José Gomes Mendes: "Se não fizermos nada, passaremos a ser uma Liga periférica"
Há o risco de nos tornarmos uma Liga periférica, avisa José Gomes Mendes
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José Gomes Mendes, candidato à presidência da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), garante determinação para evitar que o futebol português se torne periférico na Europa, defendendo um plano com três eixos para contrariar essa tendência.
“O panorama europeu mudou profundamente. A nossa presença nas competições da UEFA está a diminuir e, com isso, vão as receitas. Se não fizermos nada, passaremos a ser uma Liga periférica. Esse risco é real e exige uma resposta urgente”, afirmou o candidato às eleições marcadas para segunda-feira, em entrevista à agência Lusa.
O atual presidente da Mesa da Assembleia Geral (MAG) da LPFP propõe para o período remanescente ao mandato 2023-27, iniciado por Pedro Proença, uma candidatura sustentada na centralização dos direitos audiovisuais, na valorização do espetáculo futebolístico e na requalificação das infraestruturas, assegurando que essas áreas vão ser entregues a pessoas com experiência e competência.
“O Pedro Mendonça lidera a centralização, o José Couceiro assume a parte desportiva e eu próprio fico com o plano de infraestruturas e a negociação política. Cada prioridade tem um rosto, uma estratégia e metas claras”, disse.
José Gomes Mendes considera fundamental reforçar a classe média dos clubes portugueses para melhorar o desempenho nas competições europeias e, assim, garantir mais receitas.
Para isso, sustenta que a LPFP deve liderar esse processo, mesmo sem recursos próprios, através da preparação de um plano nacional de investimento.
“A LPFP não tem um banco, mas tem a obrigação de mobilizar apoios, apresentar um dossiê estratégico, juntar os parceiros certos. É isso que faremos. É assim que vamos tornar o futebol português mais competitivo”, afirmou.
O candidato que encabeça a lista B neste sufrágio, apontou a perda de pontos no ranking da UEFA como sintoma dessa regressão, lembrando que o número de equipas nas provas europeias está a diminuir e que os desempenhos têm sido pobres.
“Neste momento temos uma equipa direta na Champions e outra sujeita a pré-eliminatória. E a nossa prestação na Liga Conferência, tirando raras exceções, tem sido fraca. Isso explica porque estamos a perder peso na Europa”, declarou.
Gomes Mendes recordou que conhece bem o percurso institucional da LPFP, sobretudo desde 2014, quando a organização atravessava um momento crítico e elogiou os avanços conseguidos desde então, destacando o papel dos anteriores presidentes.
“Estive na LPFP quando tudo estava por fazer. Pedro Proença foi determinante nesse processo. Profissionalizou, deu estabilidade, criou uma sede, estruturou os serviços. Isso tem de ser valorizado”, afirmou.
No entanto, acredita que a realidade atual exige uma resposta diferente e considera que a sua equipa leva visão estratégica e capacidade de execução para enfrentar os novos desafios, com um modelo de gestão orientado para resultados.
“Temos de sair da lógica da sobrevivência e entrar numa lógica de crescimento. Isso só se consegue com um plano e com as pessoas certas. É isso que proponho aos clubes com esta candidatura”, disse.
Sobre o momento em que decidiu avançar, revelou que tudo começou com abordagens de clubes que demonstraram insatisfação com a solução que se estava a construir. Depois de ouvir essas vozes, decidiu formalizar a candidatura.
“Fui contactado por vários clubes que achavam que a proposta que estava a ser montada era curta. Fiz um conjunto de contactos e percebi que havia espaço político e abertura para uma proposta alternativa, com mais ambição”, afirmou.
Gomes Mendes, que é também professor universitário e ex-governante, sublinhou que a motivação é institucional, mas também pessoal, porque tem ligação ao futebol e experiência no dirigismo desportivo, além de estar familiarizado com os processos de decisão no setor público.
“Quem não gosta de futebol e de dirigismo não entra num processo como este. Mas eu acredito que posso contribuir, com ideias e com experiência. Já estive no Governo, conheço os caminhos e os bloqueios. Sei como agir”, declarou.
Como rosto da lista B disse que a sua candidatura representa um novo desafio pessoal, mas garantiu que, como em fases anteriores da sua vida pública, está preparado para fazer os ajustes necessários e cumprir um papel de liderança institucional no futebol português.
“Já tive funções exigentes antes. Quando acreditamos numa causa, temos de nos disponibilizar. O futebol português precisa de quem tenha essa coragem e esse sentido de responsabilidade”, concluiu José Gomes Mendes.
Nas eleições para a presidência da LPFP, marcadas para sexta-feira, no Porto, a lista B, de José Gomes Mendes, atual presidente da MAG do organismo, concorre com a lista A, liderada por Reinaldo Teixeira, presidente da Associação de Futebol do Algarve.