto. Henrique Ramos, que começou a ser ouvido na sexta-feira, continua o depoimento. Mais tarde, serão ouvidos três órgãos de polícia criminal, as primeiras testemunhas.
Henrique Ramos diz ter falado com André Villas-Boas ao telefone: "Recebi uma mensagem do João Borges [atual vice-presidente do FC Porto] a perguntar se me podia ligar. Depois ligou e disse que tinha uma pessoa que queria falar comigo. O André apresentou-se e deu-me os parabéns por ter falado na assembleia. Eu disse-lhe que o que tinha falado não tinha nada a ver com eleições, só queria expor os crimes que estavam a ser cometidos por funcionários do clube. Só quis esclarecer que não estava a passar para o lado deles. Falamos durante 30 e tal minutos, sobre futebol, sobre a assembleia."
"Venho com esta roupa para defender o FC Porto, dizer a verdade. Na outra sessão vim com a roupa que usei na AG", disse Henrique Ramos, que veste um casaco que tem o símbolo dos dragões.
"Quando entrei na AG, a bancada norte estava quase vazia. Vi pessoas que vinham muito chateadas, constrangidas, diziam que o que tinha acontecido era uma vergonha. Alguns sócios saíram desagradados com o comportamento de certos arguidos e pensaram: 'está aqui a dar confusão, então vamos para um sítio mais seguro'. Tenho amigos que estavam nessa bancada e contaram-me", recorda sobre a noite de 13 de novembro de 2023.
Advogado de Hugo Loureiro perguntou a Henrique Ramos qual era a opinião de Fernando Madureira acerca de Henrique Ramos denunciar as alegadas casas fictícias do FC Porto. "Ele dizia que se eu achava que o devia fazer, para denunciar. Isto não era a guerra dele", respondeu.
Questionado pela advogada de Fernando Saul, Henrique Ramos afirma que não foi agredido pelo antigo OLA do FC Porto na Assembleia Geral.
Sobre Fernando Madureira, diz que tinha "uma boa relação". "É meu amigo", apontou Henrique Ramos.
"Tenho um comportamento um bocado impulsivo, mas é não é por mal", referiu Henrique Ramos, justificando algumas intervenções de sexta-feira que levaram a juíza a adverte-lo.
Mulher de Fernando Madureira já chegou ao Tribunal de São João Novo.
Antigo líder da claque Super Dragões já se encontra no tribunal.
"Havia muitos grupos de WhatsApp a mobilizar pessoas, a maior parte delas nunca tinha ido a uma assembleia geral. Eu não pertencia a esses grupos, mas tinha amigos que me mostravam e enviavam para outros grupos onde eu estava que nada tinham a ver com futebol. Muitos deles diziam que eram contas falsas e que a AG era importante porque se ia ver se eram mesmo pessoas reais. Na assembleia geral, começou-se a ver que eram pessoas e não eram poucas."
Henrique Ramos diz que João Borges, atual vice-presidente do FC Porto, lhe enviou uma mensagem em que dizia "vais pegar fogo à AG".
"Não vou estar a falar de linguagens porque havia dos dois lados, uns com mais erros ortográficos outros com menos. Bitaitada", disse também, sendo alertado pela juíza: "Vai falar de linguagens porque o tribunal lhe está a perguntar."
A próxima sessão do julgamento está marcada para segunda-feira à tarde, quando Henrique Ramos continuará a ser ouvido.
Procuradora fala em contradições entre o depoimento de Henrique Ramos hoje e o prestado no inquérito. Prendem-se com a aprovação dos estatutos favorecer ou não a presidência de Pinto da Costa. Henrique Ramos disse que não favoreciam, mas em fevereiro de 2024 tinha dito o oposto.
"O senhor não está num café, nem num teatro. Estamos a tratar de assuntos graves, lidamos com a liberdade das pessoas", vincou a juíza.
Henrique Ramos advertido pela juíza pela postura desafiadora sempre que é questionado e por frequentemente interromper a procuradora do Ministério Público. "Estamos a lidar com a liberdade das pessoas. Temos de ser sérios. O senhor pede desculpa e cala a boca porque, se disser mais, as desculpas perdem o sentido", apontou a juíza Ana Dias.
"O senhor é um bocadinho mais que testemunha. Tem danos, alegadamente foi vítima, por isso é assistente, mas tem de se comportar com o seu estatuto no processo e não o está a fazer. Vamos ter uma conversa minimamente aceitável, com os mínimos de inteligência e respeito pelos senhores advogados que estão aqui presentes", acrescentou, citada pelo Jornal de Notícias.
Henrique Ramos diz que as Casas do FC Porto eram uma desculpa para arranjar bilhetes. "Os bilhetes não saíam do próprio estádio, era uma justificação para dar saída. (...) Na Operação Bilhete Dourado tenho todo o gosto de falar de bilhetes", referiu.
A aprovação dos estatutos na AG era "indiferente", explica Henrique Ramos.
"Para o presidente Pinto da Costa não era nada benéfica a convocação daquela AG. O melhor para ele era terem retirado a proposta que aquilo não tinha pés nem cabeça", disse ainda.
"O Vítor Bruno Aleixo insultou-me e cuspiu-me. Acertou-me na cara, no casaco, já foi para lavar. Ele ameaçou-me, disse: 'vou-te matar'. Disse isto ao longe, um metro, um metro e meio. Já o José Pedro deu-me um pontapé em direção à cabeça, mas acertou-me no ombro", afirmou Henrique Ramos.
Henrique Ramos revelou que estava zangado com Fernando Saul por "assuntos particulares".
Sobre Fernando Madureira, disse que tinha uma boa relação com o antigo líder dos Super Dragões e que depois da AG estiveram juntos num restaurante. "Falaram das agressões na assembleia?", questionou a juíza. "Ele desvalorizou. Disse: 'deixa lá isso'", respondeu Henrique Ramos.
"Cheguei ver lá o Fernando Madureira. A certa altura ele começa a ver que aquilo vai dar confusão e ele tentou evitar a confusão. Foi ali para me defender", diz Henrique Ramos. "Tentou, mas não foi o suficiente", lamenta.
"Eu disse que antes de votarem nisso tinham de saber que muitas Casas do FC Porto não tinham teto, eram virtuais. Como é que podíamos aprovar uma coisa para Casas que não existem", afirmou. Recorde-se que este adepto centrou o discurso na AG na proposta que permitia votar nas Casas do clube.
"Vi uma inoperância perante o volume de pessoas que ali estavam. Se as portas abrem às oito e às oito as pessoas já não cabiam, o presidente da Mesa da Assembleia Geral só deveria era suspender", recorda.
"E ainda fui agredido pelo Tiago Aguiar, funcionário do FC Porto que também saiu do processo", garante.
"Fui interpelado por um senhor Jorge Silva, o Jorge das paletes. Disse que eu era um mamão, linguagem de futebol. Como não tinha nada para dizer chamou-me de mamão. Eu levantei a mão e nisto vem outro senhor, o António Sá e agride-me", conta. Ele empurra-me e eu caí. Depois fui para o meu lugar para tentar que as coisas acalmassem e sentei-me. Fui depois agredido novamente pelo senhor Vítor Bruno "Aleixo" e pelo José Pedro, que eu nunca o tinha visto na minha vida. Ainda hoje não sei qual foi a motivação dele não sei. Deve-lhe ter dado os cinco minutos", acrescentou.
"O sentido e âmbito da proposta é que haja uma facilidade de votarem sócios de vários pontos do país. A segurança e a proximidade do ato eleitoral, volto a repetir, é que são questão", disse. "Disse a Henrique Ramos que teve grande coragem em ter revelado as ilegalidades das casas", revelou.
Gonçalo Cerejeira Namora vai confrontando André Villas-Boas com os artigos mais discutidos da proposta de revisão dos estatutos que ia ser votada na AG de 13 de novembro 2023, como o voto eletrónico, os negócios com familiares e a relação com os GOA.
André Villas-Boas continuará a ser ouvido de tarde, a partir das 14h00, e será questionado pelo advogado de Fernando e Sandra Madureira.
O nome de Bruno Branco foi trazido à baila por várias advogados, obrigando a juíza a intervir e a lembrar que não está a ser julgado no processo.
“Cruzei-me com Bruno Branco, disse-me que as condições no auditório eram muito hostis, muita desordem, muitas pessoas de pé, muitos cânticos o que é estranho no contexto de Assembleia Geral”, declarou Villas-Boas.
Sobre uma alegada agressão de Bruno Branco a um adepto e a ausência de um processo disciplinar, questão de Gonçalo Cerejeira Namora, advogado do casal Madureira, o presidente do FC Porto disse: "Não sei se é associado ou não. Qualquer ato de violência deve ser recriminado e aquele está a ser alvo de processo disciplinar da PSP e de queixa-crime. Relativamente a um processo disciplinar do clube, é o Conselho Fiscal e Disciplinar que tem essa responsabilidade, cabe a ele investigar."
André Villas-Boas já responde a questões do advogado de Fernando e Sandra Madureira.
Também hoje será ouvido Henrique Ramos, conhecido como “Tagarela”, sócio que foi agredido nessa reunião magna e que, à semelhança de Villas-boas, também foi visado nas inquirições de alguns arguidos, com Saul e Vítor “Aleixo” (filho) à cabeça.
"Acha que o diretor de segurança esteve à altura do controlo da segurança?" A resposta de Villas-Boas: "Temos imagens suficientes de determinados movimentos de pessoas e movimentos intimidatórios. Toda a prova que exista significa que esteve à altura."
"Arrepiado", foi assim que Villas-Boas se sentiu ao ver mensagens do grupo de WhatsApp dos Super Dragões que lhe foram reencaminhadas. "Mensagens de elevado nível de agressividade", aponta.
Advogada de Fernando Saul, Cristiana Carvalho, pede que se junte um vídeo, onde diz que se vê Villas-Boas apelar para que os sócios que não pudessem participar no ato eleitoral transmitissem o seu cartão de sócio. Presidente do FC Porto tinha garantido que não tinha feito esse apelo.
Advogada pediu que "seja confrontado para disputar qual a diferença entre uma citação e outra”, o que originou a contestação da procuradora do Ministério Público, alegando que o vídeo se referia às eleições realizadas em abril e não á AG. A mesma posição tomou a advogada do FC Porto. “No limite, pediria prazo para se pronunciar”, disse Sofia Ribeiro Branco. O advogado de Vitor Aleixo e Vítor Oliveira não se opôs à junção.
"Peço desculpa, senhor Villas-Boas, mas vai ter de voltar ao tribunal”, disse a juíza Ana Dias.
"Não entendo como umas primárias, mas interesse associativo", diz Villas-Boas.
Cristiana Carvalho, advogada de Fernando Saul, pergunta se é verdade que disse que nunca iria concorrer contra Pinto da Costa. "Eu nunca disse isso. Eu disse que enquanto fosse vivo deveria manter-se no cargo", responde Villas-Boas . "As pessoas ficaram zangadas por se candidatar?", insiste. "Sim, compreendo que sim. Há uma mudança de posicionamento. Não implica é pintarem os muros de minha casa", afirma o presidente dos dragões.
Advogada de Fernando Saul questionou se o treinador da equipa B era o seu padrinho de casamento. Villas-Boas respondeu que "não" e garantiu, depois, não haver nenhum Gustavo Villas-Boas Ricca no departamento de scouting. "Não temos nenhuma pessoa assim chamada no scouting. Não temos ninguém com o sobrenome Ricca."
"Terei estado numa AG do FC Porto e mais nenhuma. Num dos anos sabáticos da minha carreira de treinador de futebol. Também fui a atos eleitorais anteriores, se considerarmos uma AG."
Alguma vez Bruno Branco lhe fez serviços de segurança? "Não. A notícia é falsa."
"Está a tentar estabelecer uma correlação com a AG seguinte. A AG seguinte, de aprovação de contas, foi uma das maiores assembleias ordinárias com o maior numero de presenças de sócios do FC Porto."
Presença massiva de sócios: "Seria passar um atestado de incompetência aos sócios do FC Porto se não estivessem presentes em massa numa mudança estatutária."
Declarações m palestra na Web Summit: “Ninguém gosta de ver associados do FC Porto com comportamentos indignos e intimidatórios para com outros associados. Essas declarações também visam a passividade dos anteriores órgãos sociais. Ficaram inertes perante a intimidação que estavam a ver."
Mas o chefe de segurança também? “Não é um órgão social.”
Ausência da polícia: "A certo ponto nessa AG, tem de ser chamada a policia e essa responsabilidade cabe ao presidente da MAG do FC Porto. Pedi ao meu advogado para chamar a polícia por mais do que uma vez pelos relatos que me iam chegando."
“Uma das pessoas que me fez chegar a informação foi o senhor Bruno Branco, com quem tenho uma amizade. Em 2015 foi criado um grupo no Facebook chamado 'André Villas-Boas a presidente do FC Porto' por Bruno Branco e António Lopes. Fizeram questão de me abordar mais tarde, que tinham feito esse movimento e é nessa altura que a nossa amizade cresce. Confirmo também que é agente da PSP, que não foi a única pessoa nesse ambiente de coação e intimidação que havia sobre adeptos do FC Porto."
“Não é norma que o FC Porto pague despesas pessoais de viagens a membros da direção dos Super Dragões. Isso é factual. Está na auditoria forense. Era um privilégio e um abuso", lamenta Villas-Boas.
Constatou algumas ameaças? “Que tenha presenciado e visto diretamente, não.”
Conselho do advogado depois de estar na fila para entrar: “O meu advogado achava que a AG podia ser impugnada por estar a ser alterado o local.”
Tinha conhecimento da circulação de cartões? “Foi em forma de mensagens que fomos recebendo diferentes informações que diferentes grupos e núcleos dos SD estavam a tentar captar cartões de sócios para que não sócios pudessem aceder à AG. Mas não posso confirmar a veracidade das mesmas.”
Informações de questões sobre se as pessoas eram apoiantes de Villas-Boas: “Conhecidos, apoiantes, disseram-me que andavam a perguntar quem era meu apoiante e eram agressivas com essas pessoas.”
"Tem conhecimento de apoiantes seus que tenham feito o mesmo em relação aos cartões?" "Desconheço se o fizeram. Se o fizeram, fizeram erradamente."
Refere que a alteração ia retirar direitos aos associados e, a poucos meses das eleições, introduzir o voto eletrónico e de correspondência, “categorias que são conhecidas por falhas de segurança, ia tornar uma operação muito mais abrangente e quase impossível de montar”. Referiu ainda a possibilidade de negócios com familiares e que “é amplamente conhecido, como foi revelado na auditoria". "Tudo isso prevaricava com o novo ato eleitoral, daí o movimento orgânico e massivo dos sócios", sublinhou.
"Os novos estatutos permitiam que o financiamento fosse mais facilitado. Na nossa auditoria aliás foram detetadas várias ilegalidades. O protocolo com os Super Dragões foi revisto, não havia controlo nenhum e o FC Porto foi lesado em vários milhões", aponta.
"Viu Fernando Madureira ou alguns dos arguidos a entrar?" “Não. Sentia-se um movimento associativo de louvar. Enquanto lá estive, além do rebentamento de petardos, não presenciei grandes momentos de agressividade", assegura o presidente do FC Porto.
"Sria passar um atestado de incompetência aos sócios do FC Porto não marcarem presença. As pessoas movem-se pelo seu clube do coração", afirma.
"Sendo fixas, se começam a mostrar imagens para outro lado, é porque alguém as virou?", questiona a juíza. "Normalmente sim, elas não mudam sozinhas. Um novo foco de disrupção pode levar a uma mudança", diz Villas-Boas.
"Eu quando vou ao estádio do Dragão faço duas passagens. Na minha primeira, de carro, ouço rebentamentos de petardos e peço ao meu motorista para fazer outra passagem e me deixar na Alameda. Tudo o resto soube por pessoas conhecidas e pela comunicação social", diz.
"Todas as mudanças de estatutos são importantes para um clube. Naturalmente isso atrai uma massa associativa muito forte, isso acontece em todo o mundo. Estes estatutos prevalecem há algum tempo no FC Porto", vinca Villas-Boas. "Iam mudar estatutos a seis ou sete meses de eleições. As mudanças de estatutos também podiam adiar as eleições", explica.
Após uma breve pausa, a terceira sessão do julgamento da Operação Pretoriano prossegue
“Quando chego ao Estádio do Dragão sou convidado por alguns associados a juntar-me à fila de acreditação. Dá-se um compasso de espera por parte do presidente da AG, uma potencial mudança do local. A informação foi circulando entre os presentes que estavam à espera, que há uma potencial mudança de local. Já dobro a esquina para entrar no P1 e falo com o meu advogado nessa altura, que diz que provavelmente estaríamos a infringir os estatutos do FC Porto com a mudança de local, determinada nessa hora. Recebemos a informação do que estava acontecer dentro do primeiro local da AG, o auditório, e o meu advogado acha por bem que não participe e que me retire e preste declarações à comunicação social.”
"Qual seria o seu voto nessa AG", perguntou a juíza: “Era contra”, respondeu Villas-Boas.
Após um dia de pausa, é hoje retomado o julgamento dos 12 arguidos da Operação Pretoriano, no Tribunal de São João Novo, no Porto. A terceira sessão terá como principal motivo de interesse o depoimento de André Villas-Boas, presidente do FC Porto, que será ouvido durante a manhã, na qualidade de representante da SAD dos azuis e brancos, constituída assistente no processo. O Grupo FC Porto, recorde-se, exige o pagamento de uma indemnização de cinco milhões de euros aos arguidos da Operação Pretoriano, alegando “danos reputacionais e prejuízos financeiros”.
Fernando Madureira acaba de entrar na sala de audiências. Senta-se sozinho, num local diferente dos demais arguidos, e rodeado de vários elementos de segurança.
Presidente do FC Porto não prestou declarações aos jornalistas.
Nas duas primeiras sessões do julgamento, que decorreram segunda e terça-feira, Fernando Madureira e Fernando Saul visaram Villas-Boas em diversas ocasiões, responsabilizando o atual líder portista pelos incidentes ocorridos na Assembleia-Geral de 13 de novembro de 2023.
Henrique Ramos e André Villas-Boas serão ouvidos na próxima quinta-feira.
"Só vi a confusão com o Aleixo. Eu estava a fumar nessa altura", garante. A juíza pergunta se dentro das instalações e a resposta é afirmativa. "Vale tudo, não é?", reage, com espanto. "Eu vi o Aleixo pai descer as escadas e vi confusão, o 'Aleixo filho' estava lá embrulhado. Eu ia para separar, mas um segurança empurrou-me", disse depois.
"Ele é apoiante do Pinto da Costa, até tem uma tatuagem com a assinatura do Pinto da Costa. Acho que por trás daquele discurso dele na assembleia existia algo, ele gosta muito de protagonismo. Não gostei que ele tivesse ido incendiar as coisas, os ânimos já estava exaltados."
Garante não ser membro dos Super Dragões, nem sócio do FC Porto. "Fui lá só para ver, nunca tinha ido [a uma assembleia]", disse. Fábio Sousa diz que passou à frente na fila, juntamente com amigos. "Ninguém me impediu de entrar e eu entrei", assegurou. A juíza interrompe: "Então estava lá um senhor junto à porta vestido de segurança, não estava ali a fazer nada então". "Basicamente", responde o arguido.
"Eu só lhe disse: ó boi", refere José Dias sobre o insulto a Henrique Ramos.
"Vim da casa de banho quando o Henrique Ramos estava a discursar, estava no fim. Depois aconteceu um burburinho. Proferi um insulto. Eu conheço o Henrique Ramos há muitos anos. Eu não fiz nada mais do que isso", diz José Dias. "Vi uma confusão na bancada, mas não faço ideia quem estava envolvido", garante.
"Eu não tinha quotas em dias, mas como era sócio há alguns anos consegui entrar. Sentei-me na bancada central, em baixo. Levantei-me só uma ou duas vezes para ir à casa de banho. Isto até ao momento em que o Henrique Ramos discursou", afirma.
"Um amigo estava na fila e deu-me uma pulseira. Disse que foi o Polaco que lhe deu a pulseira. Ele disse que foi o Polaco, mas eu não conhecia, nem conheço", começa por dizer sobre a entrada na AG, explicando que tem 30 anos e é sócio do FC Porto há 27.
"Vi um primeiro tumulto na bancada Norte. Tentei dar um pontapé [a "Tagarela"], mas nem sei se lhe acertei. Tentei falar com ele sobre o discurso dele, mas começou com provocações, acabei por envolver-me na onda e depois acabei por tentar dar um pontapé", explica sobre a confusão.
"Henrique Ramos criticou que existiam casas do FC Porto sem espaço físico, mas ele se calhar beneficiou disso muitas vezes. Conseguiu bilhetes. A vida dele é feita disso. Afeta-me porque sou sócio do FC Porto, vai contra os meus ideias", diz José Pereira.
Quanto à agressão a 'Tagarela', afirma: "Eu acho que não lhe toquei, que não cheguei a dar o pontapé. Se calhar raspei. Ele depois foi afastado para o centro do pavilhão e eu fui embora", afirma, antes de garantir que não falou com Fernando Madureira e que não viu as mensagens nas redes sociais onde diziam que tinham de ir em peso porque ia haver porrada na AG.
"Sim, foi. Mas não houve nenhum plano para que isso acontecesse. Há pessoas que deram uma chapada apenas por amor ao clube. A tal AG do terror não existiu. Não houve nenhum clima de terror. O ambiente estava inflamado na assembleia. Uns queriam chegar ao poder e outros queriam manter-se no poder", conclui Saul no seu depoimento.
Visivelmente emocionado e a chorar ao falar-se de Pinto da Costa, Vítor Catão tem de abandonar a sala de audiências por momentos, regressando pouco depois.
"Porque é que é uma afronta alguém que se vai candidatar a um clube querer numa AG pessoas que o apoiem? É normal que quisesse juntar o maior número de pessoas numa AG onde iam discutir os estatutos. Onde está uma afronta?", questiona a juíza.
"Para mim é uma afronta. O senhor André Villas-Boas nunca tinha ido a uma AG, era uma afronta porque estava a arregimentar pessoas. Meses antes surgiram várias páginas de pessoas que nem existiam, isto era uma cartilha. Não estou a dizer que foi o senhor André Villas-Boas, mas isto estava um ambiente muito mau. A afronta está no que vem de trás, no historial. "Ele [André Villas-Boas] teve de criar uma máquina de campanha para tirar uma pessoa que estava há vários anos. Nem que fosse falar mal das pessoas, criar problemas", responde Saul. "Dou-me por muito feliz por ter sido sempre leal ao senhor presidente, ao contrário de muitos", diz ainda.
A procuradora lê a Vítor Aleixo filho algumas mensagens no grupo do WhatsApp dos Super Dragões. "Amanhã vale tudo", "Leva tudo nos cornos", "Amanhã vai haver porrada", são alguns dos exemplos. Aleixo diz que não leu e que não viu "garrafas a voar", nem "pessoas a ficarem sem telemóvel" na AG.
"Só me lembro dos cânticos, também cantei", diz Aleixo, que volta a falar de Henrique Ramos para concluir o depoimento: "O Henrique Ramos é dos maiores candongueiros de Portugal. Foi para a AG falar de casas do FC Porto que eram fictícias para venda de bilhetes, mas ele também comprava e depois revendia-os."
"O Presidente não se deve recandidatar. Vai ser humilhado", dizia Saul numa mensagem, à qual Fernando Madureira respondeu: "Vamos à guerra, morremos, mas morremos de pé." "Isto era a perceção que eu tinha, que o Presidente ia perder as eleições", reage Fernando Saul.
"Alguma vez ouviu gritos ou pessoas em pânico?", questiona Cristiana Carvalho. "Não. As pessoas saíram do auditório para o Dragão Arena de forma ordeira", responde Saul.
"As ditas câmaras [foram desviadas durante a AG] onde estão?", pergunta Cristiana Carvalho. "Existe um aquário no Dragão Arena e a mando do diretor de segurança está lá um colaborador do FC Porto e um segurança da SPDE", diz Saul.
"Referiu que o diretor de segurança podia ter sugerido a suspensão da assembleia. Sabe se foi suspensa e por quem?", questiona a advogada, depois de falar de vários nomes que ainda estão no FC Porto. "Ele podia ter sugerido ao presidente da MAG. O diretor de segurança relatou-me que quando existiram os primeiros tumultos, foi contactado pela PSP a perguntar se era preciso intervenção e ele disse que não", afirma Fernando Saul.
"Na minha opinião a alteração dos estatutos não teria influência nas eleições de abril, era apenas uma questão de modernidade para o clube. O senhor Fernando Madureira disse-me só que queria apoiar o Pinto da Costa. Ele dominaca os Super Dragões? Ninguém domina ninguém, mas ele era o líder. Dava-nos informações importantes para organizarmos os jogos, tinha uma boa relação com as autoridades", diz o antigo OLA.
Segunda sessão do julgamento retomada. Fernando Saul continua a falar.
Segunda sessão do julgamento interrompido para almoço.
“Levou nos cornos esse boi, mas dei-lhe lá dentro, ninguém viu”, dizia disse num grupo com amigos, no qual mandou um vídeo de Henrique Ramos. “Foi para me vangloriar aos meus amigos. Isso não aconteceu”, garante.
"Toda a gente sabia que o André [Villas-Boas] ia ser candidato, até pela máquina que já estava a funcionar. No dia anterior à AG, Villas-Boas fez um apelo para que se fosse à AG. Eu acho que ele quis chamar as pessoas dele para estarem com ele. Mesmo sendo funcionário do FC Porto existiam pontos [nos estatutos] que eu ia votar contra", afirma o antigo OLA.
"Vai levar tudo nos cornos. Aleixo e pessoal está avisado", terá escrito Saul. "Isso foi três meses antes, nem se sabia que ia existir AG. Eu tinha um problema com o Henrique Ramos, ele andava a difamar-me. Eu disse às pessoas para terem cuidado com ele. 'Vai tudo levar nos cornos' era só para o senhor Henrique Ramos. Era só ele, mais ninguém", explica Fernando Saul.
Juíza insiste: "Mas na mensagem dizia que o Macaco estava cego". "Eu disse ao 'Macaco' que Henrique Ramos não era de confiança, ele era amigo dele", reage.
"Vai haver mocada, a AG vai ser quentinha, vai dar merda", disse Saul noutras mensagens anteriores à Assembleia. "Isso foram mensagens que enviei para amigos. Era a perceção que eu tinha como OLA. Desde há uns meses que existiam muitas páginas de apoio a Villas-Boas a difamar a direção, falavam muito nas redes sociais. Mesmo não sendo da segurança, alertei que ia mais gente do que o normal e que devia existir mais segurança. Alertei o diretor de segurança e de marketing. Pelo que via nas redes sociais, percebia que ia muita gente e que os ânimos estavam exaltados. Em várias páginas diziam para irem todos à AG, para se filmar tudo, que o FC Porto dos mamões iam acabar", diz ainda.
"Curiosamente os únicos diretores que continuam são estes [de segurança e de marketing]. Isto é extraordinário. Não consigo perceber como é que um diretor de segurança que prepara jogos não acaba logo com a AG quando percebeu que não cabia toda a gente no auditório. Podia ter evitado isto tudo. Mas deve ser por isso que ele lá continua", acrescenta.
"Eu era funcionário do FC Porto, não fazia parte dos Super Dragões. Fui funcionário durante 25 anos, era oficial de ligação aos adeptos e speaker do Estádio do Dragão. Cheguei à AG tarde, já estava tudo a sair do auditório. No Dragão Arena estive só com a Sandra Madureira. Estava tudo tranquilo. Fiquei na bancada Sul, era onde tinha lugares. As outras bancadas estavam cheias", começa por dizer, antes de ser questionado sobre a confusão.
"Depois do discurso de Pinto da Costa ouviram-se insultos. Passados uns minutos houve um tumulto na bancada Norte e vejo as pessoas a afastarem-se. Aquilo terminou, a AG retomou e só na parte afinal há uma altercação com o senhor Henrique Ramos. Vi a dona Sandra [Madureira] a discutir com um adepto que eu conheço devido às minhas funções. Foi na bancada Sul. Eu só disse: 'ó Sandra deixa lá isso, anda embora'. Ela estava a discutir por causa de umas mensagens e vídeos. Disse para ela sair dali e ela saiu. Não chegou a existir qualquer problema", continua, garantindo não ter estado com Fernando Madureira na AG. "Ele passou por mim uma ou duas vezes, mas não estivemos juntos."
Antigo oficial de ligação aos adeptos do FC Porto já começou o seu depoimento.
"Vai discreto, para não acontecer as merdas da outra vez", disse Sandra Madureira numa mensagem lida pela procuradora. "Ela estava a referir-se ao incidente da primeira AG. Eu nem sou dos Super Dragões". A mulher de Fernando Madureira pediu também a Vítor Aleixo pai que "levasse cartões". "Às vezes eu arranjava cartões para um amigo que me pedisse, mas não eram 10, 20, nem 30 cartões. Era só para um amigo mais chegado", responde o arguido.
"Troquei a camisola no pavilhão e as calças no carro. Comecei a receber chamadas da minha namorada, da minha mãe e de amigos próximos. Comecei a ficar nervoso. Um amigo meu disse: 'estás com a camisola cheia de sangue'. Fiquei nervoso, a minha mãe disse que a polícia me ia levar. O meu amigo deu-me uma camisola e um gorro. Depois vi que as calças tinham sangue e também troquei. Continuei lá porque queria votar", reagiu.
"Não é verdade. Só lhe perguntei 'quem és tu para estares aqui a falar?'. Disse-lhe que não tinha moral nenhuma para falar", reage Aleixo quando a juíza lhe pergunta sobre uma alegada ameaça de morte e cuspideça na cara a Henrique Ramos, "Tagarela".
"O senhor Henrique Ramos começou a desafiar as pessoas que estavam na bancada. Eu estava indignado e não me dou com ele há vários anos. Sempre que nos vemos dá faísca. Só lhe disse que ele era um 'mamão' e que 'era sócio dos três grandes'. Depois um colega afastou-me. Eu fazia parte do grupo [de WhatsApp], mas muitas vezes não ia dois ou três dias. Depois, quando voltava, tinha mil e tal mensagens e muitas vezes já nem via", continua. "Estou arrependido. Não quis ligar ao senhor [que agrediu na AG] e, quando ele estiver cá, se a senhora doutora deixar, quero pedir desculpa. Não o fiz antes porque o senhor podia interpretar de outra maneira", acrescenta Aleixo.
"Eu vi o meu pai a vir pelo pavilhão, entrou e começaram a insultá-lo. Eu desci. O meu pai sempre disse para o respeitar a ele, depois a minha mãe e depois Pinto da Costa. O meu pai discutiu com um indivíduo, deu-lhe uma chapada e depois leva de um soco de outra pessoa. Cheguei lá e dei um soco a esse homem", começa por afirmar.
Aleixo filho diz que "afastou com o pé" o homem que "caiu no chão". "Fui para o pavilhão de chinelos, tinha partido o pé meses antes e ainda andava na fisioterapia", acrescenta. "O homem estava a vir em direção a mim e eu afastei-o com o pé e então ele caiu outra vez. Ficou em cima das cadeiras, não caiu no chão."
Vítor Aleixo diz que "o presidente [Pinto da Costa] é o símbolo do Porto, é o FC Porto", lembrando que os sócios agredidos estavam a insultar o antigo líder dos dragões.
Sobre a mensagem num dos grupos de WhatsApp na qual diziam que quem não fosse ao P1 às 20h45 sofreria consequências, Aleixo garante que não leu. "Eu não sabia disso"
"Vai tudo levar. O Aleixo já está avisado", lê-se noutra mensagem. "Não sei nada disso, isso não foi comigo", afirma Vítor Aleixo pai, que admite que o filho também é tratado por Aleixo. "Não tenho redes sociais, sou antigo."
Mulher de Fernando Madureira pediu para que não tivesse de se apresentar na esquadra em dias de sessão de julgamento. Recorde-se que essa é uma das medidas de coação. O pedido foi aceite. Igual pedido foi feito pela advogada de José Pereira, sendo o pedido diferido.
Vítor Aleixo, que começou a falar na segunda-feira, é o primeiro a falar esta terça-feira. Ele e o filho vão falar hoje, depois do pedido do advogado para que os dois arguidos fossem dispensados de algumas sessões para irem trabalhar para Espanha.
"Vocês ouviram ontem as minhas posições introdutórias e diz muito sobre o que penso do processo. Não faz sentido nenhum estarmos a julgar isto num tribunal destes. Isto é terrorismo jurídico. Um caloiro de direito ficaria envergonhado com esta acusação. As falhas da acusação é que as coisas não estão concretamente definidas, é tudo muito vago, mas isso depois falaremos. Villas-Boas? Houve efetivamente e há um vídeo em que André Villas-Boas diz o que diz, mas isso depois… Ele se conseguir justificar o que diz no vídeo, perfeito. Não podem é separar águas. Surpresas? Se houver surpresas, acho que são todas em benefício dos arguidos… Não estou a ver que surpresas possam acontecer, a menos que as pessoas venham para aqui mentir. Estou completamente tranquila em relação ao meu cliente. Se não sair aqui, sai em recurso. Não fez nada. O Ministério Público pode recorrer se ele não for condenado, mas seja qual for a decisão, acho que sim, vai haver recurso", diz Cristiana Carvalho.
"Sempre falei a verdade. Não tenho nada a esconder, estou de consciência tranquila. Só quero que seja feita justiça e eu acredito na justiça", afirma à chegada o antigo oficial de ligação aos adeptos do FC Porto.
"Esperamos que tudo corra bem, em paz. Os arguidos estão a falar, penso que não falarão todos e esperamos que corra dentro do expectável. O meu cliente já confessou os factos que praticou, toda a prova que está no processo exclui o conhecimento de qualquer plano, não espero que algum dos arguidos seja condenado nos 32 crimes. Não há qualquer ligação entre o meu cliente e os outros arguidos, já foi apurado pela investigação e o relatório final diz exatamente isso. Estou tranquila, mas penso que ainda vamos ter muitas surpresas aqui, quando vierem as testemunhas e começarem a ser interrogadas. Este julgamento vai ser interessante. Ainda não tivemos direto ao contraditório, nunca pudemos chamar testemunhas, interrogá-las...", afirma Adélia Moreira aos jornalistas.
Refere que abriu a porta do pavilhão para deixar entrar um senhor que se estava a sentir mal. "O senhor tem o dom de ver pelas paredes", atirou a juíza, citada pelo JN. "Não me venham com versões do arco da velha. Como é que, estando dentro do pavilhão, sabia que do outro lado da porta estava um senhor a sentir-se mal?" questionou. Explicação de Polaco não teve sucesso.
Vítor Catão é questionado se tem medo depois dos incidentes de segunda-feira. "Com esta gente toda não", responde.
Agendada para esta terça-feira a segunda sessão do julgamento da Operação Pretoriano. Fernando Madureira, antigo líder dos Super Dragões, já chegou ao Tribunal São João Novo, no Porto.
Depoimento de Vítor "Aleixo" será retomado na terça-feira. Fernando Madureira e Hugo Carneiro, conhecido por "Polaco", foram os arguidos ouvidos anteriomente.
Confira algumas das intervenções:
“Soube da Assembleia Geral pelos jornais. Como fui às outras também fui a esta."
“Vi lá o senhor Fernando, o meu irmão José. Cumprimentei-os, normal. Estive no auditório com eles, não havia lugar para toda a gente. Estive com eles num corredor. Estávamos a cantar músicas."
"Lá dentro vi uma confusão, mas não sei quem era a pessoa em concreto. Vi isso depois do presidente Pinto da Costa falar."
“Quando acabou de discursar o presidente muita gente começou a chamar-lhe nomes, chamaram velho e disseram que estava agarrado ao poder. Senti-me indignado, eu adoro o presidente. Saltei para o pavilhão, fui à bancada norte e disse que não tinham nada que mandar vir e disse que estavam a cuspir no prato que comeram estes anos todos."
“Estava lá um senhor a dizer que ele mamou [Pinto da Costa] e que eu queria mamar. Tive um impulso e dei-lhe uma chapada. Depois levei um soco, não dele, de outra pessoa. Depois vim a saber que era pai desse rapaz. Na altura até queria pedir desculpa ao pai. Vou fazer neste tribunal quando os vir se for possível."
Fala agora Vítor Manuel Oliveira, conhecido por "Aleixo".
Hugo Carneiro foi o segundo arguido a prestar declarações em tribunal esta segunda-feira, depois de Fernando Madureira.
De acordo com o antigo líder dos Super Dragões, terão sido os diretores de Marketing e Segurança a organizar a AG de 23 de novembro. Ainda segundo Madureira, quando questionado pela advogada de Fernando Saul, Cristiana Carvalho, todos os diretores dos dragões foram despedidos depois Villas-Boas ter ganho as eleições, à exceção desses dois, escreve o JN. A empresa de segurança, SPDE, continua a prestar serviços ao clube.
Terminou o depoimento de Fernando Madureira. Segue-se Hugo Carneiro, conhecido como "Polaco".
"O protocolo com os Super Dragões mantém-se exatamente igual," diz Fernando Madureira, que revela não conhecer os estatutos do FC Porto, bem como não ter lido a proposta de alteração que ia ser votada na AG de 23 de novembro de 2024.
"Vais começar a pedir bilhetes ao Villas-Boas. Na próxima vez que fores a um jogo, vens pelos cabelos para a rua", podia ler-se na mensagem. "Isto era no sentido figurado. Tenho esposa, a minha mãe, filhas", garante Fernando Madureira.
Em várias mensagem pediam-lhe algum cartão a mais. "Eu era líder dos Super Dragões e estava em mais de 80 grupos. Muitas vezes dizia 'ok, ok', mas era só para despachar. Às vezes era gozado e até me chamavam de ok, ok", refere.
Numa das mensagens num grupo, Fernando Madureira escreveu: "Quem falhar sofrerá as consequências. Arranjem cartões de sócios, amigos, familiares. Amanhã vale tudo."
"Não sei o que queria dizer, era o vale tudo. Mas não era a incentivar a bater em ninguém", garante.
Os 12 arguidos da Operação Pretoriano, entre os quais o antigo líder dos Super Dragões Fernando Madureira e a mulher Sandra Madureira, começam a ser julgados no Tribunal de São João Novo, no Porto.
A partir das 9h30 estavam agendadas as declarações dos arguidos ao coletivo de juízes, caso assim o quisessem, com continuação da parte da tarde, pelas 14h00, no primeiro dia do julgamento por uma alegada tentativa de os Super Dragões “criarem um clima de intimidação e medo” numa Assembleia Geral do FC Porto, para que fosse aprovada uma revisão estatutária “do interesse da direção” do clube, então liderada por Pinto da Costa, que morreu no dia 15 de fevereiro.
O histórico dirigente viria a ser derrotado em eleições, por André Villas-Boas, e os Super Dragões envolvidos noutra operação, ‘Bilhete Dourado’.
Após a fase instrutória, o tribunal decidiu levar a julgamento todos os arguidos nos exatos termos da acusação deduzida pelo Ministério Público (MP), alegando que a prova documental, testemunhal e pericial é forte.
Em causa estão 19 crimes de coação e ameaça agravada, sete de ofensa à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo, um de instigação pública a um crime, outro de arremesso de objetos ou produtos líquidos e ainda três de atentado à liberdade de informação.
Entre a dúzia de arguidos, Fernando Madureira é o único em prisão preventiva, a medida de coação mais forte, enquanto os restantes foram sendo libertados em diferentes fases, incluindo Sandra Madureira, Fernando Saul, Vítor Catão ou Hugo Carneiro, igualmente com ligações à claque.
Depois do arranque desta segunda-feira, na terça-feira, pelas 9h30, será a vez dos legais representantes dos três assistentes do processo, FC Porto, SAD dos dragões e Henrique Ramos, seguidos das primeiras testemunhas a serem ouvidas, prosseguindo o julgamento na quinta-feira.
O julgamento continua em 24 e 25 de março, estando também agendadas sessões para abril e maio.
Na contestação, Fernando Madureira e Sandra Madureira apresentaram um rol de 54 testemunhas, mas a juíza frisou que o máximo é de 20, podendo, tal número, ser ultrapassado caso seja requerido ou justificado.
"Isso tem de perguntar a quem não era sócio. Eu sou sócio há 30 anos, com quotas pagas e por isso fui à AG", reage Fernando Madureira quando questionada pela advogada do FC Porto, Sofia Ribeiro Branco, sobre o que ia fazer à AG quem não era sócio do clube.
"Houve muita gente que foi lá sem saber o que é que ia ser votado, nem os pontos. Havia burburinho nas redes sociais, mas valem o que valem. A maior parte das páginas são falsas. Aquilo era uma mobilização de apoio a Pinto da Costa. Eu não ia obrigar ninguém a votar, cada um votava no queria", diz ainda o antigo líder dos Super Dragões.
Questionado sobre se alguém entraria na AG, sendo dos Super Dragões, contra vontade do antigo líder, Fernando Madureira garante: "Sim, era possível, obviamente que sim. Eu não mando nas pessoas. Não posso responder pelos atos dos outros, tenho de responder apenas pelos meus. Não fui eu que escrevi [algumas mensagens mostradas pela procuradora]. São pessoas a falar umas com as outras, não tive conhecimento nem responsabilidade. Não estou na cabeça das pessoas, estou apenas na minha e só sei responder pelos meus atos."
Confrontado pela procuradora com mensagens no grupo de WhatsApp dos Super Dragões, o antigo líder da claque afirma que tentou "castigar" uma mulher que lhe pediu um cartão de sócio, por alegadamente fazer "campanha por André Villas-Boas".
"Ela pediu-me um cartão de sócio de mulher, eu disse que sim, que sim, que sim, mas depois deixei-a na mão. Fazia campanha por André Villas-Boas e foi para a castigar", diz Madureira, que continua a garantir não ter arranjado pulseiras para entrar na AG.
Amanhã lá estaremos, contra tudo e contra todos" e "Arranjem cartões de sócios, amigos, familiares. Dá na mesma", lê-se noutras mensagens no grupo. "[o grupo] Tinha cerca de 300 participantes, se deixava de ir lá meia hora tinha logo 500 mensagens, era impossível ver todas", afirma o antigo líder dos Super Dragões.
Fernando Madureira já regressou da pausa para almoço.
Pausa no julgamento da Operação Pretoriano.
"Estava [de um lado para o outro] a apagar fogos. As imagens não têm som, mas a minha postura corporal nas imagens desmente isto por completo. Só cantei Pinto da Costa, olé", diz.
Fernando Madureira, quando questionado sobre se as câmaras foram desviadas, afirma: "Não se desvia com a mente". Diz ainda que as câmaras são controladas por um responsável da segurança.
Fernando Madureira diz que apenas se lembra de ter enviado uma mensagem a Vítor Catão para arranjar pessoas para irem às eleições e não para a AG. "Isso foi para as eleições. Disse que conseguia pessoas de Paredes, de Paços de Ferreira, de Rebordosa. Era uma pessoa influente nas redes sociais", justifica.
"E isso é crime? Sou sócio há 30 anos com quotas em dias", respondeu o antigo líder dos Super Dragões. Questionado sobre se recebeu cartões de sócio e deu a outras pessoas, Fernando Madureira diz que é mentira. "Só me vieram colocar questões", afirma, garantindo também que não ajudou a meter pessoas à frente na fila.
"Falso. Houve pessoas que passaram à frente, mas uns eram Villas-Boas, outros Pinto da Costa. Foi constante isso de pessoas a passar à frente. Cheguei a passar um grupo de senhores de idade para não estarem horas à espera na fila. Até Villas-Boas furou a fila", diz.
"Pedi [aos chefes dos núcleos] para levarem três, quatro pessoas, mas nunca pedi para baterem em ninguém. Aquilo eram umas primárias. Há 14 meses que digo isto, eram umas primárias. André Villas-Boas usou aquilo como umas primárias. Para mim a votação era indiferente, eu só queria que apoiassem o Pinto da Costa. Andavam a dizer nas redes sociais 'o velho tem de morrer', era uma total falta de respeito", afirma. Fernando Madureira diz ainda que não queria que o antigo presidente fosse humilhado nas eleições.
Fernando Madureira é questionado se fez ameaças e chamou "betinhos" a sócios. "Se vir a minha postura corporal, é falso. Não ia estar a sorrir se estivesse a dizer isso. Cantámos Pinto da Costa duas ou três vezes, força grande Porto estou apaixonado. Não ouvi essas coisas", responde.
Fernando Madureira é confrontado com mensagens no grupo do WhatsApp dos Super Dragões, nas quais agradece após a AG. "As pessoas daquele grupo não agrediram ninguém, era uma maneira de me expressar para eles", afirma. "Então o senhor diz estar muito triste e depois agradece e diz que 'somos os maiores'? Não bate a cara com a careta", diz, por seu lado, a juíza. "Quem estava naquele grupo não vi envolvido em agressões. Eu naquele grupo só estava a agradecer aos Super Dragões que se portaram bem", diz Madureira.
"Não teve nada a ver com os Super Dragões. Foram situações antigas, problemas que já existiam. Foram atos isolados, que foram potenciados pela máquina de campanha de André Villas-Boas para alguém ficar bem nas eleições", conclui.
"Porque é que o senhor diz algo [na AG] e as pessoas se levantam todas da bancada?", pergunta a juíza. "Isso foi na bancada Sul, estavam lá algumas pessoas dos Super Dragões. Eu disse que eles ali estavam deslocados, que não iam conseguir ver nada", responde Fernando Madureira. "Não foi para as pessoas se misturarem com o público em geral e fazerem pressão?”, pergunta a juíza. “Não, de modo algum", responde Madureira.
"Era proibido filmar, era uma reunião de família", afirma Fernando Madureira quando questionado sobre a "preocupação em não filmar". "Também era proibido bater e dar cachaços", reage a magistrada, afirmação à qual Madureira responde: "Eu não bati em ninguém, nem dei cachaços".
"Eu mobilizei os Super Dragões para irem apoiar o Pinto da Costa, conforme Villas-Boas mobilizou os seus apoiantes. Eu só disse para irem e para votarem em conformidade com o Presidente. Vi o senhor Bruno Branco [não é arguido] puxar o braço a um senhor de idade. Vi outra altercação do Vítor [Aleixo] e é aí que eu apareço num vídeo a gesticular, esse vídeo tornou-se viral. Nunca pedi a ninguém para mudar de bancada. Fiquei muito nervoso, transtornado, irritado e triste por ver sócios do FC Porto uns contra os outros. Eu disse: 'é esta merda que vocês querem para presidente? Veio dar uma entrevista, foi para casa. A esta hora está com os c...... sentados no sofá e vocês aqui à porrada", explica sobre o sucedido na AG, garantindo não ter feito qualquer ameaça de morte e não ter visto ninguém à porrada.
"Vi só a garrafa de água a voar, isso eu vi. Uma garrafa de plástico que voou de uma bancada para a outra", afirma.
"Não me recordo se fiz a credenciação para entrar na assembleia. Estava sempre dentro e fora. Eu sugeri a uma das meninas que estava a dar as pulseiras se não era melhor distribuirmos pelas filas e ela disse não. Nisto, o Hugo [Polaco] pega na caixa das pulseiras, eu tirei-lhe as pulseiras", descreve, sendo depois questionado pela magistrada: "Mas depois o Polaco tem pulseiras na mão". "Isso já não sei", responde Fernando Madureira.
"O que mais se falava era na questão do voto eletrónico. Quem poderá explicar melhor são os membros do conselho superior. Quiseram-me também colar ao caso do zelador e aos Super Dragões. E afinal era um caso de delinquência", diz Fernando Madureira.
"A acusação diz que ameacei o Henrique Ramos [Tagarela]. Ele é meu amigo, já o conheço há 23 anos. Nunca me aproximei dele, depois da AG fomos ao Barril comer um prego e beber um fino. Nos dias seguintes brincámos por ele ter ido à AG com uma gabardine", afirma sobre Tagarela.
"Esta AG era umas primárias. Não sei se era braço no ar. No Dragão Arena era impossível ser braço no ar, era muita gente. Eram umas primárias porque ele [Pinto da Costa] ia sentir o pulso. Houve uma campanha orquestrada nas redes sociais e na comunicação social. Eu não tive nada a ver com a elaboração dos estatutos", responde Fernando Madureira quando questionado sobre a importância da AG e o que ia ser votado.
Fernando Madureira afirmou ainda que os novos estatutos não iriam mudar "nada" quanto aos Super Dragões.
"Os arguidos vão expor as fragilidades da acusação, todas as faltas de diligências durante o inquérito. Demonstraremos que nunca se procurou a descoberta da verdade. É incompreensível que nunca ninguém com responsabilidade da organização do evento tenha sido chamada para ser ouvida. Não houve plano criminoso, quanto muito houve um plano de ambas as partes. Houve apenas uma mobilização para mostrar apoio ao então presidente", diz Francisco Duarte, advogado de Hugo Loureiro.
"Iremos provar que não existiu coautoria. A acusação está inundada de factos genéricos, não concretizados. Tive dificuldade em identificar os 19 crimes de coação, li várias vezes a acusação e mesmo assim não cheguei lá. A acusação tem alguns factos que são considerados ridículos. Vamos provar que a acusação do José Pereira se resume a um facto, não há coautoria. Não há qualquer contacto do José Pereira com os restantes arguidos, nem sequer se conheciam", diz Adélia Moreira.
"A acusação são meras deduções. O MP optou pela tarefa de imputar aos arguidos uma panóplia de crimes sem qualquer critério. Como se imputa um crime de arremesso de objeto líquido? Estamos a falar de uma garrafa de água. Meteram tudo e todos no mesmo saco. O arguido Fábio não fazia parte de qualquer plano como diz a acusação", afirma, por seu lado, o advogado de Fábio Sousa, António Caetano.
"Esta acusação é terrorismo jurídico. O Ministério Público transforma bagatelas penais numa novela, à qual eu não assistia a dois episódios. É a degradação da Justiça, plasmada numa decisão instrutória que deu continuação a um erro. Esta acusação envergonharia um jovem caloiro de direito. O que é foi definido para colocar em prática? Onde? Quando? Em que circunstâncias? Não há uma escuta, uma mensagem que o prove [o plano]. Não há prova. O arguido [Fernando] Saul não bateu, o ofendido não sabe que foi agredido e o MP também não sabe que lesões existem", afirma Cristiana Carvalho.
"Começamos pelo Dr. Adelino [Caldeira]. No início, o Ministério Público dizia que o plano era do Dr. Adelino, que me pediu a mim e ao [Fernando] Saul que levássemos os sócios para a Assembleia Geral para que votassem. Eu na altura disse logo que era mentira.Eu não falava para o Dr. Adelino três meses antes disso. Eu e a minha esposa dissemos ao falecido presidente [Pinto da Costa] que se quisesse ganhar as eleições tinha de tirar o Adelino Caldeira e o Fernando Gomes da lista. O Dr. Adelino soube e depois virou-nos a cara, a mim e ao Saul", afirmou.
Fernando Madureira foi então interrompido por uma das juízas, dizendo-lhe que Adelino Caldeira não faz parte do processo e, que se quisesse mesmo falar, teria de cingir-se aos factos.
"Quero dizer que nestes 14 meses detido sempre me prontifiquei a prestar declarações, sempre falei. [declarações] Não foram levadas em conta ou foram dadas como falsas, e sempre foram verdadeiras", começou por dizer, antes de falar de Adelino Caldeira.
Antigo líder da claque Super Dragões opta por falar em tribunal, enquanto a mulher Sandra fica em silêncio. Vítor Catão também vai, "para já", ficar em silêncio. Hugo Polaco, bem como a família Aleixo, vão falar, bem como Fernando Saul, José Pereira, Fábio Sousa e José Dias. Jamaica e Hugo Loureiro não vão falar.
O coletivo de juízes decidiu hoje que a Operação Pretoriano vai ser aberta ao público e que as testemunhas que não queiram depor perante os arguidos o devem solicitar, sendo esses pedidos analisadas “caso a caso”.
A presidente do coletivo de juízes, Ana Dias Costa, deu conta disso mesmo no início da sessão no Tribunal de São João Novo, no Porto, num julgamento que principiou sob fortes medidas de segurança, apesar da tranquilidade reinante na zona, com acesso de tráfego condicionado.
Numa curta nota introdutória, foi explicado aos presentes que “não existem circunstâncias para restringir a livre assistência do público”, enquanto no que toca às testemunhas, as que pretendam falar sem ser na presença dos arguidos deverão expor a situação que posteriormente “será apreciada pelo tribunal”.
Fortes medidas de segurança marcam o início do julgamento da Operação Pretoriano, na qual o antigo líder dos Super Dragões Fernando Madureira é o principal arguido, entre os 12 que vão a julgamento.
Com início da primeira sessão marcada para as 9h30, o primeiro contingente da PSP chegou pelas 8h15, nomeadamente três viaturas, sendo que nos 20 minutos seguintes chegaram mais três carrinhas, da unidade especial da polícia.
Cerca de 20 agentes patrulhavam a zona que por volta das 08:40 ficou vedada ao trânsito, tendo sido instaladas vaias para limitar o acesso ao largo de São João Novo.
Eram 9h11 quando Fernando Madureira chegou ao tribunal, escoltado por três viaturas da guarda prisional, que entrou na rua do tribunal em sentido contrário.
Na mesma altura, Hugo Carneiro, outro dos arguidos subia a rua, manifestando-se “tranquilo” e convicto de que “a verdade virá à tona”.
Sandra Madureira, esposa do ex-líder dos Super Dragões, chegou ao tribunal pelas 9h40.
No tribunal, Fernando Madureira, ladeado por quatro guardas, está à parte dos restantes arguidos.
Em julgamento está uma alegada tentativa de os Super Dragões “criarem um clima de intimidação e medo” numa Assembleia Geral do FC Porto, em 13 de novembro de 2023, para que fosse aprovada uma revisão estatutária “do interesse da direção” do clube, então liderada por Pinto da Costa, que morreu no dia 15 de fevereiro.
Após a fase instrutória, o tribunal decidiu levar a julgamento todos os arguidos nos exatos termos da acusação deduzida pelo Ministério Público (MP), alegando que a prova documental, testemunhal e pericial é forte.
Em causa estão 19 crimes de coação e ameaça agravada, sete de ofensa à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo, um de instigação pública a um crime, outro de arremesso de objetos ou produtos líquidos e ainda três de atentado à liberdade de informação.
Entre a dúzia de arguidos, Fernando Madureira é o único em prisão preventiva, a medida de coação mais forte, enquanto os restantes foram sendo libertados em diferentes fases, incluindo Sandra Madureira, Fernando Saul, Vítor Catão ou Hugo Carneiro, igualmente com ligações à claque.