Jorge Jesus e o Benfica: guerra, tribunal, "bocas" a Rui Vitória e agora o regresso
A ponta final da passagem de Jorge Jesus pelo Benfica ficou marcada por queixas em tribunal e por sucessivas "bocas" ao trabalho e às capacidades de Rui Vitória como técnico.
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A saída de Jorge Jesus do Benfica, no final da época de 2014/15, ficou marcada por conflitos entre técnico e clube, numa verdadeira separação "a mal" e pouco crível que pudesse permitir que, hoje, o "casamento" fosse retomado.
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A "guerra" entre as águias e o treinador que acabou por rumar ao Sporting, teve processos em tribunal, juras de "nunca mais" da parte de Luís Filipe Vieira e "estilhaços" que tornaram Rui Vitória em vítima colateral de uma separação litigiosa após 321 jogos no bando de suplentes, com 225 triunfos, 51 empates e 45 derrotas.
No final de uma época onde Jesus venceu um campeonato, o segundo do que seria o único tetra das águias, uma Taça de Portugal e uma Supertaça, poucos suporiam o que se seguiu. O Benfica alegou que em junho de 2015 o treinador já estava em contactos com o Sporting e a trabalhar para o rival e recusou-se a pagar-lhe o último salário. Pelo meio, os encarnados alegaram ainda que o técnico se apropriara de software único em Portugal e pertença do clube. Jesus contestou e exigiu o pagamento do salário, acabando o caso em tribunal: enquanto o técnico pedia o ordenado por pagar, o Benfica exigia 14 milhões de euros de indemnização, um euro por cada alegado adepto do clube. O caso acabaria num acordo entre as partes em fevereiro de 2018.
Quando foi para o Sporting, o agora treinador das águias provocou o seu sucessor até ele "sair da toca" e acusou-o de não ser capaz de "conduzir o Ferrari" que lhe foi deixado nas mãos
Mas o maior foco de conflito foi entre Jorge Jesus e Rui Vitória. "As ideias que estão lá são todas minhas. O Benfica não mudou nada, zero. Vou jogar contra uma equipa com ideias minhas. O cérebro já não está lá [no Benfica], o treino não vai ser o mesmo, mas tudo aquilo continua", atirou Jesus dias antes da Supertaça frente ao Benfica, que os leões venceriam por 1-0. Quando Vitória começou a dar algum troco, Jesus atacou com mais força: "Hoje [25/10/2015, após 3-0 do Sporting ao Benfica para a Liga], podíamos ter ganho por mais. O Benfica não teve uma oportunidade de golo e era fácil pôr o Rui Vitória deste tamanhinho, mas não ponho." A 6 de janeiro de 2016, novo ataque violento. "Como não o [Vitória] qualifico como treinador não sou mau colega. Fi-lo sair da toca. Para conduzir um Ferrari é preciso ter andamento para ele", disse Jesus que, dia 10, lembrava que "há outros que começaram a carreira no Vilafranquense, no Fanhões, no Alcochetense, mas ganhavam bola".
Reviravolta: em julho de 2019 Vieira garantiu a alguns sócios que Jesus não voltaria
E, nesta história de guerrilha e arrufos, ainda entra Luís Filipe Vieira que, a 6 de julho de 2019 num encontro com alguns sócios garantiu que nunca voltaria a contratar Jesus, versão que o dirigente mudou a 1 de junho passado, na BTV: "Estivemos desalinhados quando ele saiu para o Sporting [...] Não posso dizer "desta água não beberei", é um grande treinador."