José Gomes Mendes entra na corrida à presidência da Liga, cujas eleições são a 11 de abril, com a firme convicção de que os clubes “farão a aposta na proposta da equipa de nível mundial” que lidera
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Uma das ideias do presidente da AG da Liga é fortalecer o grosso do pelotão, sem nunca enfraquecer os clubes de topo, uma vez que “as provas europeias são a locomotiva da I e da II Liga”.
Como se define o candidato a liderar a Liga até 2027?
— Sou uma pessoa decidida. Quando está em causa um bem comum, sou um homem que não para, que põe pernas ao caminho, pego nos meios que forem necessários e vou até ao meu limite.
Por que é que se candidata?
— O futebol português está num ponto de viragem e deve dar um salto, adaptar-se e tornar-se competitivo. Estamos num momento de bifurcação. Ou arriscamos ficar uma liga periférica, ou damos um salto para nos transformarmos numa liga competitiva, com valor mediático. Neste momento específico, tenho um papel a cumprir e entendo que, com a minha equipa de classe mundial, posso trazer uma proposta de valor importante.
O que poderá trazer de novo à organização do futebol português?
— Temos pontos muito fortes, mas não temos classe média no conjunto dos nossos clubes. Temos um “gap” muito grande entre os grandes, que valem 90% da massa adepta, e os outros. Este vazio faz com que a nossa classe média seja mais débil. O nosso problema não está nos clubes de topo. Se olharmos historicamente à pontuação dos nossos clubes de topo na Champions League e na Liga Europa, vemos que batemos de longe os Países Baixos e a Bélgica.
Como se conquista a classe média?
— Temos de ir à base de receitas, à centralização, aos custos de contexto e trazer mais dinheiro aos clubes médios e pequenos, incluindo à II Liga. É preciso mais receitas, de forma que possam trabalhar para melhorar o produto, nomeadamente as infraestruturas, a qualidade do jogo. E é isso que eu posso trazer, trabalhar muito bem nesta base das receitas, incluindo a centralização, e fazer com que esses clubes sejam mais sustentáveis, desafogados, e possam dar-nos um campeonato mais equilibrado e competitivo. Caso contrário, o nosso produto tem menos valor mediático. Quero um futebol com a classe média, mas sem nunca enfraquecer os clubes de topo, porque as receitas das provas europeias são uma locomotiva da I e da II liga.
Como pensa contribuir para a implementação a curto prazo da centralização dos direitos audiovisuais?
— Até ao próximo ano temos de apresentar o modelo de centralização dos direitos e depois até 2028 temos que o lançar. A elasticidade do valor desses direitos é aquela que conhecemos, não é ilimitada, portanto temos de ser capazes de desenhar uma trajetória de melhoria do nosso produto, ver qual é o investimento que é preciso fazer de início para que ele tenha maior valor e perceber se conseguimos trazer um parceiro estratégico que nos ajude. Embora os nossos números globais sejam muito diferentes dos números espanhóis, a metodologia seguida em Espanha pela La Liga é algo que nos deve inspirar e que lhes permitiu ganhos substanciais. Os números de Portugal não são os números de Espanha, mas a experiência da metodologia que eles seguiram para fazer crescer o produto pode ser replicada cá. Dessa forma, eu acho que conseguimos trazer mais dinheiro e fazer chegar mais dinheiro às sociedades desportivas.
O Benfica não admite perder receitas. Como vai resolver divergências?
— O que o Benfica diz é o que dizem todos os clubes e legitimamente. Eu faria o mesmo, não querem recuar nas receitas, é natural. A nossa solução é termos a abordagem, já testada noutras geografias, de fazermos crescer o produto e de metermos financiamento estratégico à partida, para libertar mais dinheiro também para os outros clubes, fazendo com que os grandes não recuem nas suas receitas.
Qual é a solução, então?
— A solução é arranjarmos forma de trazer investimento à cabeça para a melhoria de um produto que vai valer mais adiante. Mas quem vem investir à cabeça tem de fazer parte do negócio. Já houve consultas ao mercado, algumas entidades que manifestaram disponibilidade para serem parceiros no negócio. É muito essa via que vamos explorar. Estudámos a fundo, isso foi feito noutros campeonatos, funcionou e temos a convicção de que pode funcionar também cá.