Hassan, figura do Farense, lembra duelos míticos com Jorge Costa, com quem assinalou reencontro num jogo em Marrocos pouco antes do Mundial de Clubes
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No final de maio estiveram juntos em Casablanca, quando o FC Porto investia na sua preparação para o Mundial de Clubes, defrontando com caráter amigável o WAC. Jorge Costa e Hassan, mítico avançado do Farense, que também jogou pelo Benfica, trocaram afetos durante minutos, somaram recordações, reviveram emoções das quatro linhas e abraçaram-se em nome de grandes duelos que ficaram no passado. Uma fera indomável, o Bicho intratável, cada avançado que tentou vingar em Portugal nos noventas, provou a força gigante e alma maior de Jorge Costa na defesa do FC Porto.
"Recebi a notícia pelo meu irmão Youssef que vive no norte de Portugal. Foi duro, invadiu-me a tristeza, sobretudo, porque estive com ele no final de maio, quando o FC Porto veio jogar a Casablanca contra o WAC, onde sou diretor-desportivo. Estive com ele, falamos um pedaço, fizemos brincadeiras, lembrando tantos duelos e confrontos", rebobina Hassan, em conversa com O JOGO. "Eu gozava com ele, ele comigo da sua maneira. Boas provocações, com o Zubizarreta por perto...E o Jorge, com a sua simpatia, ofereceu uma camisola do FC Porto para o meu filho", junta Hassan. "Estava o Mundial de Clubes para começar, fomos falando das expetativas. Estive tão perto dele e, agora, sei da sua morte, é muita tristeza, porque perdeu-se uma lenda. Uma das maiores do FC Porto, um símbolo do clube. Era um grande defesa, dos duros mas, mais que tudo, um grande capitão e líder. Dava a cara por todos, transmitia aquela raça à FC Porto, a mística. Ganhou mais de 20 títulos, a Champions. Foi sempre por mais e mais", esmiúça.
"O Jorge foi um enormíssimo profissional, um grande na história do FC Porto e da Seleção. Está eternizado na memória de todos os adeptos do futebol português", sublinha o marroquino, que defrontou o Bicho em nove ocasiões, batendo numa autêntica parede. "Era o Bicho, era mesmo assim! Era grande, forte e duro. Mas não era o mesmo fora do campo, era brincalhão e simpático. Uma excelente pessoa! Voltei a ver esse Jorge em Casablanca, passei um grande momento com ele", regista Hassan, gracejando com a invasão das lembranças. "Também era um pouco provocador, em todos os jogos que o enfrentei era assim. Mas ele também sabia que não me intimidava, vinha com conversas, mas eu respondia sempre. Nunca fui de ter medo. Quando acabava o jogo ele era outro logo. No campo ele encarnava a raça de vencer, aproveitava o facto de ser alto e forte, nunca facilitava. Estava sempre lá, era o dono da defesa, um capitão impressionante como jogava e defendia as suas cores. Passava esse sentimento aos colegas. Esse era um ponto muito forte desse FC Porto e vinha do Jorge Costa", revela o magrebino.